26/12/11

Azáfama do dia 26

Passado o bacalhau e o peru, vejo-me às oito e trinta a dar os bons dias a uma catrefa de exames de rotina. Seis horas de jejum se faz favor, que isto não é para malandros. E como quem não quer a coisa, foi rápido e bem sucedido. Ninguém estava com vontade de ir ao hospital e até o parque de estacionamento se encontrava ao dispor. Feito isto, uma visita ao aeroporto para levar a primeira a partir. De seguida, uma corrida ao shopping para as trocas da praxe. O parque de estacionamento indicava 400 e qualquer coisa de lugares no piso -1. Aleluia! Não foi uma má ideia ter os exames bem cedo. Pelo caminho comprei o livro que me faltava: "Antes de dizer Adeus" de David Servan Schreiber porque de vez em quando ainda tenho necessidade de me isolar com o meu cancro. No livro recordei, que quando o cancro entra na nossa vida, devemos ser humildes e dar-lhe atenção. E abrandar...
Ainda dei um salto ao cabeleireiro, coisa idiota para quem logo a seguir se passeou à beira-mar com o Senhor Jóia. Enfim, o mar enrola na areia, só pode!

23/12/11

Feliz Natal


jazz christmas

21/12/11

Avó e Netos


O mar enrola na areia - Jorge Palma

20/12/11

La valise

Nunca as economias se desenvolveram por decreto-lei ou ordem dos dirigentes. Emigrar sob coacção será difícil, emigrar por devoção pouco provável e ser um cidadão global ainda menos. Este sonho que não era nosso mas de meia dúzia e que nunca soubemos abraçar está a chegar ao fim. Portugal atinge, hoje, níveis de desenvolvimento irrisórios comparado com os outros parceiros europeus e os seus cidadãos continuam num patamar de conhecimento muito abaixo do esperado. A minoria com capacidade para trabalhar no estrangeiro são os de sempre: as abas. Por um lado, os que têm elevadas capacidades económicas e profissionais e por outro os que têm a capacidade de fazer os trabalhos que os locais não querem. No meio estão aqueles que verdadeiramente não têm escolha: a classe média. E são esses, que os nossos dirigentes se atrevem a sugerir que partam em busca de uma vida melhor. É preciso ter lata!

19/12/11

Good Madness à segunda - feira!


Cesaria Evora - Partida

15/12/11

No caso de alguém se ter esquecido,


O Governo criou um imposto extraordinário de 3,5%, que incidirá sobre todos os rendimentos obtidos em 2011 e incluídos na declaração de IRS a entregar em 2012. São assim abrangidos os rendimentos provenientes do trabalho por conta de outrem e independente, prediais, de pensões e de mais-valias. De fora, ficam os rendimentos de capitais (sujeitos a taxas liberatórias), como juros de depósitos e dividendos de acções.
Esta taxa extraordinária será aplicada ao rendimento coletável dos contribuintes, ou seja, à diferença entre os rendimentos brutos e as deduções específicas de cada categoria. Estão excluídos os montantes de cada contribuinte até ao valor anual do salário mínimo, € 6790 (€ 485 x 14). E quem tem filhos terá uma redução, pois ao valor do imposto extraordinário serão deduzidos € 12,13 (€ 485 x 2,5%), por cada dependente.
Os trabalhadores por conta de outrem e os pensionistas terão de pagar adiantadamente este imposto: parte do seu subsídio de Natal será automaticamente retida pelas entidades que o pagam e entregue ao fisco até 23 de dezembro. Ao valor líquido do subsídio são subtraídos € 485, e a essa diferença descontados 50 por cento.  (vidé)

Bom fim-de-semana!


Pablo Alborán y Carminho - Perdoname

Alabama Shakes


Alabama Shakes Video

Camelos de presépio

Este ano, particularmente rico em camelos, não foi dificil encontrar aquele que, ora olhando para um lado ora para o outro, se deixou ficar pelo estilo "língua de fora e baba no ar". O exemplar que se segue pertence à melhor raça, enquadrando-se na perfeição da época e do presépio.

Ao Barbeiro organizador do Concurso de Natal 2011, um abraço e votos de Festas Felizes.

13/12/11

Divórcio anunciado

Num matrimónio falhado, as sessões de terapia conjugal podem ajudar, não na reconciliação do casal enquanto matrimónio, mas na aceitação das diferenças e da estabilidade entre eles. Imagino que ao trazerem os ressentimentos para cima do tabuleiro, ao serem honestos e capazes de analisar as causas do afastamento, o casal se auto avalie e consiga seguir em frente. Serão igualmente importantes estas sessões para encontrar o equilíbrio na educação dos filhos e penso, que só mesmo nestes casos, se consigam forças,que em caso de continuação, admitam a permanência familiar. Ora, vem isto a propósito do nosso casamento com a Europa em que cada um de nós está casado com o elemento Merkozy e com os restantes elementos que nem sequer conhecemos e em que a  maioria dos portugueses nunca foi aos países que constituem os chamados parceiros europeus. Daí que cimeira atrás de cimeira, a reconciliação só pode a seu tempo terminar no óbvio divórcio, que cada vez mais, cada um de nós deseja, a começar por aqueles que vêem a casa roubada por empréstimos a parceiros pobres ou de más contas. A Inglaterra que já tinha dado a indicação da sua preferência monetária e que sempre se distanciou do resto da Europa, não esteve com meias medidas, disse o que aceitava  e aquilo que beliscaria a sua independência parlamentar e a sua autonomia nacional. Há aqueles que podem e outros que gostariam mas não podem  levantar a voz. Resta saber até quando.

27/11/11

Mariza - do mundo


Africa Calling - Mariza - Mozambique (Portugal)

Fado


Amália Rodrigues - Gaivota (1970)

16/11/11

Unhate Campaign - The film



The film UNHATE by French director Laurent Chanez, tells of the precarious balance and complex interweaving between the drive to hate and the reasons to love.

Na minha opinião, brilhante, mesmo que a campanha de outdoors se traduza, como é hábito da marca, numa polémica interpretação entre os agentes do amor e do ódio.

09/11/11

We are the champions by Mariana


KCL Charity Diwali Show @ The Olympic Torch Relay.mov

KCL Charity Diwali Show

Divulgando iniciativas de solidariedade e dando uma força à minha filha Mariana!


Show - 21st November 2011 @ The Barbican 7pm - 10.30pm
After Party - 21st November 2011 @ Proud2 in the 02 (formerly known as Matter) 11pm-5am

The KCL Charity Diwali Show is a completely non-profit event that raises money for a few chosen charities. It is now running in its 19th consecutive year, and has become well known across the country as the largest student charity event in the UK, and possibly the largest in Europe.

All in aid of Bal Gopal Foundation, Guy's and St Thomas' Charity & Evelina's Children Hospital, Kidney Research UK and St Christopher's Hospice.

07/11/11

Eu até gosto mas...

Por que será que o primeiro me lembra logo o segundo?

03/11/11

A dança

24/10/11

Tempo de castanhas


Sheiks - Missing You

Madalena Iglésias faz hoje 71 anos


Eurovision 1966 - Madalena Iglésias

21/10/11

Sabor de Maboque - A magia africana

Foi ontem a apresentação da 1ªedição portuguesa do livro da Dulce. Eu estive lá, dei-lhe um abraço, trocamos sorrisos, palavras bonitas e trouxe o livro, que comprei há dois anos em São Paulo, autografado. Gostei muito.

12/10/11

Bom fim-de-semana à quarta

E de repente senti saudades dos fim-de-semana adiantados do Mike, dos olás de muito boa gente que se juntava no Desconversa à sexta-feira. Que é feito deles, minha gente? E a prancha, Colega?

Um saltinho e já volto

Vou ali dar uma mãozinha à mais velha e volto rápido. Até já Dulce! Até já Fugidia! Até já! ;-D

10/10/11

Good Madness à segunda - feira!


Dead Combo - Lisboa Mulata

30/09/11

Bob Marley - Sun is shining

21/09/11

Outras vistas


Foyles Bookstore, London

  Covent Garden, London
London's Vintage
Guy's Campus, King's College London


20/09/11

30 Anos, rapaz!

Mais um filho que passa para a casa dos trinta e não sei que diga, instala-se a nostalgia do tempo que passa. Em breve será pai, lá para Março, como o irmão mais velho e eu serei avó pela terceira vez. Sinto que estou a entrar, definitivamente, na fase seguinte - aquela a que chamam terceira idade. Não que a sinta, mas que se está a tornar inevitável não lhe virar as costas, isso é verdade. E não sei o que dizer, tenho de adaptar as ideias e viver a circunstância. Parabéns, meu filho!

19/09/11

Foi um dia feliz

Sábado foi dia de anos, 57 a caminho dos sessenta ... boy oh boy! Juntei a família toda ao jantar e escolhi um sítio muito bonito, por vezes esquecido, nesta cidade. Como disse um dos presentes, ali até parece que estamos em Londres. O Vip Lounge do Porto Palácio Hotel com menu degustação que o "chef" Hélio Loureiro me preparou. No topo do 18º andar com uma panorâmica fantástica e excelente escolha musical a acompanhar. Naquele espaço, até o meu neto Tiago dormiu sem acordar, e a minha neta Francisca passou, na difícil prova de se manter acordada e bem comportada, como uma senhorita.
Obrigada a todos!

Good Madness à segunda - feira!


Tony Bennett & Amy Winehouse - Body And Soul

09/09/11

Da arena e da política

O ministro Gaspar não para de dar entrevistas mas nós ainda não entendemos nada. Ou melhor, de tanto visualizarmos é que já não ouvimos. Estando eu há dias muito atenta à sua exposição televisiva, dei por mim a pensar no cavalo do João Moura. É que quando fugia do ferro, fraquejaram-lhe as dianteiras e não só se machucou como atirou com o cavaleiro para o chão. Cenas tristes e que se antecipam.

08/09/11

Deixará de ser comparticipada!



"All that she wants"- The Kooks

07/09/11

Com pernas e braços até ao infinito

Não gostamos de ser diferentes e raramente nos impressiona quem chama a atenção. Gostamos de ser discretos e se possível passar despercebidos. Temos medo de incomodar, de dar trabalho, de pedir o que na maioria das vezes nos pertence. De tal forma passamos os dias sem querer dar trabalho que quando nos acontece o imprevisto, ficamos baralhados, atarantados e com falta de confiança. Duvidamos de nós e dos outros. Gostamos de ser independentes  com pernas e braços para chegar. E como o país e as cidades são reflexo deste desejo, encontramos limitações que , convencidas das nossas dúvidas, nos atiram para o canto da desilusão. As barreiras arquitéctonicas são uma constante e as sociais uma realidade. Daí que quem perdeu a mobilidade se sinta cada vez mais preso ao seu chão e com pouca vontade de se inteirar de outros passeios. Com o tempo vamos perdendo o ímpeto de sair, habituamo-nos a condicionar o desejo e a vontade e vamos deixando luas paradas na nossa vida. O quotidiano instala-se sem graça, sem luz, sem aflições e contradições. Somos impedidos de visitar o presente e o futuro aconchega-se no passado. Podemos, quem sabe, fazer diferente, não nos rendermos ao comodismo da mente e passarmos a viajar mesmo que as pernas sejam metade e os braços estejam dormentes. Podemos pedir a quem nos quer bem que nos ajude a encontrar a força, os meios e a capacidade locomotiva.
Ralph, era um diplomata chinês muito alto,que conheci no início dos anos oitenta no Canadá. Tinha sensivelmente a idade que eu tenho hoje, era casado com uma francesa, a Marie, consideravelmente mais nova. Não tinha filhos, tinha amigos e pertencia a um grupo de gente que se reunia todas as semanas para jantar, conversar, passar um ou outro fim-de-semana num lago perto de casa, ir ao cinema e ao teatro e jogar ping-pong. Quando o conheci, Ralph tinha amputado a perna direita ao nível do joelho, mais tarde continuou o procedimento até à coxa. Seguiu-se a  perna esquerda. No início a cadeira de rodas era o seu transporte, depois os braços de um amigo. Ralph, nunca deixou de se juntar a nós por preconceito ou pudor de incomodar . Ralph, participou até a idade e a sua condição física o permitir. Os amigos sentiam-se privilegiados com a sua presença e eu estou certa que ele também assim pensava. Por isso, Bacouca, as pernas e os braços ficam ou vão até onde a mente e a aventura nos levar.

21/08/11

Sons


ASA (asha) - Bimpé (Acoustic) Ce soir ou jamais

12/08/11

Entre terras do Porto Santo e da Madeira e de S. Martinho

Após uns breves dias junto dos meus amigos numa praia magnifica com um mar verde, limpo e quente e, como não podia deixar de ser, com os grelhados do Nani e a boa disposição dos restantes convivas e uma passagem breve pela Madeira para dar um abracinho aos meus netos, assento arraiais em S. Martinho do Porto. Tem sido muito gratificante rever quem há um ano se preocupou comigo e este Verão me cumprimenta com um sorriso rasgado e algo descansado. É verdade, estou aqui de pedra e cal, fazendo as minhas caminhadas na praia, as minhas braçadas dentro de água e ...eu sei....menos sol e mais cuidado, mas  igual no riso e no siso.:)

A pensar na Dreamer

Quando iniciei a leitura deste livro, lembrei-me da Dreamer e quanto esta amiga deveria gostar de o ler. Por isso aqui fica a sugestão. Eu gostei muito. A narrativa leva-nos constantemente entre o nosso passado e o presente português na cultura árabe, e dos portugueses de hoje e outrora. Leonor Xavier mostra-nos os caminhos de Afonso de Albuquerque numa peregrinação dos dias de hoje à procura dos vestígios do passado. Os desenhos de João Queiroz são parte imprescindível para a vivência da viagem.

01/08/11

Passado um ano

Ainda estou na fase de contar. Faz um ano, que terminei os tratamentos de radioterapia que se seguiram aos de quimio e, que iniciei o caminho de regresso à normalidade. Num ano muito aconteceu. Nasceu o Tiago, vi a Francisca crescer, voltei ao trabalho ainda com algumas limitações, fui desbravando caminhos dentro de mim, assisti ao regresso da trunfa chamada cabelo, passei tempo com as minhas duas filhas. Fiz uma viagem há muito programada, pela Suécia, Noruega e Dinamarca.Tentei recuperar alguma mobilidade perdida  pelo meio dos exames médicos de rotina. Apesar de rotineira, a vida ainda não voltou a ser igual ao período antes do cancro. Provavelmente não voltará a ser, existe outra serenidade e outros interesses também. Há dias alguém me disse que as minhas feições já estavam a ficar idênticas ao passado. Também penso que sim, mas ainda estou longe daquela que fui. Tudo tem o seu tempo e tudo leva o seu tempo. Outro amigo, que já não me via há um ano, disse-me que estou mais avó. Era um elogio! Daqui a umas horas, farei uma consulta de rotina. A do primeiro ano. Depois, recomeçarei a contar.

21/07/11

Acho XV

signo de caranguejo
Que isto de ser avó pela segunda vez, tem que se lhe diga. Nasceu o rapaz que vem fazer companhia à "princesa". O pai está radiante, a mãe cansada, as avós com um sorriso alargado e os avôs muito babados e senhores da sua descendência. Para já, o ganapo tem cara de quem quer levar a vida com um franzir de olhos, somente porque ainda não conhece as brincadeiras aqui desta avó e ainda está para ver os tolos dos tios e tias que  neste país andam à deriva. Como bom tripeiro, este Tiago nascido sob o signo de caranguejo será um homem de família, um cavalheiro e um senhor!

15/07/11

Um abraço ao Francisco

Monte Kilimanjaro, Tanzânia
Pela sua coragem e determinação, o Francisco conseguiu, e por ter chegado o ambicionado dia, outros poderão beneficiar. É bom ter amigos assim.

Acho XV

Portugal um país de tamanho colossal.

09/07/11

Era um vez na América



08/07/11

Tempo com qualidade

Uma das perguntas frequentes, aquando das entrevistas personalizadas, é a de saber como gostaria o/a entrevistado/a de ser recordado após a sua morte. Confesso, que se me fizessem a dita pergunta assim de repente, eu não saberia responder. Penso, também,  que o mesmo aconteceria à maioria das pessoas, a menos que já tivessem ensaiado a resposta ou nada mais fizessem do que auto avaliar-se e na sequência do deslumbramento se auto-elogiassem. Porque é um elogio que todos ambicionam ou é uma avaliação desapaixonada do seu desempenho de vida?
Para aqueles que reconhecem o papel da fé cristã, a caminhada é orientada em termos de etapas. Assim, a nossa vida pode ser coberta de passagens boas, más, amigas e adversas, merecidas ou injustiçadas. O seu desenrolar ditará como diz o JdB "o tempo com qualidade" porque é esse que conta e só ele que cura. " O tempo não cura nada, o que cura é a qualidade do tempo"! E o tempo é eterno ou limitado conforme o soubermos compreender.  As etapas vencem-se, atingem-se, representam um marco no nosso tempo. Por outro lado, as fases ultrapassam-se com maior ou menor benevolência, teimosia, ansiedade, repulsa, tristeza ou alegria, dor ou saudade.
A maioria aceita as fases, alguns determinam-nas em etapas. Ontem o DN publicou a ultima crónica de Maria José Nogueira Pinto. Em "Nada me faltará" deixa-nos o relato de uma vida e como gostaria que na sua passagem a recordássemos.

Mariana, parabéns!

Jóias de família, Stern
A minha filha Mariana, a caçula, faz hoje 21 anos. Está linda como sempre foi, mas hoje vejo-a com os olhos de mãe e de mulher. A minha filha está cada dia mais adulta, mais preocupada com os outros, mais conhecedora e atenta ao mundo à sua volta. A minha filha Mariana está no bom caminho e a um passo de ser uma grande mulher. Vejo-a capaz de tudo, cheia de força interior, de brilho nos olhos, de plenitude. Deixou de ser apenas "uma força da natureza" para se transformar numa verdadeira pessoa. Cresceu para ela e para os outros. Será uma jóia rara. Parabéns, filhota!

13/06/11

Quotidianos do Porto

Livraria Lello
O taxista que nos levou ao aeroporto não se queixava da vida. Tinha clientes certos, corridas generosas e estava bem relacionado. Para além de fazer ginásio com o antigo futebolista Fernando Gomes, de saber onde morava um conhecido economista nortenho e onde passava férias o ministro das finanças, ele conhecia os Resende, os Menezes e os hábitos de jogging do senhor Jóia. Sabia, igualmente, que eu não o acompanhava, mas ficou-se por aqui. Deve ter achado bem! Eu fiquei feliz porque não fosse o diabo tecê-las e o homem se tornar demasiado inconveniente. Primeiro, porque por aquele andar ainda punha o meu Jóia em apuros e podia dar-se o caso do taxista reconhecer o joelho esquerdo da minha vizinha da frente junto de um pé direito que lá teria de caminhar torto um dia destes. Segundo, porque com um pouco mais de atenção e o cavalheiro ficaria a reconhecer-me para o resto dos meus dias.
Por outro lado, é um regalo ver o Porto cheio de turistas.O terminal de Leixões ampliado para receber navios de cruzeiro e recentemente inaugurado deverá ter influência. De qualquer forma, a cidade anima-se com gente de máquina ao peito e coloridos chapéus. E já agora, mencionar que a Lello se enche logo pela manhã com gente de toda a parte e que ainda mantém o chão com o tradicional cheirinho a madeira encerada à moda antiga.
Com a passagem das eleições, parece que as obras de manutenção da CMP diminuíram, o que facilita o transito e a visita à cidade. Chegou-me aos ouvidos que um número elevado de engenheiros vão ser dispensados por falta de obras na cidade.
Finalmente, é divertido verificar que chega o momento em que os filhos são mais conhecidos que os pais, e que a fase em que éramos os pais do A ou do B foi substituída por aquela, em que ao entrar no avião nos perguntam se somos da família do A ou do B, que por sinal são nossos filhos ou nossos sobrinhos. Por isso é com um sorriso nos lábios que partimos e regressamos ao país e à nossa cidade.

16/05/11

Uma verdadeira portuguesa, a minha neta

Uma vez por semana vou buscar a minha neta Francisca ao infantário, passamos uma belo fim de dia juntas e fazemos aquilo que faz parte dum  despreocupado programa  avó-neta. A rotina é um bom principio de aprendizagem e através dos alimentos vamos aprendendo, eu a conhecer os seus gostos, ela a reconhecer os sabores. Numa das últimas vezes calhou o jantar ser carne de porco. A Francisca gostou muito e perguntou várias vezes "o que é isto, vovó? É cáne?" Fui respondendo, mostrando o animal num livro, falando das várias partes que comemos e satisfazendo a sua curiosidade. Passado uns dias, chegada a hora da refeição a Francisca perguntou se ia comer porco e perante a perspectiva do peixe e do peru noutra ocasião, a minha neta insistia em querer comer o dito.
As crianças são de manias e gostam de ser teimosas por isso não liguei, mas eis que surge o tal filme para finlandês absorver e aí, eu pensei - será que em vez do Noddy a minha neta anda a ver outros videos ou posso afirmar que ela é uma verdadeira portuguesa?

06/05/11

Best wishes

04/05/11

Uma mancha no copo

Não é que tenha pena, muito menos que me pareça ofensivo, só que lhe falta "some flavour of justice". Não vimos cenas de combate, não presenciamos surpresa ou defesa pessoal, não ouvimos tiroteio ou gritaria, apenas nos comunicaram a sua morte. E, mesmo que desejada, não gostei de ler que Obama teria presenciado à distância como se estivesse, pacatamente, a ver um filme de acção. A Obama, ou a qualquer outro Presidente dos EUA, cabia-lhe capturar Osama bin Laden e mesmo sabendo que o final seria o mesmo - a morte -  eu preferiria ter visto o seu julgamento e a aplicação da pena de morte em vigor nos EUA. Eventualmente dar o aval para o cenário de morte dum homem, mesmo que assassino, deve ser igual à decisão de mandar avançar tropas para outro continente com a intenção de matar. Apesar de no segundo caso parecer algo normal e no primeiro um acto de justiça vangloriada, não deixo de ficar com um sabor amargo e uma mancha  no copo que eu não gostaria de ver em Obama.

19/04/11

Ser boa gente

Há homens, que não podem ser vulgares sob pena de passarem despercebidos. Há homens, que têm de ser excêntricos para, ao serem amados ou odiados, serem ouvidos. Há homens que só servem a pátria se souberem ouvir e gostar dos outros. Há homens, que gostam mais de si próprios durante a maioria do seu tempo. Há homens, que não conseguem remediar o passado apesar de serem ricos. Há homens, que desperdiçam os seus talentos na busca de uma crença. Por outro lado, há pessoas que, apesar de menos interessantes, conseguem ser grandes homens. Uns e outros não deixam, porém, de poder ser boa gente.

13/04/11

Paga o justo pelo pecador

A empresa em que eu trabalho faz tempo que tem um display electrónico. O dispositivo para além de chamativo tem o poder de divulgar produtos e outros elementos que se considerem estratégicos. É um mobiliário publicitário da estratégia de comunicação. Como está exposto às intempéries tem uma taxa de avarias elevada. Desde o inicio da sua existência que a empresa fornecedora é chamada para reparar os males que, de tanto acontecerem, eles, os fornecedores já conhecem e o cliente, impacientado com as reparações constantes, chama a contragosto e desconfiança. Assim, apesar de durante anos todos os intervenientes andarem neste banho-maria, o dito display ia sendo reparado e reiniciado quase sem se dar conta do seu problema, ou seja, mantendo a informação no ar de forma constante e continuada. Até ao dia, em que exautos de confiar nos mesmos,  decidimos desconfiar de vez do fornecedor e ditar regras diferentes. Outra empresa, que uma vez chamada, disse logo o que os ouvidos cansados queriam ouvir: "isto resolve-se já e se tivéssemos sido nós a vender, nada disto acontecia!". A empresa milagrosa, em quem se depositou nova confiança e que passou a reparar o dito, apareceu em Novembro do ano passado. Estamos, em Abril e o display continua parado e não conseguiu manter-se no ar 24 horas seguidas desde então.
Nós, portugueses, temos a mania de desconfiar de todos e de achar que o próximo é sempre melhor que o anterior. Os portugueses gostam de pensar que são mais espertos que o anterior pensador ou que pelo menos somos bafejados por luminárias com poderes para alvejar o mal instalado fornecendo soluções que pelo facto de serem iguais mas apresentadas por gente diferente nos tirará da miséria e do marasmo. Existe a convicção de que pelo menos mudar faz bem e trará ventos melhores, e acima de tudo gente mais honesta. Os portugueses como desconfiam de tudo e de todos pensam que o próximo é sempre mais honesto e menos mentiroso que o anterior. Poucos dias passaram sobre a demissão de Sócrates, sobre o aparecimento de Passos Coelho com ar de primeiro-ministro e já verificamos que as trapalhadas e as afirmações que têm de ser desmentidas ou esclarecidas são e serão mais que muitas. Poucas horas tem o FMI em terras lusitanas, mas também já deu para entender que afinal os PEC's não eram o pior que nos podia acontecer. Os portugueses deviam ter sido capazes de acreditar em quem já conhecia o mal e que dando um jeito aqui e outro acolá mantinha o aparelho a funcionar. Pena que tivessem pensado que os que vinham a seguir eram mais honestos que os anteriores.  Pena que tivéssemos deixado cair a democracia nas ruas da amargura e que já ninguém soubesse onde andavam os honestos e desonestos. Paga o justo pelo pecador!

31/03/11

Vou ali e já venho

Victoria Station, London
Como  não há paciência para ouvir, vou ali e já venho. Com a  prosa do Passos Coelho posso bem e vou ali e já venho. Com os juros da divida externa não posso mas vou ali e já venho. Com os dados oficiais rectificados do desemprego vou ali e já venho. Com as medidas de salvação nacional dos partidos da oposição vou ali e já venho. Ainda assim, logo à noite, vou ouvir a Judite entrevistar alguém que já não sei quem é e amanhã, agora sim e de verdade vou ali e já venho.

28/03/11

Good Madness à segunda-feira!


Jazz Funk - Jeff Lorber Fusion - Rain Dance

24/03/11

Nós e o necessário tempo


É sempre assim. No momento em que uma pessoa  farta - de dizer, batalhar, argumentar, soletrar, pedir, equacionar, repensar, refazer, gritar, sorrir, chorar - bate a porta, não falta quem, a curto prazo, a elogie e enumere o mal que daí virá. Em Portugal, a emotividade leva-nos sempre a escolher o mal necessário no pior momento possível. Raros são os casos em que o mal se evita por análise racional dos objectivos a atingir. Com Sócrates foi igual. Não tarda que se verifique que afinal a crise política só serve os mesmos e que não é substituindo o Primeiro-Ministro ou um partido por outro que o país se endireita perante Bruxelas e perante os portugueses. Que ninguém fique convencido que o próximo governo será diferente nas medidas, porque tal como disse hoje Angela Merkel , a ela só lhe interessa o futuro do  Euro. Quanto ao resto e no actual contexto da UE, podem vir outros governos e outros partidos, que é igual ao litro. E esta, é a realidade que os portugueses deveriam ter percebido há muito tempo, a bem dizer, desde que aderimos ao Euro. Como diz o outro, é só uma questão de tempo para Sócrates regressar e voltar a ser aclamado.

Elizabeth

Adicionar legenda
Elizabeth Taylor (1932-2011)

21/03/11

Good-madness à segunda-feira!


Grupo Tutti - Primavera (Piazolla) - Instrumental SESC Brasil

19/03/11

Tapar buracos

Dos visitantes que chegaram  ao Aeroporto Sá Carneiro no último trimestre de 2010, 1,4% destinava-se à prática do golfe. Não sei quantos chegaram aos outros aeroportos com desejos idênticos, mas o que me parece é que são poucos quando olhamos para o empenho que se tem posto nos campos de golfe em todo o país. Por isso, é bom que os campos e a actividade se tornem competitivos, caso contrário, os turistas tradicionais irão cada vez mais para o país vizinho, para Marrocos, para outros destinos onde o valor do dinheiro seja melhor empregue. O azar do governo foi anunciar as medidas da redução do IVA numa época em que ninguém quer saber de golfe no relvado e onde todos nós queremos é tapar os buracos que por aí andam sem mais furos nos nossos bolsos.

18/03/11

Deixa pra lá

Mesmo que o dia esteja para ir até à praia, que te apeteça vestir uma roupa mais arejada e desejes flauzinar por aí, mas que logo hoje, ainda não consigas enfiar-te naquelas calças fantásticas ou naquela blusinha catita, deixa pra lá. Afinal de contas a primavera ainda nem chegou e já querias que fosse verão. Deixa pra lá!

15/03/11

AYM slideshow

Não há milagres de borla


Movements.org

13/03/11

Tudo bem

Estava enganada e o que me parecia uns tantos no início da tarde deu origem a 280 mil ao final do dia. O silêncio deu origem a algumas músicas e a alegria manifestada, os mastros mostraram as bandeiras e os cartazes, em todo o país a manifestação foi ordeira. Aos jovens juntaram-se outros segmentos descontentes e com o elemento comum de estarem à rasca. A ideologia continuou a não existir e o grito ou palavra de ordem foi a precariedade. Do emprego, dos benefícios sociais, das reformas. O manifesto descontentamento pelo actual governo foi visível e a demissão de Sócrates esteve nos manifestos. Alguns acreditam, muito ingenuamente, que a queda do governo trará o oposto às palavras dos cartazes, abundância, empregos estáveis, garantia de subsídios e outros complementos sociais para a vida. Houvesse conhecimento político e saberiam que assim não é. Pela positiva ficou a capacidade dos cidadãos, que outrora estariam em casa, terem vindo para a rua manifestar o seu direito à rebelião, mas isso não impede que esta manifestação tivesse sido ditada pela experiência de não querer ficar atrás de outros jovens que, através do facebook, convocaram concentrações pela democracia. Em Portugal, a democracia está em perigo, os movimentos que a pretendem abalar andam por aí à espreita de uma oportunidade. Para a proteger devemos saber esolher quem nos governa. Foi isso que o povo fez nas eleições anteriores. Um povo que vota num Presidente que quer governar e num governo que não zela pelos seus interesses é um povo precário e à rasca que necessita urgentemente de se reavaliar.

12/03/11

É este o povo, pá!

O efeito multiplicador é assim, não sabemos o que leva um, dois, centenas, milhares de pessoas a aderirem a uma causa. No passado era a ideologia, hoje sabemos que a experiência faz parte do processo e faltando a ideologia fica o humor, a raiva, o ódio ou o amor do povo. O que começou por ser um protesto da juventude passou a causa nacional com direito a manifestação e debate, dentro de dias será a representação de um país num festival, depois logo se verá o que vai ser. Esta cena, que até podia ser um movimento de luta, vai continuar e apenas os que não têm que fazer continuarão a passear o seu tempo pelas experiências, porque quem tem de garantir o que se põe em cima da mesa, vai lutar pelo retorno da ideologia da riqueza e pela experiência que a fartura traz ao povo. Para já, e por aquilo que já deu para ver, serão apenas uns tantos a andar silenciosos com cartazes na mão. Logo à noite a festa continua nos bares e locais nocturnos do costume com mais alguma algazarra. No início da semana outra experiência ditará a concentração a organizar nas redes sociais. Pelo caminho, alguns poderão acreditar que a luta se está a fazer, para a maioria tudo ficará igual.  É este o povo, pá!

10/03/11

O sobressalto


O discurso trouxe o sobressalto da falta de timing,  porque o verdadeiro teria sido no mandato anterior, sempre que o governo tivesse tomado medidas que o Presidente ponderando a sua função de "responsável" por todos os portugueses o tivesse admitido, chamado à atenção e usado os seus poderes ora de Chefe de Estado, ora de conhecimentos de economista e professor. Afinal, a única coisa que os portugueses gostariam de ter visto, era o desempenho de todas as funções do Prof. Cavaco Silva, do Presidente Cavaco Silva e do cidadão Cavaco Silva.
Fazer, agora na tomade de posse, um discurso supostamente revolucionário apelando ao poder da sociedade civil, que ao  ser analisado pelas diferentes forças e cores políticas, tanto no seu palavreado, como nas suas entrelinhas, passando pelo almoço com  jovens nas vésperas de manifestação, deixa no ar a possibilidade de dissolução da AR e  a capacidade virtual da  juventude com nome no mundo real,  só cria sobressalto de mau gosto e não de empatia, que dadas as directrizes que nos governam é apenas o sobressalto que não leva a nenhum salto concreto.

07/03/11

Os verdadeiros... sans blague :)


iConcerts - Amadou & Mariam - Beaux dimanches (live)

06/03/11

Dimanche à Bamako


Amadou et Myriam

04/03/11

Bolo de lama do Mississippi para a Carlinda

Para 6 a 8 pessoas:

112 g de manteiga derretida
180 g de açúcar
30 g de cacau 100%
2 ovos, levemente batidos
½ colher de chá de extracto de baunilha
Uma pitada de sal
90 g de farinha de trigo
½ colher de chá de fermento químico
75 g de nozes tostadas e grosseiramente picadas
150 g de marshmallows pequenos ou dos grandes cortados em 4 partes.
50 g de chocolate de leite
25 ml de natas
Pré - aquecer o forno a 180º C.
Untar com manteiga e polvilhar com cacau uma forma de 23 x 12 cms.
Misturar a manteiga com o açúcar, o cacau, os ovos e a baunilha e bater cerca de 2 minutos.
Noutra taça misturar a farinha, o sal e o fermento.
Adicionar à primeira mistura batendo apenas até que a massa fique homogénea.
Juntar as nozes e misturar bem.
Verter a massa na forma.
Levar ao forno por 25 minutos.
Retirar do forno e espalhar os marshmallows por toda a superfície do bolo.
Levar novamente ao forno durante cerca de 5 minutos ou até que os marsmallows estejam ligeiramente dourados.
Retirar o bolo do forno e deixar arrefecer sobre uma grade de pastelaria.
Desenformar sobre um tabuleiro forrado com película aderente e inverter para o prato de servir.
Picar o chocolate de leite e misturar com a nata.
Aquecer no microondas com uma potência média e com pequenos intervalos de calor e mexer até homogeneizar.
Verter a cobertura sobre o bolo e terminar com mais algumas nozes.

A seguir come-se na presença de amigos e familiares acompanhado de uma taça de espumante e da canção. Parabéns, amiga!

Tirado daqui.
Adaptado de Southern Living

A madrinha


Depois da visita à madrinha, Sócrates volta com a fantasia dos 4,6% do défice. No podium do BCE a subida das taxas de juro é eminente. O Carnaval começa hoje mas termina na próxima terça-feira. Quarta é dia de cinzas e  inicio da quaresma, só que eu não acredito que a Páscoa seja acompanhada de novas tréguas orçamentais. Antes disso, o governo vai lembrar-se que o domingo de ramos é por excelência o dia das madrinhas.

02/03/11

Viajantes

(Imagem Graça Morais)

Parecem viajantes, deslocam-se com malas de médio porte em passo lento pelas calçadas. Assim de repente, ficamos com a ideia que pelas cidades passeiam ora jovens de outras nacionalidades com mochilas e rolamentos, ora gente de meia-idade à procura de alojamento. Em Londres, por exemplo, é normal a correria entre metro, combóio e autocarro, casa ou emprego com as malas pelo caminho. Logo pela manhã, o passo apressado que se verifica nos passeios da cidade, é acompanhado por pessoas que saem com destino marcado, seja uma estação de combóio, um aeroporto ou apenas mais um dia de trabalho. Por isso, quem habituado a uma vida de correria entre pontos de encontro observa cidades, não lhe parece estranho ver gente arrastando malas rua acima rua abaixo. Quando o olhar se cruza com quem se desloca ou nos deparamos com quem a dada esquina ou montra de loja conversa com outro viajante, verificamos que afinal a mala é a casa e o viajante vive acompanhado pelos seus pertences, almoça ou janta no albergue mais próximo, veste roupa lavada e usa as facilidades sanitárias dos banhos públicos ou casas de apoio e de solidariedade ao dispor. São reflexos dos tempos, escolhas de outros, dizem alguns, são os viajantes sem tempo, eternos andantes de um lado para o outro, com medo de morrer num lugar onde nem os cães os encontrariam. São os desconsiderados pela família, pelos vizinhos, pelos conhecidos, são os corpos castigados pelo sistema que, hipocritamente, por eles vai zelar e que no final lhes penhora a mala ou a vida. São pessoas que têm cara lavada e roupa a condizer e que no Portugal, supostamente ainda solidário, nos parecem apenas viajantes.
A morte da idosa abandonada há nove anos num apartamento perto de Sintra, vem de forma abrupta por em causa a ética social em que vivemos e para quem a palavra dos vizinhos não bastou e a falta de respeito da família levou à execução fiscal. Tivesse a pobre senhora feito parte dos viajantes com mala a reboque e, muito provavelmente sem querer tal sorte, ainda contemplaria a vida pela janela duma ilusão mais consoladora.
Escolher é um direito, optar por uma escolha nem sempre é igual a estar melhor, mas é seguramente um dever de todo o cidadão e um direito duma sociedade democrática. Pensemos, então, no que podemos fazer para evitar casos semelhantes e olhemos menos criticamente para esses viajantes que, não tendo casa, vivem de forma errática pelas cidades.

(publicado igualmente no Delito de Opinião)

01/03/11

Hoje

o Delito de Opinião estende-me a passadeira vermelha. Um especial abraço à Ana Vidal e ao Pedro Correia.

28/02/11

Good-madness à segunda-feira!


Lauryn Hill - I just want you around

22/02/11

Nem mais, Ricardo!

Se tumultos no Ocidente me sobressaltam, as manifestações que têm assolado nos países muçulmanos ainda me deixam mais inquieta. Movimentos em prol da democracia em países deficitários dela, com angariação de adeptos através do facebook e utilização de recursos literalmente à mão, é uma moda que uma vez instalada não deve trazer nada de bom. O rastilho que começou na Tunísia e foi seguido no Egipto não tardará muito a tornar-se uma grande mancha no mapa geográfico,demonstrando o pouco que sabemos sobre as populações e o muito que vamos recordando sobre os governos, os aliados e a política de interesses. Nas últimas horas temos olhado para a Líbia. Kadafi, aos anos que anda a brincar aos homens honestos e quem o apoia ao gato e ao rato. A análise muito certeira aqui.

20/02/11

O Blogue das coisas simples e o meu Canada

"the fresh aspect is a glimpse into the things that make life interesting both at home in northwestern Ontario and beyond and includes, but is not limited to: surfing, photography, fish, wildplaces and simple existences." Eric Berglund

Lake Superior whitefish baked skin on
photo by Eric Berglund here
Não é a primeira vez que o trago aqui. Gosto deste blogue porque me remete sempre para a simplicidade das coisas da vida, algo que eu aprendi quando vivi no Canadá. Quando em Ottawa faziam temperaturas de "minus 35 Celsius", a única forma de as sobreviver era vir para a rua fazer o mesmo que todos os canadianos. Aproveitar o sol que não aquece mas tem um brilho e uma clareza divina, sentir o ar que arrepia a pele e nos greta os lábios mas que nos devolve o ritmo cardíaco da paixão. Andar de"snowmobile" pelos lagos,comer um peixe fresco acabado de pescar, mergulhar nas águas gélidas enquanto aguentamos e voltar a mergulhar assim que pudermos, dar uma caminhada na floresta enquanto é dia e os animais  não espreitam e fotografar, mesmo sem máquina, tudo o que vemos.
O Norte do Ontário é suficientemente místico para nos interessar por histórias e tradições de indios, com  lagos e  povoações que nos aparecem na estrada ficando a sensação que só mesmo o fantástico pode ter criado um país assim. É feito de movimento e áreas escondidas, tem curvas e montanhas e povoações como WaWa , é isolado e nalguns casos sem vivalma. Não admira por isso, que as pessoas protejam o que têm de forma tão intensa e possessiva. Fazem bem! Por isso, quando num país cheio de bom clima como o meu, bastam uns salpicos para nos cheirar a tragédia, aquelas imagens devolvem-me essa capacidade de apreciar as coisas simples de qualquer lugar.

18/02/11

Uma menina feliz e uma avó divertida

A minha neta Francisca é uma menina feliz, tem a cara risonha, olhos grandes e um jeito meio adulto de avaliar e olhar para as situações. No meio das comidas imaginárias feitas por ela e por mim saboreadas, observo o pormenor e o carinho que aquelas mãozitas colocam no que fazem. Divertimo-nos, as duas, eu com caretas e palhaçadas e ela com gargalhadas perante esta avó meio tonta que lhe conta histórias inventadas, dança e ri que nem uma macaca.  É muito bom ver crianças felizes e mimadas por quem lhes quer bem, e poder participar nestas brincadeiras é uma delicia.

16/02/11

Se o governador o diz


Acho, que se o Governador do Banco de Portugal, finalmente o diz, tem de ser verídico e já podemos acreditar!

Petizes à espera de atenção


Há tempos a Luísa usou a expressão "moda curricular". Na verdade, essa é a motivação de muitos dos nossos estudantes quando saem do país. Começam com o programa Erasmus, hoje parte quase obrigatória da licenciatura, em que aproveitando a oportunidade de ir para outro país durante uns meses se libertam da tutela familiar continuando, no entanto, a ser encargo e despesa paterna, divertindose e conhecendo outros locais. Raramente trazem outro empenho que não seja o de voltarem a sair mal acabem o curso, porque o que viram os deixou fascinados pelo número de locais de diversão e lazer que por lá encontraram, muito pouco pelos locais de trabalho que eventualmente possam vir a ter. Muito pouco pela cultura dos países que os acolheram e ou pelas oportunidades de trabalho que face ao seu país pensam encontrar. O tema volta a ser pertinente numa altura em que os jovens se reúnem na AR para, entre outras coisas, chamar à atenção sobre a sua, dizem eles, triste situação. Nunca uma geração teve tantos privilégios como esta que agora reclama nada ter. Para a maior parte a vida tem sido  fácil e tudo adquirido  sem grande esforço. Fazem parte da geração que nasceu com os audiovisuais, aprenderam em frente do televisor, do computador e conheceram a confusão do virtual pelo real. Mais ainda, são a geração do sucesso, nasceram a acreditar que tudo podiam atingir, esqueceram a parte do esforço, são os filhos das explicações e da  psicanálise familiar, são os pequenos habituados às creches e aos ATL desde a nascença, são petizes à espera de ser entretenidos e admirados por toda a proeza e que chegados à idade adulta não estão preparados para viver as adversidades da vida, recorrendo a quem está por perto para os livrar das situações menos agradáveis. Para uns são os cheques dos progenitores, para outros os cheques do comunidade, raramente pela recompensa do seu valor, porque aqueles que têm ambição metem pernas a caminho e vão procurar o que sentem de direito. E, mesmo que seja fora do seu país, não será nada de extraordinário comparado com outras gerações que tiveram de o fazer por situações bem mais graves como a guerra colonial ou o terem sido desalojadas à força do que era seu. Porque os jovens que hoje se queixam, e que cursos universitários têm com formação inclusivé no exterior, deverão estar à altura de outros  instruídos pelos mesmos sistemas de educação europeus, podendo se assim o quiserem e se esforçarem, competir em mercados mais alargados. É tudo uma questão de querer a luz do palco e o esforço dos bastidores sem estar à espera de ser permanentemente aplaudido.

14/02/11

Só mais uma volta


Tiago Bettencourt & Mantha - Só Mais Uma Volta

Afinal quem é que é parvo?

Gil Vicente - Auto da Barca do Inferno
A geração não é parva, escolheu foi o curso errado ou pelo menos a universidade sem futuro. Nos finais da década de oitenta, com um número de estudantes a rondar mais ou menos o mesmo da época anterior ao 25 de Abril, surgiu um boom de universidades privadas em Portugal.  Ninguém se questionou, na altura, o que iriam fazer todos os licenciados que a um prazo de 30 anos procurariam emprego. Apenas foram pensados os que sairiam daí a dez e, confiantes nos fundos comunitários, assim se foram organizando cursos, mestrados e doutoramentos. Pelo caminho, também fomos abrindo o mercado a estudantes estrangeiros que, uma vez formados em Portugal, não quereriam regressar aos seus países, nomeadamente, os da lusofonia. Portugal, passou a gerir a formação universitária da mesma forma que a formação profissional, ou seja, procurando os cursos que o ministério aprovaria através das verbas em curso e menos pelas necessidades do país. Os estudantes foram surgindo gradualmente, com a certeza de que uma vez não tendo médias no sistema público, tal não seria problema para escolher um curso junto duma instituição privada. Para além das faculdades surgiam igualmente os institutos superiores que rapidamente ofereceram licenciaturas e finalmente com o acesso a Bolonha, os licenciados passaram a ter um mestrado integrado numa área do saber cada vez menos aperfeiçoada. No entretanto, o mercado de trabalho foi estagnando, as importações foram aumentando, a globalização promoveu a deslocalização de empresas para outros mercados, o preço da mão de obra foi ficando cada vez menos competitivo e eis que os primeiros desempregados licenciados aparecem nas listas dos centros de emprego. Se no início, a retoma era fácil, à medida que outros licenciados foram saindo das universidades, as listas de jovens à procura de emprego foram engrossando, passando estes candidatos a desempregados de longa duração, a prazo não muito longínquo. Para muitos, a solução foi continuar os estudos, passando a integrar novos cursos de pós-graduação, alimentados pelos subsídios comunitários, concorrendo também para isso, os estudantes das universidades públicas, que entretanto, também aumentaram em número. Para os pais, estes jovens passaram a representar um custo acrescido, e que não tinha sido previsto, passando agora não a contribuir para minimizar as despesas domésticas, mas pelo contrário a contribuir para o desemprego dos mais velhos. Os pais tiveram de encontrar empregos a dobrar tirando o emprego aos seus e aos filhos do alheio. Ironia das ironias, os jovens que se dizem parvos ditaram regras aos pais que os fizeram nascer, tiveram de os educar, pagaram escolas e universidades, sustentaram-nos até idade tardia e ainda tiveram de se reformar antecipadamente para lhes dar o emprego precário, que é pago por subsídios ao emprego. Quem é parvo não sei, ingénuos suspeito, mas que andamos a fazer figura de parvos não tenho dúvida.

06/02/11

Italiana, 54 anos,polémica e corajosa mãe


Gianna Nannini - Ti voglio tanto bene - Io e Te

31/01/11

Miguel Gameiro - O teu nome

29/01/11

Alemães e portugueses

A notícia não seria tal se os alemães não tivessem começado a chegar em 1980, há um ano se tivesse desconfiado e há um mês se constatasse a veracidade dos factos e há dois dias se tivesse divulgado. Assim, de repente até parece mentira, mas não é. Os alemães, ou seja a Alemanha, ao abrigo duma lei que permite enviar, "deslocalizar" cidadãos problemáticos  para outros países da comunidade, para se tornarem gente civilizada,  desatou a despachar jovens para o Alentejo e Algarve. Esses jovens são enviados para casa de famílias alemãs que recebem 3800 euros mensais para os porem no sítio, os jovens claro. Estes, pelos vistos começaram a fazer alguns desacatos que se tornaram indesejáveis e deram nas vistas, apesar de andarem há 25 anos por aí. As famílias encantadas, e só é pena de não serem portuguesas a ganhar o tal chorudo subsidio, devem ter um pezinho de meia jeitoso e bem escondido. A tal associação que deveria formalizar o acordo comunitário nicles, diz que anda há dez anos a tentar, coisa que sendo os alemães gente tão séria , rápida e eficiente me espanta.
Agora e no meio disto tudo, eu pergunto se não somos mesmo uma cambada de parvos por termos deixado fugir este acordo para as mãos dos alemães e ainda mais não termos tratado de enviar em primeira classe para a Alemanha, todos aqueles indesejáveis que se encontram espalhados pelas cidades e terras deste país.
No mínimo somos muito distraídos!

Terapias

Como rotina semanal, e para além, dos outros afazeres, tenho logo pela manhã a sessão de fisioterapia. É mais ou menos como ir ao ginásio antes de começar o dia. O meu terapeuta, que podia ser meu filho, mantém a boa disposição e o ambiente aprazível com humor e voz decisiva para que o Sr. Mário tenha força nas pernas ou a D. Vitória mantenha, aos seus 85 anos, mãos que lhe permitam melhorar o seu dia-a dia. Há de tudo um pouco, a maioria são pessoas acima dos 60 anos, os homens com queixas motoras, as mulheres com problemas que se advinham consequências de osteoporose ou de muitas horas em tarefas repetitivas. Aquela sala é para a maioria uma forma de convívio onde vão contando estórias do antigamente, misturadas pela realidade actual, mas acima de tudo é um espaço onde não há lugar a lamurias, porque cada um tem o seu mal e onde cada um quer mostrar o seu melhor. Assim, o amigo que já fez quilómetros de estrada, fruto da sua profissão, é "um louco por paisagens" e também "ama o seu país, apesar de não conhecer outro". Palavras que não teriam sentido se a descontracção do ambiente não o favorecesse e aquele senhor entre os sessenta e os setenta teria dificuldade em utilizar de forma tão solta o verbo amar e auto intitular-se um louco por alguma coisa. As questões da política e do estado social também são discutidas e para aqueles que se deslocam diariamente em ambulância pública, para uma clínica fisiátrica privada, com acordos com o Estado, a aceitação do pagamento do serviço a partir de em breve, não é fácil. Os bombeiros que fazem o transporte dizem que não é rentável, mas o que é certo é que também há casos em que não se justifica. Pois tal como comentava o meu colega nas roldanas há dias, "se é para eu pagar, então mais vale comprar o passe!" Pois, é meu caro, para que alguns possam ter acesso aos bombeiros é mesmo necessário que aqueles que podem com as pernas, abram os cordões à bolsa. E também que se encontre meios para continuar a prestar os serviços daqueles que não têm nem pernas nem bolsa e que  necessitam do tal espaço em que a fisioterapia lhes proporciona uma esperança de melhorar as pernas, os braços e a mente.

26/01/11

Cadeiras

Alvar Aalto (1929)
Este mês regressei ao meu local de trabalho com a vontade de quem quer contribuir para a riqueza nacional e pessoal. Assim, tratei de perceber onde podia atacar o meu espírito livre e desenvolto por meses fora da secretária e da cadeira habitual. Alinhei ideias, afiei lápis porque ainda gosto de escrever sem teclar, ajustei o computador, dei uma voltinha na secretária, e preparei os dossiers vazios. Tarefa seguinte, pedir alguns elementos para me situar e focalizar, fazer o ponto de situação e, sem muitos alaridos, tentar equacionar a melhor forma de diplomaticamente dar a minha opinião sobre o trabalho desenvolvido por outros na minha ausência. Tudo devagarinho e com meias descanso, lá tenho entrado pé ante pé no dia a dia empresarial. As perguntas são normalmente seguidas de um porquê por parte de quem me ouve, nada de especial apenas que o reganhar da confiança se faz devagarinho e com muita subtileza. E mesmo que os anos nos tenham dado provas de capacidade, não é de repente, mesmo que o lugar se mantenha, que se reganha. Tudo isto, porque a liderança e os lugares não se conquistam apenas por se encontrarem  vazias algumas cadeiras.

24/01/11

Good Madness à segunda-feira!


Tony Awards Me & My Girl " Lambeth Walk "

23/01/11

Eu e a minha senhora

sorrindo ao povo, que não vendo alternativa, votou Cavaco Silva.


Oxalá, digo eu, o povo não se tenha enganado ao pensar que ao votar em Cavaco Silva derrubaria o governo de Sócrates. Cá para mim estão os dois para ficar, constituindo esta, uma vitória para o actual primeiro-ministro. No entretanto, devemos é reflectir sobre o resultado da abstenção, essa sim a que verdadeiramente dá conta do desejo de voto dos portugueses.

20/01/11

A mania das grandezas

O Primeiro-Ministro e a mobilidade eléctrica para retratar a aposta energética portuguesa no World Future Energy Summit, em Abu Dhabi. 
Mobicar


17/01/11

O bloco de notas de Cavaco Silva

«Não pensem que eu não retenho os dramas que me são contados, os problemas que me são apresentados. Eu chego ao carro, eu tomo nota de tudo, e dessa forma eu fico a conhecer muito melhor a realidade do nosso país, os problemas das pessoas», descreveu o candidato.

10/01/11

Good Madness à segunda-feira!


João Gilberto & Tom Jobim - Desafinado

08/01/11

Para um dia chuvoso


Leonard Cohen - Go No More A-Roving

07/01/11

Adeus às armas

Após a notícia das mesmas, nada melhor do que ler Hemingway.

06/01/11

Parabéns, Senhor Jóia!

Para o Senhor Jóia que faz hoje anos e porque um  professor necessita de acreditar que a idade se renova com alunos interessados e interessantes, com audiências activas e espicaçantes. Parabéns, companheiro!

05/01/11

Tal e qual ela

(Mia Farrow)

Ao ler a notícia do Público,  tratei de seguir para o cabeleireiro contribuindo, assim e não só,  para as estatísticas do segmento de luxo, mas e também, para a substituição do estilo anterior por uma "Mia Farrow" bem mais ao meu gosto.  Eu, tal e qual ela, e o meu afinador de cabelos mantivemos um sorriso de luxo entre a afinação, a venda da respectiva cera essencial ao estilo e no caso dele a antecipação da fase final - o pagamento.
E enquanto encerava o meu cabelo, concluí que o aumento do consumo de luxo com um orçamento mais duro, só pode ser fruto de muita cera acumulada num país onde nada passa, tudo se há-de arranjar e depois logo se verá.