“Let homosexuals get married. Big deal. Plus, why should only men and women go through the misery of divorce. Let a couple of alternatives go through it. After a while they will ban marriage themselves.”
Independentemente da opinião de cada um e de cada qual, a igualdade do casamento tem também este lado das competências, e provavelmente o comentador tem razão no que diz. Assim que tivermos todos os mesmos direitos e deveres independentemente da natureza do género, vêm igualmente a seguir e da forma mais tradicional possível, todas as consequências do acto. E aí poderíamos ver se o número de divórcios aumentaria, se os casais com filhos adoptados ou não seriam mais conservadores, se as maleitas tradicionalmente associadas ao casamento surgiriam com maior ou menor frequência, se a adopção é o assunto mais importante nesta discussão ou apenas mais um direito que faz parte do pacote a que se tem direito, se o número de casais homo crescia de forma tendencialmente superior que o dos casais hetero, se os filhos tinham ou não diferenças na aprendizagem, se a questão cultural é a natureza do desgaste. Ou seja, na verdade, poderíamos analisar se o conceito de família se destruía ou pelo contrário repunha princípios esquecidos e quais são os valores que determinam a natureza dos seres. Mesmo sabendo que a dimensão da amostra teria de ser significativa para podermos comparar, "e outras coisas sendo iguais", eu gostaria de poder fazer esta análise em tempo de vida.
6 comentários:
Eu tenho que confessar, apesar de não ser politicamente correcto, que o assunto "casamento homosexual" nunca despertou em mim curiosidade em aprofundar o tema, ou requereu mais tempo de reflexão que o que tem requerido, ou seja, pouco ou nenhum. Já a análise que gostaria de fazer em tempo de vida parece-me bem mais interessante, apesar de, preguiçosamente, preferir que alguém a faça por mim, mesmo que não seja em (meu) tempo de vida. Não sou um bom cidadão, GJ.
Apesar de ser difícil no meu ou no seu tempo, Mike. E não é uma questão de ser bom cidadão, apenas a conclusão de um processo. Antropólogos e sociólogos por cá ficarão a analisar para os filhos e os netos destas gerações contarem como foi.
Para lhe ser franca, GJ, não sou realmente contra nada. O casamento civil é, para mim, um mero contrato, que pode adaptar-se àquilo que se queira. E sobre a questão da adopção, poderia ter mais reservas, se não fosse preferir uma criança adoptada por homossexuais do que uma criança abandonada. O que realmente me exalta nestas questões é o excesso de visibilidade que lhes é dado, num mundo em que há coisas infinitamente mais graves e urgentes; é o exibicionismo frequentemente chocante dessa gente que se nos quer impor, a todo o custo, como regra geral e não como excepção que é. É o mau gosto de tudo isto. De resto, também acharia muito interessante essa sua análise.
Estou de acordo, Luísa. Eu também não sou contra nada e o casamento civil é um contrato como diz. A questão da adopção é que é o ponto nevrálgico e para as pessoas solteiras em geral. Daí tanta questão à volta do tema. Andar à volta da palavra matrimónio ou casamento é apenas um fait-divers para a maioria dos intervenientes.
A minha opinião é que as excepções têm de ser tratadas como tal, independentemente dos direitos e deveres adquiridos.
Estou 100% de acordo com a Luísa e consigo, GJ. Não entendo o barulho que se tem feito em volta disto, a não ser atribuindo-o a uma manipulação política do assunto, muito conveniente para criar cortinas de fumo em tempos difíceis e para arregimentar exércitos em fileiras bem definidas. Tudo isto - e o mau gosto de tudo isto - me dá enjoo. Não vejo por que não hão-de os homosexuais casar-se e chamarem casamento àquilo que o é, de facto (o tal contrato civil), nem vejo por que tem a Igreja de pronunciar-se sobre um acto que não lhe diz respeito. A Igreja pode dizer que não admite no seu seio o casamento homosexual (religioso) - está no seu pleno direito e é lógico que o faça - mas não tem de ser consultada sobre o casamento civil.
Acho que este comentário vai passar a post, porque ainda tenho muito para dizer e não quero entupir-lhe a caixa de comentários... :-)
(Curiosidade: a palavra que me tocou na verificação de palavras é "reatio". Giro.)
As Igrejas têm todo o direito de aceitar ou não o casamento entre seres do mesmo sexo, tal como aceitamos diferentes confissões religiosas e não temos de as frequentar. Como muito bem dizia, José Vitor Malheiros na sua crónica do dia 3, no Público, é que "a sociedade aceita sem problemas o homo mas continua a ter dificuldade com o sexual".
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