31/07/09

Rod Stuart

Tirando o tangível cabelo e o intangível corte, o tangível Rod Stuart e a sua intangível voz. O charme não tem idade nem género. É um bem intangível.



28/07/09

Os intangíveis são domínio ou poder?

Já não sei se os intangíveis existem ou se fazem parte da nossa realidade fantasiada. No início tentámos objectivos que se diziam inatingíveis. Depois, passamos a falar de variáveis endógenas e exógenas, a montante e a jusante, de gestão e de marketing, de técnicas de comunicação de tangíveis da produção comparadas com os intangíveis da comunicação. Da emoção, da capacidade de indução e de captação, da arte de atrair, afastar e acrescentar valor. De vender, não um produto, mas uma marca com atributos intrínsecos, de medir e valorar o conjunto das variáveis que a produziu com aquele que a inventou e que a colocou no mercado. Mercado inventado por todos porque a mão invisível, afinal, parece que não existe. E eis que estamos outra vez a pressupor que afinal o homem não tinha necessidades e que tudo foi inventado por quem tinha de vender expectativas de crescimento e de globalização.
E criamos um novo mundo de desconfiança em relação ao que aprendemos, às coisas em que acreditávamos, aos métodos sugeridos, às variáveis relevantes para passarmos a andar meios perdidos, à procura dum novo paradigma que nos dê essa visão ou essa capacidade de recomeçar a criar ilusões que já não são nem tangíveis nem intangíveis, que são apenas necessidade de criar valor, repor o sentimento de mercado e criar energia e magia. Uma energia que se mantém apesar de tudo à flor da pele e que continua a mover-se diariamente, racionalmente ou nem por isso. E o que é afinal o valor? E onde vamos buscar novas artes e onde pára a nossa imaginação e recomeça o sonho do homem seguinte? Certamente que não está no nosso espaço, ou nos continentes mais ricos, mas são os mesmos continentes que terão de continuar a tarefa dos anseios dos continentes que ainda não são economias fortes e poderosas. E a pergunta é aquela e a do costume. Deve ou não o homem mais poderoso dominar o que ainda não atingiu essa capacidade? Deve o homem tornar-se poderoso ao partilhar a sua sabedoria com o outro criando valor ou criando riqueza?

A segunda geração

Gosto desta segunda geração de arquitectos que fala com a simplicidade da primeira com uma ressalva - o projecto traduz o programa que o sonho ditou. O arquitecto faz arquitectura e o dono da obra não perde identidade.


Alvarinho Siza Vieira

27/07/09

Reconhecido mérito...

Parabéns em primeiro lugar ao Carlos o nosso organizador oficial da Silly Season 2009. Os blogues são divertimento e partilha de interesses para além da seriedade que se impõe alguma das vezes. Nesta época do ano tudo vale e nada fica mal e passar as férias a falar de política seria "um saco".
Assim, faço minhas as palavras do organizador, participem e divirtam-se com ou sem blogue. Passo, então aos agradecimentos formais. Muito obrigada, ao júri. Quero dedicar a todos os amigos desta casa a medalha de prata no tema Memories, à minha família - não esta parte não pertence aqui, estava só a treinar para o dia do Óscar- a todos os que tiverem a gentileza de ler e divulgar e estendo um abraço à Luz que teve a medalha de ouro e ao Paulo que teve a de bronze. Estivemos todos no podium do Rochedo. E quanta honra, como disse a primeira e que eu subscrevo.
E como podia deixar a categoria Summertime de parte sem dar os parabéns à Maria que ficou em primeiro lugar e à Lúcia que ficou em terceiro. E ao Mike, que ficou em segundo porque como é malandro foi ao google, não se livrando agora de participar activamente com as suas prosas revelação. E como a temporada ainda vai no início, dei instruções ao Carlos para o colocar no trio que vai constituir a minha equipa. A Luz é a senhora que se segue e foi escolhida para fazer parte do trio dos malandros.
Como diz o outro Oscar o homem gosta de sacanagem e lá em Vitória também há ondas e mar.

Good Madness à segunda - feira!


Vaya con dios - Nah neh nah

26/07/09

Oscar Niemeyer

25/07/09

São Paulo


Banda 365

Aquele Abraço


Aquele Abraco, Gilberto Gil

24/07/09

Girls, stop your brains...

23/07/09

Vestida para uma perna

Megan Fox

21/07/09

Le connaisseur responde

Le connaisseur diz a quem pertence. Não vale clicar na imagem

Anos 60

Era tudo amor e acabou em Capri, malvado!



e a "tadinha" assim ficou. Não há direito!

A bela Costa Amalfitana

Positano, Itália

20/07/09

Good Madness à segunda - feira!


An American in Paris (1)

An American in Paris (2)

An American in Paris (3)

18/07/09

Dignidade


The Fountainhead - Howard Roark Speech (Ayn Rand)

Transparência jornalística

Walter Cronkite é uma referência do jornalismo, "That's the way it is" era a forma como terminava as suas reportagens, morreu ontem com 92 anos. O jornalismo devia ser um meio em que Transparency works if it's authentic e que interessante seria que os nossos meios de comunicação fossem ditados por gente, que tal como Walter, puderam fazer jornalismo e dar lições de fiabilidade ao mundo. E poderem criar certezas e deixar dúvidas sobre assuntos que nos cabe a nós leitores, ouvintes e espectadores decidir em vez de ser o jornalista não a concluir por si, mas a concluir conforme lhe dizem para fazer. A época em que os jornalistas falavam na primeira pessoa e relatavam factos, deixou de se fazer na maior parte dos meios. Os projectos empresariais ditam as necessidades de notícias que são títulos de escândalos de pequenas palavras de duplos sentidos para chamar audiências e vender folhas de jornal ou vender espaço televisivo. Sempre se soube que a qualidade da programação dependia da qualidade dos anunciantes, hoje as agências de publicidade fazem os seus spots conforme a qualidade de quem lhes paga. E quem o pode fazer, nem sempre é quem tem melhor qualidade ou melhor produto, mas sim maior número de ouvintes ou espectadores e também maior capacidade para comprar espaço publicitário, que se tornou acessível aos que outrora o ambicionavam. Os jornalistas têm de cumprir prazos e programação ou editoriais conforme o plano de gestão. A linha editorial quase que não existe ou vai mudando conforme os ventos políticos. A cor do dinheiro veio alterar toda a transparência do que é noticiado, do que é passado como informação. O espectador é cada vez mais livre de pensar o que quiser mas cada vez mais incapaz de ter uma opinião, de saber o que dizer, de saber distinguir os factos do palavreado que o induz a pensar bem ou mal, conforme a capacidade de manipulação de quem o disse. Por isso, quando alguns jornalistas e articulistas vêm finalmente dizer que não seria pior que se soubesse o que se passa no interior das redacções, eu tenho de concordar, aplaudir e juntar-me a eles mesmo não sendo jornalista. E pedir transparência não só mas também, nas outras áreas que lidam com a comunicação com a informação e com o poder. A democracia e a cidadania também anda por aqui, certo?

17/07/09

John Coltrane

Hamlet, 23 de Setembro de 1926 - Long Island, 17 de Julho de 1967


John Coltrane Quartet - My Favorite Things

16/07/09

O País pisca - pisca

O país está na mesma, podemos ir de férias e regressar que nada de especial aconteceu. É como nas telenovelas, estamos um mês sem as ver e no espaço de dois dias o enredo está actualizado. Alegra-me passar pelas agendas culturais que neste Verão são para todos os gostos. Desde Glenn Miller Orchestra no Algarve para todas as idades, até ao Tony Carreira que há-de estar algures, passando pelas bandas que já por aí andam. O país está em festa e podíamos até dizer " este país parece uma discoteca" mas cuidado não se engasguem com os saltos e com a dança enquanto comem o rebuçado. Eu fiquei até muito apaziguada com as afirmações de Vítor Constâncio. Afinal Portugal só recupera em 2011 ao contrário do que tinha sido afirmado há dois meses. Nessa altura a recuperação era em 2010, mas estavamo-nos a esquecer de pequenos azares que esta malvada crise nos tem trazido. E as estatísticas, que coisa! Têm de ser publicadas de tempos a tempos sem massajar os números como já vem alertando o PR desde 2007. Fiquei mais tranquila, porque afinal o ex-Ministro Pinho não era o único que nos alegrava com notícias pisca-pisca. Hoje uma coisa, amanhã o invés. Com tanta festa neste Portugal a questão geradora tem trabalhado mais por causa do pisca-pisca eléctrico. Mas nada de nos assustarmos, porque o povo é sereno, o nosso Presidente fez 70 anos e representa a família feliz que Portugal é. Todos unidos e o importante é o jantarinho ou o almocinho.

15/07/09

A dançar o Vira

O "Vira" das comissões de honra começou. Quem o souber dançar melhor vai ganhar. As comissões de honra são assim intituladas por integrarem pessoas que ou representam um grupo, ou se distinguiram na sua área profissional, política ou humanitária, garantem as intenções de quem dança e devem ser conhecidas dos eleitores votantes. E aqui temos um ponto sem nó e um problema de dança. Poucos a sabem dançar apesar de quase todos a conhecerem. Por outro lado muitos sabem que quem a ensina, é por regra, quem vai ao baile desde pequeno. A idade e o espaço favorecem também quem pratica em casa. E mestre Orlandinho há muito que vira e revira pelos salões da cidade do Porto e sem ele não há "Vira" para ninguém.
Na cidade vizinha de Valongo, Maria José Azevedo que também já dança este "Vira" há anos, percebeu que o melhor era não ter par certo e poder escolher, independentemente dos ventos e circunstâncias. E como o seguro morreu de velho, nada como registar o que lhe pertence para reclamar ou rejeitar o que lhe confere o direito notarial.

14/07/09

Óvulos e Embriões

A polémica que tem andado em redor da mãe americana, que tem neste momento catorze filhos fruto do avanço da medicina, é um dos tais casos que julgamos só existir nos EUA, mas que rapidamente pode passar ao resto do mundo.
O ponto fundamental não está na medicina e na possibilidade de proporcionar às mulheres fertéis, o que significa que tem ovulações normais, mas que não conseguem engravidar, por questões às quais vamos chamar "técnicas", uma fecundação pela forma comum. Assim, guardado o óvulo, técnica já de si questionável em relação ao número de vezes que uma mulher o deve fazer e depois de encontrado um dador masculino para fazer o resto, haverá agora um médico que dentro da sua capacidade e em plena consciência do que está a praticar, faça a inseminação in vitreo e implante o óvulo num útero para aí se desenvolver em normalidade. Milhares de mulheres e de casais o têm feito, nada a assinalar não fossem os actos doentios e falta de ética de alguns profissionais e este caso não teria acontecido.
Como é possível que uma mulher decida para preencher um vazio, sabe-se lá de quê, engravidar vez após vez e acima de tudo possa indicar a um médico, que os oito óvulos que ainda se encontravam congelados deveriam ser implantados duma só vez? E como é que alguém no seu perfeito juízo, tendo esta mulher já seis filhos e estrutura familiar precária o possa fazer é coisa que não lembra a gente de bem. A probabilidade de serem fecundados e de todos nascerem vivos era grande dados os 34 anos da mãe e a de serem todos saudáveis um risco elevado.
Neste momento, o médico está a ser investigado, o avô das crianças diz que vai trabalhar até poder para ajudar esta óptima mãe, os contribuintes americanos dividem-se entre pagar os custos de manter estes recém-nascidos no hospital e ter de subsidiar esta família e os pedidos dos que pensam que não se deve julgar esta mãe.
Claro, que se deve julgar esta mãe e este é o primeiro ponto da polémica. Só o egoísmo de uma mente descontrolada pode querer preencher vazios interiores ou casamentos mal sucedidos com um batalhão de seres que têm de ser alimentados com comida, e que têm de ter cuidados básicos de sobrevivência para além do amor. O segundo ponto, é a família mais próxima que essa sim andava no vazio, caso contrário teria tomado providências para tratar da saúde mental desta mulher. E o terceiro é a saúde ética de um profissional, que no final ainda vamos saber que afinal não era médico credenciado, porque eu não acredito que um técnico da saúde seja tão inconsciente e imbecil.
Por isso, não condenemos a ciência e os profissionais que tanto têm lutado pela utilização das novas técnicas, questionemos o estado da saúde social dos que mais necessitam. Nos Estados Unidos existem bancos de óvulos que não são destruídos porque pertencem a pessoas que os consideram filhos. Imagino que os custos que isto representa para o orçamento da saúde poderia ser utilizado noutras áreas de investigação que também é questionável a começar pela ética e pelas convicções religiosas. E é, por ser um tema de tal forma sensível que não deve ser sancionada a reflexão e impedido o julgamento de todos. Deixou de ser um acto privado e se assim é, a comunidade deve pronunciar-se. Oxalá este caso, não traga já ao de cima as opiniões desfavoráveis à utilização das células estaminais e que constituem uma vitória da presidência Obama em prol do desenvolvimento e da investigação.

Ética e códigos


Fotografia da Isabel

S. Martinho já tem barracas e criançada a fazer férias com as avós. Esta não é apenas uma praia, existem códigos aprendidos com as gerações anteriores. A barraca é a mesma que já foi dos pais e dos avós, os vizinhos são uma espécie de blogobairro com a diferença que todos se conhecem.
A Cecília dos bolos tem a minha idade e já a mãe dela os vendia, agora a filha tem um bar na praia, mas a mãe continua com a lata pela praia fora. Nos últimos anos estendeu o negócio aos salgados e às bebidas, arranjou um carrinho, que antigamente a lata era levada na cabeça, e anda todo o dia dum lado ao outro com duas caixas, uma de doces outra de salgados, a geleira das bebidas, as batatas fritas ainda encontram um cantinho e as duas pernas cada ano mais cansadas.
As praias de família têm a sua ética e as crianças são um espelho daquilo que conhecem. Foi com um sorriso, que ouvi as boas vindas da neta mais velha da barraca de cima dizer a uma recém-chegada da mesma idade. "Tu chamas-te Mariana? Podes brincar connosco. Eu sou a Matilde, ela é a Francisca e esta é a Carlota, mas se tu te esqueceres é aceitável. Acontece!"
As crianças são esponjas de aprendizagem, são bondosas ou cruéis conforme os códigos que lhes são transmitidos e é pelos quatro ou cinco anos, mais coisa menos coisa, que eles se sedimentam.

13/07/09

Good Madness à segunda - feira!


Glenn Miller - String of Pearls

Bruno on Letterman

Até onde pode ir a comédia e começa o puritanismo ou até onde pode ir a provocação é o que vamos ver. Uma certeza temos. Vai dar que falar mesmo que seja apenas um fait-divers da silly season.

11/07/09

Loiça e talentos

Serviço Bordalo Pinheiro


Loiça das Caldas

Um pedacinho de Portugal em Bruxelas

A iniciativa tem um ano, é bonita e o "pedacinho" uma ideia dum madeirense radicado na Bélgica com a colaboração da Embaixada de Portugal. Nós importamos couves, Bruxelas importa calceteiros com calçada portuguesa. Não devem faltar casas de portugueses neste quartier tão simpático. E além do mais os portugueses fora de casa são solidários e as couves -de- bruxelas são pequeninas, agarradinhas, com folha entrelaçada. Combinam com várias receitas e ficam bem e elegantes em qualquer prato.

A questão da casa

Intriga-me que cada vez que se fala na candidatura de Elisa Ferreira à CMP, apareça a seguinte frase "até já fez as malas e já não tem casa em Bruxelas". E daí? Alguém estava à espera que a candidata, que diz ter os pés no chão do Porto e estar de alma e coração na cidade, estivesse a pensar manter o apartamento parlamentar para passar férias? E já agora, quantos casas tem Elisa em Portugal para pernoitar sempre que vem de Bruxelas para ir à bola? Claro que também se pode dar o caso de só frequentar o Estádio do Dragão e portanto jogar em casa. Mas mesmo assim, continuo intrigada, porque mesmo que a casa fosse da própria e esta não fique a ver a bola nos Aliados, será que não há quem queira esta inquilina ou aliado que queira partilhar um espaço? Coisa estranha que me deixa intrigada. Por outro lado, fico mais tranquila quando vejo que Elisa Ferreira continua as suas visitas e passeios programados. Se ultrapassar esta solitária cruzada, não vão faltar "pólos", "desafios", "animação ao abrigo do QREN", "pasmatório nas artes, nos jardins e hospitais" e o Porto será finalmente Uma Nação em forma de cluster com dimensão nacional e internacional. Será que o Rui Moreira que usa o relógio no pulso direito logo, é boa pessoa, tem casa para arrendar em Bruxelas?

10/07/09

Projectos sem investidores

O primeiro blogue de papel não teve investidores em número suficiente que se interessassem pelo projecto. Por outras palavras, não basta ter uma ideia é preciso saber comunicar e interessar o investidor pelo potencial de negócio. O busílis está sempre aqui, as palavras podem ser bonitas, os slogans também, mas se o retorno do investimento não for interessante não há quem arranje interessados aqui, ali ou nos países onde aparentemente tudo se faz bem e depressa. Não há almoços grátis, já dizia o economista, ou no original "there' s no such thing as a free lunch"!

Um autor e um blogue

Acho VII

Acho que atingimos o cúmulo da pantominice. Afinal não havia qualquer intenção de rasgar fosse o que fosse. O verbo rasgar tem várias leituras. A ideia pode ser rasgar a ilusão, espreitar a configuração, alterar o cenário, procurar novos slogans, papar o distraído. O povo anda tão excitado que confunde as palavras e mete água. O meu amigo Rui Moreira, que ultimamente anda muito activo, diz que o governo foi atropelado pela conjuntura. Concordo que não deixa de ter o seu quê de verdade, no entanto, não ponho de lado a hipótese disto tudo ser uma conjectura. Do género das que antigamente ocorriam com os dados estatísticos. Ou seja, se as coisas não agradavam rasgava-se o cenário, massajava-se a ilusão e tínhamos apenas uma questão de interpretação de números e de comunicação a cumprir. Hoje em dia, temos a putativa desvantagem dos meios informáticos, da blogosfera, do twitter, do facebook e dos jornais. Para além, do recém aparecido porta-voz/comentador do PS que está sempre a falar e não deixa comunicar. Assim não se pode trabalhar! Além disso, deram-me cabo da iniciativa empresarial "RASGAR - princípios e métodos, SA". Uma empresa que se propunha laborar 24 horas sem parar, utilizar sondas electrónicas não poluentes alimentadas por energias eólicas e integrada no Projecto TIC Portugal.

09/07/09

Walter-Ego

O Pedro Rolo Duarte distinguiu o Walter-Ego. É caso para repetir uma antiga frase, em que o tempo também era o factor determinante: "A star is born" e o tempo está cheio de "fait-divers". Parabéns, Rita.

08/07/09

A quarta

A minha quarta faz hoje dezanove anos. É a última e tal como o primeiro representa o início e o fim da história. E por ser o fim da história é difícil contar como foi. O passado ainda é presente e ela só tem direito a mais um ano para fazer "asneiras". Ser teenager é um alivio para os pais e para o próprio adolescente. A responsabilidade para o último ainda não é muito elevada e para os primeiros significa que o tempo do colo não acabou. A quarta é a mais mimada, é aquela que tem mais Barbies, a que teve mais oportunidades de partilhar, de conhecer e ver mundo. É também a que os irmãos mais têm debaixo de olho. A mais nova é aquela que muitas vezes se sente à margem do que se passa à sua volta e está na lua mais tempo que os outros. A minha quarta nasceu com todos os talentos e conjugou as forças e as fraquezas das gerações anteriores. É impulsiva, lutadora, criativa e defensora de causas, é humana e carinhosa. Tem voz de cristal, coração de mel e olhos de gata. Se eu tivesse de a definir diria que ela é uma força da natureza. Hoje uma jovem, amanhã uma grande Mulher que já fala em profissões e opções. E porque a minha quarta faz hoje anos, eu vou partilhar o excerto de um trabalho que lhe valeu a classificação de 20 valores e que contribuiu para fazer dela uma pessoa melhor. Parabéns, filha!
"Este trabalho tem desenvolvido uma faceta minha que ainda não conhecia, a compaixão pelos outros. Nunca senti preconceito por ninguém mas também nunca pensei que as pessoas com SD conseguissem realizar aquilo que as pessoas sem deficiências fazem. Através do convívio com trissómicos fiquei espantada com as suas capacidades e desenvolvimento e agora não consigo notar qualquer tipo de diferença entre mim e os trissómicos. Sinto que tenho vindo a crescer e a descobrir qual a minha vocação no mercado de trabalho."
Mariana A.
(Excerto de um trabalho sobre Trissomia 21, no ambito da área de projecto realizado em 2008 na Escola Secundária Garcia de Orta)

And you are a Lady babygirl and nothing else matters!

Metallica - Nothing Else Matters

Um pedacinho

Fui à Madeira pela primeira vez em 1976. O bilhete postal era exactamente o que a ilusão da viagem me tinha segredado. A ilha linda, as flores exóticas e bem cheirosas, os ramos grandes e vistosos, o preço elevado para o turista e para o local. Vi bananeiras pela primeira vez e os cachos à porta de qualquer habitante tanto no Funchal como noutro ponto da ilha. A gastronomia não tinha nada que enganar espada preto, espadarte e atum, milho frito, batata e semilha, abóbora, espetadas e papaia, pêra abacate, anonas, maracujá e demais frutos tropicais. Bolo de mel, bolo do caco, rebuçados de funcho e vinho afamado. Os bordados, os cestos e o artesanato. O centro do Funchal mantinha as caraterísticas dos edifícios antigos, o Jardim Botânico já era um orgulho, a tradição e a passagem dos ingleses era visível. A Estrada Monumental mostrava as piscinas naturais do Lido e a cidade tinha diversão nocturna para oferecer. As Desertas estavam ao longe e em dias bons avistava-se o Porto Santo. Para visitar a ilha era necessário tempo e curiosidade, coisa que não faltava a gente de vinte anos. Os transportes eram precários, as estradas uma lástima de perigo mas lindas de emoção e um suicídio para principiantes ao volante. Eram necessários pelo menos três dias para ver e visitar. O táxi acabava por ser o transporte mais eficiente e os taxistas eram novos, conheciam os lugares certos e mostravam o que deviam. Não senti que houvesse mais pobreza que aqui nas nossas aldeias, senti que havia maior atraso nas cidades e vilas e que a Madeira era o exemplo da casa de bonecas de Portugal Continental com um cheirinho a Ultramar exótico.
Sucederam-se outras visitas e fui vendo o avanço funchalense e mais ou menos tudo igual em relação ao resto. As mesmas frutas, espetadas e bananeiras já do Alberto João. Algum melhoramento nas estradas e na saúde e muito desmoronamento nos hotéis, os mesmos pescadores e as mesmas aldeias.
Por lá devo ter deixado, quiçá em 76, ventos fortes que se estenderam pelo mar e algumas palavras que se abrigaram nas levadas. Há dias voltei numa missão diferente e juntei-me a uma comunidade que seguia o trilho da Igreja da Nossa Senhora da Nazaré. Gostei de ver uns jeans por debaixo duma batina, uns jovens com CD editado a cantar numa missa alegre e uma homilia que apelava ao espírito social e comunitário - "se quereis que as coisas boas vos aconteçam tendes de abrir a porta do vosso coração, caso contrário nicles!"- ao mesmo tempo que acolhia uma recém chegada àquela Casa.
Eu, que tinha andado com as népias, achei que este padre era castiço e que devia ser também por isso, que a ilha tem novas estradas e túneis poderosos que nos levam de lado a lado, como se estivéssemos em Itália, num ápice. Pelo caminho detive-me no Estreito que me conduziu pelas levadas de regresso ao Aeroporto com uma nova palavra. É que na Madeira, todas as frases incluem "um pedacinho" de qualquer coisa. Com o estômago ainda cheio de pedacinhos de iguarias e de um pedacinho de prazer por lá ter estado, cheguei convencida que "grão a grão enche a galinha o papo" e que o Alberto João tem sabido cuidar da sua capoeira.

07/07/09

Tributos e amizades

Quando somos muito jovens tudo nos parece fácil de resolver cortando o mal pela raiz. Apesar de ser verdade, que há situações em que não devemos deixar crescer a árvore e em que a raiz deve ser cortada logo no início, outras há, em que deveríamos parar para pensar e o tempo ajudaria a não deixar de falar com muitas delas. Assim, vamos dando cabo de muitas árvores que nunca chegam a nascer e de muitas raízes que não seriam, necessariamente, daninhas se lhes tivéssemos dado uma oportunidade. Também é por isso que quanto mais jovens mais dados a fazer aquilo que os mais velhos reprovam, e também a ser mais activos e independentes, mais francos e espontâneos e menos diplomáticos. À medida que os anos vão passando ficamos mais sabedores. E ficamos mais sensatos ao deixar crescer raízes que nunca seremos capazes de cortar, mesmo que nos incomodem de vez em quando, ou que nos levantem a relva e nos deixem marcas no soalho.
Não sei medir os sentimentos, mas sei que as amizades não devem ser cortadas mesmo que os ramos da árvore nos tapem o sol de vez em quando. À medida que vamos ficando mais conhecedores, verificamos que não temos tempo para plantar e ver crescer as raízes da árvore noutro lugar e noutro tempo. E também sei que é por isso que devemos regar árvores e plantas, sem cobranças ou deveres, mesmo que a vez até possa não ser a nossa.
A nossa vez chegará, no dia em que soubermos fazer tributos e sentirmos que por nós, pelo menos uma ou duas amizades o irão igualmente fazer.Todos temos as nossas árvores, os nossos arquitectos e os nossos artistas e não há melhor tributo do que o contributo que essa amizade nos poder oferecer!

06/07/09

Good Madness à segunda - feira!


Serenade - Sonny Rollins

05/07/09

20 mil reais

A esta hora haverá crianças que apanham o carrinho do baptismo, outras que nascem nas urgências e terão uma caixa de papelão como berço e as que não terão tempo para usar todo o ouro do gavetão. As mais felizes são as que têm pais com tempo para lhes pegar ao colo.
Carrinho de bebé em ouro de 24 quilates

03/07/09

A Madeira é um paraíso

Vou verificar se é verdade. Aceitam-se encomendas para o tio Alberto João, mas rápido que ainda perco o avião. Darei notícias.
Câmara de Lobos, Madeira

Népias e corninhos

Fotografia: Nuno Ferreira Santos
Miguel Júdice que por razões pessoais se encontrava, por acaso, no Parlamento disse num canal de televisão que a comunicação social não devia ter acesso às imagens do que por lá se passa. Não fica bem, é desagradável! António Barreto, por outro lado sorriu, e mencionou que o preocupante é o clima de raiva, de mentira e de acusações que se instalou entre os deputados que elegemos. Aquilo, disse o sociólogo, parece uma associação de estudantes. Sempre à procura do que o outro disse e que agora já não é assim, sempre a rebuscar papéis para encontrar no meio das teias de aranha elementos que encostem o adversário à parede. Uma luta de galos e garnisés, digo eu. Ninguém percebe nada, ninguém se interessa por nada e todos se riem. Uma galhofa pegada a começar na Assembleia e a terminar em casa de quem vê.
Pelo que nos foi dado observar na Assembleia da Republica, o Estado da Nação define-se com as "palmas soviéticas" dos deputados da esquerda, um líder de direita "descomposto junto da lavoura", um partido da oposição que se define pelo verbo "rasgar", um governo com o "primeiro ministro dos anúncios" e finalmente o bate-papo Paulo Rangel-Jaime Gama, do "está, não estou, estou, não está, ai isso é que estou". Perdido o tempo, nem Rangel esclareceu o PS e o PCP nem repôs a verdade sobre a nova autoestrada Lisboa-Porto. Do outro lado ninguém ficou a perceber fosse o que fosse, népias!
Ontem o dia, na capital, foi complicado. Portugal ficou sem o meu ministro preferido. Com o ministro Pinho nunca estávamos desprevenidos. O país esteva bem num dia, difícil no outro, all the same e nada a assinalar nesta ou naquela ocasião. A coisa não correu bem e pela primeira vez, gostei da pessoa. Fez asneira, enervou-se, esqueceu-se que não andava em Milão a promover o calçado nacional e a dizer que gostava de comprar sapatos italianos, e pumba ilustrou o que pensava de forma feia. Pediu a demissão e fez bem. Mostrou, pela primeira vez, coerência. Mesmo que o gesto tenha sido bem menor do que muitas das palavras que por ali se ouvem. Fossemos todos ceguinhos, ou não estivessem lá as televisões e sabíamos népias. Apesar de Portugal ter muitas népias debaixo do tapete, não tenho a certeza que a maioria as queira sacudir porque não sabe onde as quer colocar.

01/07/09

Acho VI

Acho que os anos são para se festejar. Uma amiga muito querida fez 50 anos há uns meses. Disse que não queria fazer festa mas, nós amigos íntimos, insistimos e aparecemos. Houve bolo e festa campestre.
Bem vinda aos cinquenta, disse-lhe eu. Nem tudo são rosas mas também não é tão mau. Tens é de esperar pelos 54. E o que acontece aos 54, perguntou ela?
E eu respondi-lhe que lidamos melhor com as chatices, cuidamos mais do corpo e da alma, compramos mini-saias, calçamos sapatos confortáveis, estamo-nos nas tintas para o que os outros pensam, organizamos o dia com outro ritmo, valorizamos o tempo, e só ouvimos os ais do parceiro se nos apetecer. Fazemos o que nos dá na gana. Relemos Simone de Beauvoir com os mesmos olhos mas com outro olhar, paramos para pensar, somos mais tolerantes e já não nos aborrece que nos digam que estamos a ficar parecidas com a nossa mãe.

Dias felizes e gente com sorte

Há dias importantes e gente com sorte. Os dias importantes podem ser positivos ou negativos e as pessoas com sorte podem ser adoráveis ou detestáveis, nunca neutras. Detesto pessoas neutras. Aquelas que ficam em cima do muro analisando o lado para que devem cair ou de que lado sopra o vento. E não acredito que seja sensatez que as faz assim, não é. É o jogo de rins que as equilibra e as mantém permanentemente na corda bamba. A corda bamba é um exercício que pegou moda em vários países. Há dias conheci um médico dentista que nos intervalos fazia corda bamba, no mês passado falaram-me num outro especialista da saúde que faz a dança do varão e dizem-me amigos comuns que o melhor é tratarmos de encontrar um hobby à medida. Desenvolver novos talentos é muito importante e ajuda nos momentos mais complexos. Tenho estado a pensar que talento devo desenvolver agora que estou menos ocupada com as maçadas empresariais. As minhas amigas sugerem que procure novos mundos, novas gentes, que faça um liftting, que me dedique ao prazer das compras e dos cabeleireiros, dos spas e dos solários. Os meus filhos perguntam de mansinho se estou disponível para os netos, as noras querem enfiar-me na hidroginástica, ou na natação, falam em prevenir os problemas ósseos. As filhas querem que me realize a ir às compras de preferência com elas e com os cartões de crédito à vista. Já para não falar do Senhor Jóia que decidiu comprar a colecção completa do "Faça você mesmo Jardinagem" e pedir-me ajuda com as ferramentas de jardim. Ele que só conhece a foice e o martelo do Karl e campo só se for o de golfe. Ainda não tenho genros com direito a opinar. Estou certa que seriam os mais certeiros a bem planear a arte de me colocar na cozinha a fazer bolos.
Mas dizia, eu, que há dias importantes. Ontem foi um deles e já haviam passado vinte e quatro horas sem que sentisse tédio ou aflição. Aqui está uma pessoa mais disponível e que a partir de agora andará por onde lhe apetecer, com toda a graça do testemunho passado ao filho mais velho. Estão criadas as oportunidades desejadas e dado o espaço a talentos mais jovens. E há pessoas felizes, porque não é todos os dias que um homem substitui a sua presidente e também não é uma qualquer que cede o poder da presidência. Para que fique claro a transparência da secretária e os vidros da entrada continuam no mesmo lugar. E como eu não gosto de pessoas neutras e a vida é uma estrada de dois sentidos também foi anteontem que a minha primeira neta fez seis meses. Há pessoas com sorte e há dias que ficam marcados pelas mais diversas razões. E quanto ao hobby, estou a pensar em escalar montanhas.