27/01/08

Observatório

Os portugueses gostam de observar, devemos ter ficado com o hábito desde o tempo dos descobrimentos. Observar é um passatempo, é uma tarefa é mesmo uma função.
Num aeroporto observar as pessoas que passam é uma distracção com muita graça. Se for num aeroporto em Portugal, podemos distinguir as pessoas pelos códigos de compostura e de vestimenta. Aparecem as famílias todas vestidas de igual, trazem jeans, sapatos velas e camisolas azuis ou verdes. As famílias bem "comportadas" gostam de se fazer identificar por estes códigos. Tudo discreto para não dar nas vistas.
Observar como tarefa é uma arte, pois permite conhecer melhor o que supostamente faremos a seguir. O problema é que raramente fazemos. Estamos apenas a observar! Observamos o chefe que chega, o colega que remexe papéis, observamos no caminho e na chegada ao emprego. E divertimo-nos. Estamos sempre com o olho em alguém ou nalguma coisa. Observar é obra para nos ocupar o dia todo e em alguns casos uma vida. Eu observo para ver como é, não para fazer. Somos curiosos os portugueses.
Mas aquilo de eu mais gosto é da função de observador e do cargo de director do "Observatório". O Observatório é a jóia da observação. Tem valor, tem poder, podemos usar e ostentar. Em Portugal existem "Observatórios" para tudo e a equipa de trabalho é escolhida a dedo por aqueles que estiveram a observar na sua qualidade de tarefeiros do poder. Eu cá também tenho esta jóia, chama-se observatório do desemprego.

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