Bento da Cruz responde, de pronto, à chamada: «Lá na minha aldeia, a terra estava dividida em leiras. Cada um trabalhava a sua. Pincipiei por sachar a minha como via fazer a todos os outros. Fui aquilo que hoje se chama um trabalhador infantil. Mas então ninguém falava nisso. Quando troquei a enxada pela caneta, a minha leira passou a ser o Barroso».
E ainda: «Para mim, Barroso é um Paraíso. O único ou dos poucos que restam à face da terra. Tudo no Barroso: paisagem, sol, luz, estrelas, flores, aves, bichos, gentes mantêm uma pureza e uma frescura edénicas. Estivesse eu naquele estado de graça do nosso pai Adão, antes da trincadela na maçã, e decerto arrancaria à minha leira verdadeiros tesoiros» (BOTICAS, 26 de Maio de 2008)
Não foi aqui que conheci o autor, mas em casa de uma amiga que tem a distinta particularidade de organizar jantares recheados de surpresas. E Bento da Cruz mantém a ruralidade dos escritores passados e a ingenuidade dos tempos em que havia tempo. A cidade e a profissão não retiraram nem a candura à escrita nem a ingenuidade ao homem.
17 anos
Há 4 meses
3 comentários:
Eu tinha um livro do Bento da Cuz, Filhas de Loth, que me desapareceu sem o ter lido... Mas ainda o hei-de recuperar.
Esse não conheço. O Bento da Cruz é um excelente animador ao estilo dos "Serões da Província".
Que giro, Ricardo: eu tenho cá o "Filhas de Loth" mas também nunca o li!
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