06/03/09

Proteger a liberdade individual?

"Vá dizer aos adolescentes que namoram, que querem dar o passo seguinte e viver em união de facto, que agora vão ter que assumir tudo isto. E que quando a relação acabar têm de indemnizar o outro. Esta esquerda que se diz moderninha quer entrar em casa das pessoas e impor os seus padrões" (Nuno Melo)

O deputado do CDS apesar de ter razão no essencial e da sua adolescência já ir longe, atirou uma frase bombástica típica do ambiente da AR mas desvia a atenção do que interessa. E o que está mesmo à vista é que se o PS não conseguir aprovar a lei do casamento homossexual, tem por antecipação, a lei que vigora sobre as uniões de facto muito mais apertada e distinguindo-se pouco do que vigora no casamento civil, permitindo também, a seu tempo, facilitar a adopção por pessoas que vivam em comunhão ou em união de facto. Com isto pretende-se fazer lei à força, com a subtileza de nos fazer pensar que vamos todos ficar melhor. Provavelmente é fazer justiça alargada, mas é sem sombra de dúvida uma rasteira para todos, a começar pelos que querem que o casamento não tenha género e que seja aprovado. Este é um ponto onde naturalmente os partidos nunca vão estar de acordo e é também por se saber disso que o PS e o resto da esquerda quer adiantar serviço e aprovar o que já existe. E se for tão semelhante ao casamento que pouco distingue os regimes, a imposição de direitos retira pertinência a outros debates, mesmo que ao abrigo da liberdade ou da igualdade. E quanto a proteger as pessoas para que decidam livremente sobre as suas vidas, não me parece que necessitemos do estado para nos dizer como fazer.

2 comentários:

Mike disse...

Concordo, GJ. Também me parece que não (precisemos do Estado para).

Lina Arroja (GJ) disse...

E não devemos ser os únicos a pensar o mesmo.