A minha amiga
Judite, a quem a minha filha mais nova chama Juju, mudou de casa. Antes tinha-se reformado e muito antes ainda, tinha-se divorciado, tendo isto acontecido na época em que se tornou avó. Não é vulgar tudo isto acontecer a uma pessoa na segunda metade dos sessenta. Dois terços do anterior, ela não teria desejado, mas o terço restante, sim. Fui visitá-la ontem, fui ver a sua nova casa, fui ver o que em plena cidade ela, com a ajuda do seu filho arquitecto, conseguiu. Um espaço maravilhoso cheio de produtos da terra, lindo, um terreno transformado em horta e terraço. Fiquei maravilhada com aquela sala que abre sobre o terraço feito à medida da ocupante. Uma pequena casa restaurada em que o andar térreo é composto por um quarto suite e um fantástico
open space de sala-cozinha directamente para o jardim e um pequeno escritório bem enquadrado. E no andar de cima o atelier dum arquitecto jovem mas não velho, que assim pode deitar um olho na mãe sem que ela se sinta super protegida. Ao fundo do jardim vestígios das visitas dos netos e um trabalho em CD de uma ex aluna pendurado numa árvore para espantar pássaros danados. Uma ex professora que não está parada e que continua a criar e a pensar nos outros. Uma avó que ensina os netos com a ajuda da matemática do Donald, mostrando que a matemática pode ser de todos, uma mulher fantástica. A Juju que nas alturas mais difíceis tinha uma palavra doce e uma força brava para lutar contra os maus momentos, que ajudou inúmeros alunos a entrar na universidade, sem horas e com tempo para todos. A minha amiga está feliz com as suas favas contadas e eu também, ela merece e está de parabéns.