Chegamos ao Natal, o fim do ano está à porta, desejamos a todos boas entradas e uma feliz consoada e a maioria apesar de depenada na azafama das compras e lembranças não encontra nada de novo para festejar. É pena! Pena, porque o país nada tem para oferecer, ninguém acredita em nada, todos andam indiferentes, mesmo aqueles cuja voz ainda se faz ouvir, os rostos abrigam olhares distantes e nem mesmo a solidariedade para com uns e a vontade de estender a mão a outros nos parece trazer felicidade. Há dias, o
Mike, citava um momento de reflexão sobre o PIB, o
JM escrevia sobre o salário mínimo, falavam sobre o mesmo por via diferente. Concordo com os dois, é o problema dos dois olhos, um peso e duas medidas, do "on the other hand", do qual a vida é feita. O balanço, o equilíbrio, o pêndulo, diferentes para cada um, igual para a maioria. Vivemos em busca da felicidade e meditamos sobre o eterno, questionamos o impossível, pesquisamos o infinito. Vivemos em função dum bocadinho de nada que nem sabemos se existe. Acreditamos que somos capazes de mudar o percurso indesejável e afinal não o conseguimos fazer sozinhos. Tal como o corpo humano, o país (todos nós) necessita de acreditar no esforço do corpo e da mente, porque tal como o milagre da fé pode ser um complemento do medicamento, também a intervenção de outras forças e correcções financeiras só pode funcionar se todos acreditarmos que somos capazes. Assim se venceram eleições, assim se movimentaram povos, assim se iniciaram projectos. Acreditar que um Messias virá resolver os nossos problemas, só nos deixa à espera do milagre que apenas acontece se a fé estiver ao lado do medicamento. O meu Jóia chegou à fé divina pela razão acreditando que a cura de qualquer doença só se faz com um esforço peregrino e nesse sentido, foi ao lugar que considerou certo, para trazer o que me faltava. Sabemos os dois que sem o químico não havia tanta certeza. Eu acredito um bocadinho mais no químico e na razão e ele na razão da fé. Estamos equilibrados, ambos trabalhamos para conseguir o que os dois desejamos - a felicidade e a vida eterna. A vida eterna que se manifesta, todos os dias através de actos, de lembranças, de seres que nascem, de embriões que deixamos gerar, de pessoas que continuam o nosso percurso. Que todos os dias sejam vida e que ninguém se esqueça de a alimentar com a fé e a razão durante o ano que brevemente se inicia, sem deixar de lado as razões do PIB, da educação, do Euro e dos mercados, da paz e da guerra. Vale a pena reflectir, vale a pena partir o bolo e não deixar de lado quem necessita de o comer. Vale a pena, olhar para os bons exemplos que conhecemos e acreditar que o destino está nas nossas mãos e acreditarmos que somos capazes. Boas Festas a todos!