04/04/08

Um senhor da comunicação

"É como se fosse Rádio, mas...
Há uma experiência da minha vida profissional antiga que me tem ajudado muito a escrever para este blogue. É a experiência da Rádio.
Frases curtas e simples. Sequência natural de sujeito, predicado e complementos. O sujeito repetido. A marcação de um ritmo através da alternância da dimensão dos períodos. O pontuar com palavras ricas e pouca usura semântica. Tudo escrito (dito) de forma sintética (muitas vezes no teclado e no monitor minúsculos do Qtek).
Isto no plano da forma. No plano do conteúdo, pouco tempo para reflectir, ideias que se abrem mas não se fecham. E que se complementam nas hiperligações – uma espécie de rm’s (registos magnéticos).
Acresce que se pode escrever hoje programando para ser publicado amanhã ou depois, tal como na Rádio se faz, dando a ilusão de que tudo é instantâneo, “on line” ou “on”.
Há, no entanto, uma diferença fundamental entre a Rádio que fiz (porque ainda não tinha “espelho” na web) e o blogue que faço.
É que na Rádio tudo passava. No blogue tudo fica.
Escrevem-me, o que agradeço sempre, a corrigir gralhas ou erros gramaticais. Escrevem-me, o que agradeço por vezes, a chamar a atenção para contradições, eventuais mal-entendidos e textos talvez “politicamente incorrectos”.
E citam-me, por sinal mais fora da blogosfera (media tradicionais) do que na blogosfera, dando uma dimensão profunda a peças que, frequentemente, resultaram de reflexões apressadas e superficiais.
Por vezes, essas citações soam-me desconhecidas. Nem parece que as escrevi. É porque, de facto, escrevi-as como se estivesse a dizê-las com o microfone à minha frente."

Texto de LPM
em LUGARES DE LUÍS PAIXÃO MARTINS

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