27/02/09

Este país não é para nós

Decidamente é verdade, nem este país é para nós nem nós somos feitos para o frio. E é uma pena porque a conjugação é perfeita e teria tudo para ficar bem. A semana tem estado prazenteira, o sol aquece o corpo e as águas da Baía já têm o movimento do Verão. Apenas a cor continua a assumir que é apenas a Primavera que espreita. Na praia algumas pessoas aproveitam a pausa do almoço, apenas um ente masculino tem a coragem de estender a toalha e apanhar o sol no corpo despido. A maioria continua preparada para embarcar para o Polo Norte, com grandes casacos, camisolas e golas altas. Ninguém se atreve a por o pé na água, inclusive eu, que normalmente iria "ver como está a água". Quem me conhece sabe que não aguento mais de quinze minutos sem entrar na água e que para mim praia sem água não é praia. É quase como lavar a cara em água quente, um absurdo. Mas o que nos torna absurdos é que não temos tempo, nem dinheiro nem feitio para aproveitar o clima que este país nos proporciona. E também porque temos de trabalhar e não podemos ir de férias quando nos dá na telha, e porque o país está em estado de crise.
E o absurdo continua porque nem os escandinavos utilizam o nosso tempo e nós que não fomos feitos para o frio andamos atrás do que não temos e não usamos o que é nosso. Não digo que uns dias de frio não sejam agradáveis e que a neve nos alicie e que o desporto seja revigorante e que as bochechas vermelhas e as orelhas a cair não nos parecem aventuras interessantes.
Este país que não é aproveitado pelos portugueses, devia ser promovido com os nossos produtos, as nossas gentes, a nossa cultura, as nossas excentricidades, as nossas características. Nós devíamos gostar muito do nosso país e por um tempo esquecer que o país não são meia dúzia de escândalos, porque todos os países os têm. Um país mede-se pela força e pela coragem de acreditar que somos capazes. Um país são famílias, todas têm as suas crises e as suas glórias, o primo taralhoco, o tio ou a tia com passado duvidoso, mas ninguém anda a falar no assunto fora do cerco e da intimidade familiar e não quer com isso dizer que seja assunto a esconder, apenas que não temos de aborrecer os outros com detalhes a despropósito. Claro, que se contarmos a nossa história picante, o clima torna-se mais propicio a que outro nos conte o seu problema. Mas o facto de não estarmos sozinhos na desgraça e de não sermos únicos na tragédia, não quer dizer que não se faça alguma coisa para mudar. Daí que mesmo que a crise seja internacional, mundial e outros tal, não podemos ficar conformados e confortados com a semelhança dos casos. E também não é altura para nos regozijarmos da desgraça alheia ou de dizermos que vamos aprender com o que o que outros fizeram de errado. É que muitas vezes não fizeram errado, apenas nada fizeram!

2 comentários:

Mike disse...

Acho que as nozes já não são muitas, mas nem para essas temos dentes. :)

Lina Arroja (GJ) disse...

Temos de inventar e dizem-me que os implantes são remédio santo, bem melhor que coroas e esmaltes que partem com mais facilidade.;)