Nas empresas já sabemos que quando menos há para fazer menos se faz. Agora o problema é que a mesma versão se transmite ao país em geral, nada se faz porque nada há para fazer e quando aparece é feito às três pancadas por quem já se esqueceu como era trabalhar. As tarefas mais simples são feitas sem rigor, e mesmo aqueles que sempre cumpriram, estão agora entregues a si próprios e a pouco mais do que olhar para o ar, tornando o fruto do que se lhes pede uma pequena amostra do que costumava ser apresentado. Primeiro, foi a pedicure que levou um pouco do calcanhar, a seguir o fato que veio com os alfinetes sem arranjar, apesar de ter pago o arranjo, depois o hotel na nossa ilha preferida que apesar de tanta oferta de camas por lá, continua à espera que o sr. director chegue para confirmar a reserva. E finalmente, o banco que não sabe se pode aceitar o depósito de um cheque em libras esterlinas no valor ridículo de 500 delas. Depois de meia hora de espera e dois telefonemas para a capital, concluíram que, apesar de estas operações só aparecerem uma vez por ano, se podia fazer.
E eu pergunto, como é que podemos querer fazer parte de um mundo global, se ao mínimo fazer diferente tropeçamos e ficamos atarantados? Como é que podemos escolher o nacional de pequena dimensão, se não têm resposta imediata e é a nossa boa vontade que os alimenta? Como é que queremos internacionalizar se não temos a destreza de operar no mercado de valores ao nível mais básico e ainda lidar com mobilidade de bens e serviços? O acto de comprar e vendar divisas diferentes, num banco de grande dimensão, na cidade do Porto, num balcão pequeno, apresenta-se como um bicho de sete cabeças para o "caixa" que pedindo muita desculpa, diz ao cliente que não sabe se pode fazer.
O problema continua a ser o mesmo e que faz de nós um povo com menos produtividade que o resto da Europa grande. O nosso capital humano não está preparado, nunca esteve e continua na mesma, apesar de muitos cursos de formação bem maiores que os do ministro Relvas. Ou cada um se convence que tem de mudar ou nunca nos transformaremos. Se calhar, e provavelmente essa é a verdade mais pura, não queremos.
17 anos
Há 5 meses