26/11/10

Porquê?

As primeiras neves caíram em Fribourg, na Suiça, cidade que aconchega a minha filha mais velha. Os pneus de neve substituiram os anteriores, as vacas que lhe faziam companhia do outro lado da janela, já tinham desaparecido há uns dias, os aquecimentos aumentaram dando calor durante o dia e conforto durante a noite. Os dias vão tornar-se mais enfadonhos e os fim-de-semana mais ensonados, mas isso ela ainda não sabe. Para já, o que a Sofia já sabe é que ou vai ao ginásio ou vai ao supermercado até às 4 da tarde, o que para quem estava habituada ao espírito madrileno lhe está a fazer uma reviravolta quotidiana. É assim, quem chega tem de se adaptar ao que encontra. Agora, pergunto eu, por que razão os jovens preferem sair do país tão jeitoso onde nascerem, com tanto sol, tanta gentileza e delicadeza na organização de eventos, tanta azeitona e bolota, com vinho e flores, com MAR e mercados sem fim? Será porque têm ambição e horizontes largos? Será porque têm espírito de aventura? Será porque nós pais da geração de 50 projectámos neles as nossas ambições e os preparámos para tal? Ou será esta nossa condição de eternos descobridores que a Diáspora nos concede e que nos torna em errantes passageiros?
Porque é isso que fazemos, chegamos adaptamo-nos, fazemos bem, gostamos do que temos e passado uns tempos, ficamos cheios, cansados, parados e desejosos de partir e recomeçar, de preferência noutro lugar. Porquê, quando olho para outros povos que se mantêm no mesmo lugar, partindo e regressando, apenas?

22/11/10

Pedro Beça Múrias

E quando um fica pelo caminho, lembramo-nos que pelo facto dos exames estarem bem não quer dizer que se esteja curado. Foi com pesar que li a notícia da morte do Pedro Beça Murias. Peguei no seu livro e reli algumas das suas crónicas na sala de espera. Afinal, a sala era mesmo de espera e não demorou muito a chegar o seu dia. Que reste em paz!

21/11/10

Produtos genuínos

Um país, cujo povo até há bem pouco tempo só se lembrava dos azulejos, do vinho do Porto e da panela de pressão como produtos identificativos e originalmente produzidos em Portugal, deve ter ficado eufórico com a portuguese lidership associada à cimeira e ao Bo.

13/11/10

Amor peregrino

Não foi fácil regressar mas aqui estou, as malas já estão desfeitas mas o pensamento ainda vagueia por outras bandas. É sempre assim quando partimos por tempo incerto, temos de redescobrir o que deixamos e reanimar o que ficou enquanto choramos o que deixámos. Encontro motivos para querer continuar mas falta de energia para quebrar o que deixei e pergunto-me se não é demasiada liberdade que tenho em mãos face a tantas outras pequenas realidades. Pergunto-me se não é demasiado alguém estar a fazer uma peregrinação por mim. Eu que apenas sou corpo e mente e um dia me transformarei em pó. E pergunto-me se valho tanto sacrifício, eu que felizmente me sinto bem, que acredito estar curada e que sou apenas uma pequeno grão no solo. Não é fácil aceitar e agradecer os sacrifícios de quem nos quer bem sem termos de os justificar ou questionar. Acima de tudo não há palavras, há actos e há amor.