29/01/09

A passagem do tempo

Um dia destes fui avó! Pensava eu, que tinha esquecido muita coisa, o que é verdade, a primeira fralda mudada ficou de pernas para o ar, mas a memória rapidamente devolveu um conjunto de lembranças diferentes. Imagino que os sentimentos vêm depois, à medida que netos e avós se revelam mutuamente.
Recebi o meu primeiro livro que uma querida amiga me enviou e que eu gostarei de retribuir um dia, se possível. Dizem-me que uma nova mãe nascerá em mim, e não sei se será assim, se um neto é a extensão de um filho. De qualquer forma os filhos nunca permitem que deixemos de ser mães em permanência. As mães não têm tempo, as mães não renascem porque não morrem, elas são eternas. E esta constatação é muito boa mas também perigosa, porque nos responsabiliza, mesmo que à distância e por via indirecta, pelos actos ou acções que os nossos filhos e filhas, possam ter ou fazer, durante uma vida. E é também por isso, que a responsabilidade da educação, da protecção, ou da punição nunca termina. E para uma mãe, mesmo quando eles são adultos, a tarefa nunca está acabada, vai-se completando conforme as fases da vida dos seus rebentos. Uma mãe vive, mesmo que não queira, os desaires e as vitórias dos filhos, uma mãe perdoa para além de esquecer, e esquece o que não devia ter perdoado.
Diz-se que a relação entre mães e filhas é mais conflituosa do que a relação entre mães e filhos. Tal apenas significa um conjunto de exigências e condescendências diferentes.
Para uma mãe é mais fácil educar rapazes. Se eles nos parecem mais brutos ou agressivos, mais não são que gente directa, se eles se manifestam básicos e por isso mais fáceis de antecipar, também resultam mais simples de por na ordem e de encaminhar. Pensamos nós, porque aquilo que nos facilita a vida na infância destes pequenos, é também o que menos deles gostamos enquanto homens em geral.
Já as raparigas são todo um conjunto de anseios, um turbilhão de questões e indecisões, fugidias, sempre a pensar uma coisa e a dizer outra, sempre a medir a causa - efeito. É por isso que as mães conhecendo melhor o que lhes vai na cabeça são mais duras e exigentes com as filhas e mais benevolentes com os seus "meninos". E as sogras, a quem se atribuíram as culpas ao longo dos anos, são simplesmente mães que adocicaram a vida ao rapaz e a azedaram à rapariga. A conclusão é que um homem raramente tem uma sogra e uma nora raramente tem um sogro. Uns e outros têm amigos que se compreendem.
Hoje em dia, estas relações tendem a ter um final diferente porque as mulheres aprenderam a ser mais básicas e os homens mais ansiosos. As sogras deixaram de ter o conceito de "malfeitoras" porque as mulheres se tornaram mais inteligentes e muitas vezes são elas as primeiras aliadas das mães dos seus netos. As mães têm filhas directas e de adopção, bem como amigas e amigos por opção. É que nos tempos que correm, a única certeza de continuarmos a ser avós o tempo todo é termos uma boa amizade com os filhos e as filhas dos dois lados. Já agora, a Francisca faz hoje um mês!

7 comentários:

Luísa A. disse...

Gostei de ler, Grande Jóia, e de aprender. Muitos parabéns à Neta, à Mãe (ou Pai) e à Avó! :-)

Lina Arroja (GJ) disse...

Obrigada Luísa, desta vez é ao Pai
:-)

Mike disse...

Parabéns à Francisca, GJ. :-)
Sabe que mais? gostei de a ler como a Luísa, mas é de sobrolho franzido que encaro a possibilidade de aprender. (risos)
Sogro e avô... quando chegar o meu momento, emigro. (mais risos)

fugidia disse...

:-)

Lina Arroja (GJ) disse...

Eu ainda estou a aprender e nada indica que esteja certa. E também fui apanhada de surpresa...:-)

Lina Arroja (GJ) disse...

Eu ainda estou a aprender e nada indica que esteja certa. E também fui apanhada de surpresa...:-)

Lina Arroja (GJ) disse...

Fugidia, obrigada pela visita:)