02/12/09

Os 30 mil cadetes de Obama

É claro que não serão todos cadetes, mas não foi por acaso que uma das declarações mais difíceis sobre o Afeganistão foi feita perante a academia de cadetes. Jovens convictos e empenhados em servir o seu país, em defender os valores da liberdade, com olhos atentos e ouvidos abertos, cheios de orgulho. A maior dificuldade passa por saber se a estratégia adoptada é a melhor. É sempre assim, em situações de guerra e conflito, em situações delicadas e com vidas pelo meio. Cortar e actuar no momento certo, com estratégia e continuidade absoluta. Cortando no orçamento da defesa com retiradas apressadas ou enviando tropas e aumentando contingentes? A estratégia seguinte é muito mais delicada que a decisão dos cortes orçamentais. Dela virá a erradicação do mal que afecta não um país ou região do mundo, mas a sobrevivência de uma cultura e dos valores ocidentais. Lutar contra o medo do ataque também, constituir uma estratégia não de ataque mas de vigilância futura. Daí que Obama, não tivesse muito por onde escolher. Oxalá, os americanos o entendam, oxalá a estratégia seja certeira. Enviar mais cadetes americanos e outros das nações aliadas, mostrando novas armas de conhecimento, preparando o Afeganistão a defender-se pelos seus próprios meios. Dado que é muito cedo para antecipar o resultado futuro, fico pela análise e biopsia do que sabemos. Neste caso, todo o cuidado é pouco e é com pezinhos de lã que Obama vai andar nos próximos tempos.

7 comentários:

Luísa A. disse...

Esta é certamente a área em que a célebre frase futebolística dos prognósticos que se fazem no fim do jogo tem uma aplicação «pertinente», GJ. Não há dúvida de que só os resultados poderão avalizar este tipo de decisões, que jogam com vidas humanas.

Teresa Santos disse...

Obama recebeu uma herança super pesada. Gerir todos estes conflitos, só mesmo com pézinhos de lã.
Acredito e tenho confiança neste Homem. Espero que leve o barco (os barcos) a bom porto.
Abraço.

Mike disse...

Parece-me, e bem, (logo a mim que nem sou fã ou defensor de Obama) que os passos a dar teriam que ser esses. Mesmo com pezinhos de lã. Até porque (e o link que nos deixou é importante) o mais importante é haver uma estratégia séria, um propósito. Estando isso pensado e acautelado, os passos têm uma justificação diferente, mais fundamentada. Decisão nada fácil, mas que só lhe cabe a ele em última instância.

Anónimo disse...

Desculpe, GJ, mas não partilho do seu optimismo. É certo que Obama recebeu uma herança complicada, mas não creio que seja a lançar gasolina para a fogueira que conseguirá resolver os problemas. E a atitue em relação às Honduras e à AL em geral, em nada o dignifica, porque está a atear outros fogos que deveria deixar bem adormecidos.

A disse...

Concordo. Aliás, acabo de ler um post sobre este assunto, no «Abencerragem», que vai em sentido idêntico e que subscrevo na integra.
Não me parece que seja possível tomar o peso desta decisão antes ou à posteriori pois, quer a decisão de continuar no Afeganistão, quer a da retirada implicam jogar com vidas humanas...
Acresce todos já termos percebido que, no caso em apreço, a diplomacia nunca chegará para resolver seja o que for.

Lina Arroja (GJ) disse...

Obama tem muitas tarefas pela frente e tem acima de tudo um mundo de olhos sobre ele. Qualquer passo em falso, e eles podem ser muitos, terá consequências mundiais. Não é bom um homem ter este poder, por isso os pézinhos de lã são uma necessidade e uma contingência.

ana v. disse...

Foi a primeira vez que não gostei de um discurso de Obama. Talvez por essa necessidade de pezinhos de lã (bem precisa deles...) pareceu-me forçado e populista. Mas reconheço que a matéria é muito difícil e os resultados serão sempre maus, seja qual for a decisão.