26/01/09

A dança do caldo entornado

E aí estamos nós outra vez com a dança do caldo entornado. Iniciamos o tormento que os canais de televisão adoram. Independentemente de ser verdade ou mentira,vamos ter os noticiários a abrir com entrevistas a ingleses e portugueses supostamente ligados ao caso Freeport. A contrapor as justificações do primeiro ministro Sócrates ou a entrevista no Expresso do tio do sobrinho do primo da tia que ninguém quer saber, aparece um tal senhor inglês a viver no Algarve e que apanhado a sair ou a entrar em casa não tinha nada para dizer apesar dos noticiários terem antecipado a verdade das verdades contada em directo nas televisões nacionais. E como nós gostamos de fantasiar aparece um sujeito a falar um português idêntico ao nosso inglês e que com a cabeça protegida da chuva por um pano que depois percebi ser um cachecol, dizia com ar patético vão embora que vocês vão ficar constipadas. E continuando o ridículo que nós tanto gostamos de mostrar e fazer parecer mal um estrangeiro qualquer, continuamos a perguntar se o tal engenheiro inglês parece que se chama Charles tinha falado com o Ministério do Ambiente e a resposta do senhor, primeiro sem entender e logo a seguir, a dizer que tinha estado no edifício que era muito grande, mostrando com os braços a dimensão do mesmo. E claro, que ele não tinha falado com ninguém de relevante e que nunca tinha falado com quem os jornalistas inquiriam ou queriam.
Perante esta palhaçada só me lembrei da outra que dá pelo nome de Maddie e que também no Algarve nós fazíamos figura de parvos e infelizmente os ingleses conseguiam ser vitimas e heróis e nós nem uma coisa nem outra conseguimos ainda ser.
E o que me encanita é que não vamos ao que interessa e que até pode ser apurar a verdade. A questão termina sempre em teorias de conspiração entre políticos, só que ultimamente para dar mais cor ao espectáculo incluímos estrangeiros ou estrangeirados no processos internos que só nos envergonham. A globalização das notícias fazem o espectáculo brilhar de outra forma e feitio, mas duvido que no final saia alguma coisa que preste a não ser ganharem aqueles que supostamente se quer crucificar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com a sua análise, Grande Jóia.
Gosto do seu espírito crítico e é bem verdade que no nosso país nunca se chega ao que interessa.
Prometo voltar mais vezes.

Lina Arroja (GJ) disse...

Obrigada e volte sempre.:-)