03/03/09

Olha o guito, Barreto!

A malta cá da terra tinha umas poupanças mas atenção que não somos ricos, portanto não andem para aí a dizer que lá porque entregamos o dinheiro a um banco que era apenas pequeno e de investimento, somos ricos. Não, nada disso os depósitos a prazo que na verdade não eram a prazo mas de capital garantido com retorno absoluto, eram em média de 200.000,00 euros. E os bancos de investimento dos ricos são coisa diferente, aceitam valores muito superiores e isto não era para a maralha e agora não venham com tretas de gente rica a querer ter a devolução do que perderam. Os ricos têm cultura em geral por isso depositaram em bancos grandes que garantem o dinheiro. Agora a maralha só tem "coltura", a maralha também não percebe nada de contratos, que aliás não lê, nada percebe dessa história de spreads, investimentos curtos, longos, com risco, sem risco e a maralha o que quer é o seu juro e esse era bem gordo e chorudo. Só que o pobre costuma desconfiar da fartura e neste caso não quis saber. O que quis foi ter e ser igual aos outros tansos que acreditaram que a banca não enganava. Cultura financeira vamos ter a partir de agora, por sugestão da dra. Fátima da televisão que vai pedir à dra Maria de Lurdes do ministério que inclua essa disciplina no secundário. Aliás muito mais interessante do que outras disciplinas das quais os alunos estão mais do que fartos de ter e onde nada aprendem, pelo menos com esta vão aprender a não ser ursos e a ler tudo o que lhes puserem à frente. E também que em vez de acreditar nas instituições per si devem questionar os conselheiros da banca. E já agora ter a certeza que a rapaziada sabe do que fala.
Quem não precisa nada disto porque já nasce ensinado, e tem olho vivo é que se tramou. Daí que o Barreto sendo um homem importante e viajado, com o dinheiro ganho pelo suor e com a enxada a ajudar, tenha ficado aflito quando a maralha que lhe entregou as poupanças começou a telefonar lá dos países evoluídos. "Ó Barreto tu vê lá do guito, pá! Dizem que os bancos andam para aí a perder dinheiro a torto e a direito, tu vê lá Barreto que a malta está aqui emigrada e confia em ti!". E o Barreto ficou assustado e aproveitou a boleia e toca de contar a sua história. Eu gostei do Barreto, mas o que já me está a enervar é esta recente necessidade e falta de tato de colocar nos programas de"gente fina para seus iguais" os uns e os outros, cultura vs "coltura" e querer ensinar a maralha com ares de sabedoria mal aprendida tratando-nos a todos como maralha. O debate transforma-se num cine falcatrua com actores feitos à pressa e eu não gosto, "prontos"!

5 comentários:

Ricardo António Alves disse...

Deve ter sido hediondo.

Mike disse...

Cine falcatrua em cima do joelho e com actores feitos à pressa também não gosto. Prontos! :)

Lina Arroja (GJ) disse...

Nem mais, hediondo e ...prontos!

ana v. disse...

Olha o que eu perdi! Mas só ia servir para me irritar... não há nada que me deixe mais doente do tratarem-nos como atrasados mentais, coisa em que este governo é perito.

Lina Arroja (GJ) disse...

Gostam e por isso é que continuam convencidos que somos todos tansos.