Há tempos a Luísa usou a expressão "moda curricular". Na verdade, essa é a motivação de muitos dos nossos estudantes quando saem do país. Começam com o programa Erasmus, hoje parte quase obrigatória da licenciatura, em que aproveitando a oportunidade de ir para outro país durante uns meses se libertam da tutela familiar continuando, no entanto, a ser encargo e despesa paterna, divertindose e conhecendo outros locais. Raramente trazem outro empenho que não seja o de voltarem a sair mal acabem o curso, porque o que viram os deixou fascinados pelo número de locais de diversão e lazer que por lá encontraram, muito pouco pelos locais de trabalho que eventualmente possam vir a ter. Muito pouco pela cultura dos países que os acolheram e ou pelas oportunidades de trabalho que face ao seu país pensam encontrar. O tema volta a ser pertinente numa altura em que os jovens se reúnem na AR para, entre outras coisas, chamar à atenção sobre a sua, dizem eles, triste situação. Nunca uma geração teve tantos privilégios como esta que agora reclama nada ter. Para a maior parte a vida tem sido fácil e tudo adquirido sem grande esforço. Fazem parte da geração que nasceu com os audiovisuais, aprenderam em frente do televisor, do computador e conheceram a confusão do virtual pelo real. Mais ainda, são a geração do sucesso, nasceram a acreditar que tudo podiam atingir, esqueceram a parte do esforço, são os filhos das explicações e da psicanálise familiar, são os pequenos habituados às creches e aos ATL desde a nascença, são petizes à espera de ser entretenidos e admirados por toda a proeza e que chegados à idade adulta não estão preparados para viver as adversidades da vida, recorrendo a quem está por perto para os livrar das situações menos agradáveis. Para uns são os cheques dos progenitores, para outros os cheques do comunidade, raramente pela recompensa do seu valor, porque aqueles que têm ambição metem pernas a caminho e vão procurar o que sentem de direito. E, mesmo que seja fora do seu país, não será nada de extraordinário comparado com outras gerações que tiveram de o fazer por situações bem mais graves como a guerra colonial ou o terem sido desalojadas à força do que era seu. Porque os jovens que hoje se queixam, e que cursos universitários têm com formação inclusivé no exterior, deverão estar à altura de outros instruídos pelos mesmos sistemas de educação europeus, podendo se assim o quiserem e se esforçarem, competir em mercados mais alargados. É tudo uma questão de querer a luz do palco e o esforço dos bastidores sem estar à espera de ser permanentemente aplaudido.
17 anos
Há 5 meses
2 comentários:
Como aprecio o seu espírito crítico, sempre a acertar na "mouche"!
Estamos em perfeita sintonia, GJ.
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