17/07/08

O ensaio, a vida e a razão

"Vivemos tempo a mais. Vamos ter mais velhos, teremos mais sofredores. A dor vai ser mais psicológica do que física" são palavras de Sobrinho Simões há tempos em conversa com o Expresso. "A nossa espécie está a viver mais do que deve", concluia o professor.
Igualmente numa conversa bem mais antiga Clara Pinto Correia, bióloga, recordava que "serão os nossos filhos a repor o ritmo do tempo". E o argumento de Clara era que tudo se faz a correr e que alguém terá de repor a ordem natural do tempo e da espécie. E para isso necessitamos de outras gerações. Um velho amigo dizia que a ordem natural das coisas leva três gerações a ser alterada ou conseguida. Tudo se faz do avô para o neto, dizia o Paulo.
E também recolhendo outras palavras, desta vez de Pedro Mexia "tudo se ensaia, todas as pessoas que admiramos fazem bem aquilo que fazem porque ensaiam. Talentos, milagres da natureza e casos de génio também ensaiam. Ganhamos músculo e inteligência. O ensaio tonifica e entusiasma, o ensaio é uma tentativa tal como a nossa existência é uma tentativa."
A questão da existência, da sobrevivência, da espiritualidade, da ética e dos valores são transversais e acompanham o Homem desde que ele existe. O que nos perguntamos de tempos a tempos é como é que iremos dar conta do recado. E em épocas de viragem do mundo e das gentes, não falta quem apregoe curas e milagres. Felizmente que a razão não nos abandona nessas ocasiões.

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