03/07/09

Népias e corninhos

Fotografia: Nuno Ferreira Santos
Miguel Júdice que por razões pessoais se encontrava, por acaso, no Parlamento disse num canal de televisão que a comunicação social não devia ter acesso às imagens do que por lá se passa. Não fica bem, é desagradável! António Barreto, por outro lado sorriu, e mencionou que o preocupante é o clima de raiva, de mentira e de acusações que se instalou entre os deputados que elegemos. Aquilo, disse o sociólogo, parece uma associação de estudantes. Sempre à procura do que o outro disse e que agora já não é assim, sempre a rebuscar papéis para encontrar no meio das teias de aranha elementos que encostem o adversário à parede. Uma luta de galos e garnisés, digo eu. Ninguém percebe nada, ninguém se interessa por nada e todos se riem. Uma galhofa pegada a começar na Assembleia e a terminar em casa de quem vê.
Pelo que nos foi dado observar na Assembleia da Republica, o Estado da Nação define-se com as "palmas soviéticas" dos deputados da esquerda, um líder de direita "descomposto junto da lavoura", um partido da oposição que se define pelo verbo "rasgar", um governo com o "primeiro ministro dos anúncios" e finalmente o bate-papo Paulo Rangel-Jaime Gama, do "está, não estou, estou, não está, ai isso é que estou". Perdido o tempo, nem Rangel esclareceu o PS e o PCP nem repôs a verdade sobre a nova autoestrada Lisboa-Porto. Do outro lado ninguém ficou a perceber fosse o que fosse, népias!
Ontem o dia, na capital, foi complicado. Portugal ficou sem o meu ministro preferido. Com o ministro Pinho nunca estávamos desprevenidos. O país esteva bem num dia, difícil no outro, all the same e nada a assinalar nesta ou naquela ocasião. A coisa não correu bem e pela primeira vez, gostei da pessoa. Fez asneira, enervou-se, esqueceu-se que não andava em Milão a promover o calçado nacional e a dizer que gostava de comprar sapatos italianos, e pumba ilustrou o que pensava de forma feia. Pediu a demissão e fez bem. Mostrou, pela primeira vez, coerência. Mesmo que o gesto tenha sido bem menor do que muitas das palavras que por ali se ouvem. Fossemos todos ceguinhos, ou não estivessem lá as televisões e sabíamos népias. Apesar de Portugal ter muitas népias debaixo do tapete, não tenho a certeza que a maioria as queira sacudir porque não sabe onde as quer colocar.

4 comentários:

Rita Roquette de Vasconcellos disse...

Vou apoiar outra vez!!!!

Apoiado!

:-)

Rita V.

Mike disse...

Ui, GJ... a maioria prefere nem pensar nas népias que estão debaixo do tapete.

Lina Arroja (GJ) disse...

Como diria, o Alberto João, já deviam era estar todos em népias há três anos...:)))

ana v. disse...

A peixeirada generalizou-se na Assembleia da República e tornou-se um hábito. Isso é que é triste.

E concordo: já deviam era estar todos em népias há que tempos!