25/05/09

Pensar Alto

Não é pelo facto de sermos pequenos, é pelo facto de sermos uma cultura de gente pequena. De repente entendemos que todos somos iguais, que todos nascemos iguais, que todos podemos estar no mesmo espaço, que todos podemos ter direito ao nosso pão com manteiga. Acontece que as elites sempre existiram e a única forma do povo querer passar ao patamar de cima é ter referências. Hoje como não há elites não há referências. E não há referências tanto ao nível dos punhos de renda, eventualmente arcaicos e desajustados, mas também não os há nas filas de espera ou na frequência do autocarro, da biblioteca, do café ou do restaurante. Querer misturar as duas coisas sem aprendizagem prévia só leva a que fiquemos na verdade e agora sim, com tudo e todos iguais. Ou seja pobrezinhos e desajeitados a olhar para os talheres e adoptar comer à mão. Há uns tempos largos dizia eu, que um Presidente com gravatas de seda num país maioritariamente de T-shirt tinha de querer dizer alguma coisa. Por aqui também nos devíamos lembrar do inverso. Enfiar o Rossio na Rua da Betesga pode ser objectivo de muitos, mas que ainda não conseguimos também é verdade.

3 comentários:

Mike disse...

Não contem comigo para esse objectivo. Gostei deste post, GJ. :)

Anónimo disse...

Ao ler este post lembrei-me dos posts que estou a escrever sobre a moda lá no Rochedo. É interessante como a passagem dos códigos da moda de um estato social, para uma estrutura grupal. provocou mudanças radicais em muitos comportamentos e práticas.

Lina Arroja (GJ) disse...

Mike, eu sabia ;)

Carlos, muito interessante mesmo. Lembro-me também dum livro chamado "As doenças têm história" e que foca os diferentes países e doenças associadas pela alimentação e acima de tudo o tratamento convencionado em cada um deles. Aquilo que num é uma doença grave noutro é uma queixa de importância menor.