26/09/08

Por onde começar?

De volta ao terreno, por onde começar? Ao longo das semanas vamos escrevendo notas para posts e entradas que muitas vezes nunca chegam a ser. Passados dias, semanas, sei lá, os temas já nos parecem cansados e a frescura da entrada gasta ou a saber a papel. A escrita tem de ser feita no imediato, o pensamento tem de correr à velocidade dos dedos e o teclado faz parte do momentum. O principio transforma-se no fim e o inicio no meio e quando damos por isso outras coisas mais importantes ou mais actuais obrigam os dedos a percorrer o caminho de trás para a frente e de frente para trás.
"Tens o espírito livre", dizem-me à chegada e "tens tempo para escrever" continuam a dizer-me. E eu lembro-me do amigo que uma vez longe do país, deixou de ter tempo para escrever e aparentemente porque tem o espírito livre, e tem tempo. Tanto tempo que não tem tempo para escrever, tem tempo para partir à procura de novos tempos e outras preocupações se alojam no seu espírito. O meu amigo de vez em quando aparece e fala uma linguagem que já ninguém entende. É a linguagem do expatriado, porque o emigrante continua nele. E o linguajar faz-se num português que é estranho para quem o lê, e que alguns se atrevem a corrigir não no sentido mas na grafologia. E neste momento só me ocorre dizer com o poeta " gostava de estar no campo para ter saudades da cidade", porque bem conhecia Pessoa o português - inglês expatriado, emigrante na cidade e no campo, sozinho ou acompanhado, cá ou lá, presente ou ausente. Apenas português com e sem Portugal, sempre presente, sempre ausente!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ainda bem que teve tempo para escrever e para voltar ao terreno. Gostei de ler. E sorri, eu um ex-expatriado que se identificou com o texto.