10/02/08

A Boda e os Bobos

Entre a capela da moda e a igreja do lugar eis chegado o Grande Dia. O cónego ou o senhor padre entra seguido dos seus acólitos. Os noivos aí estão no altar, e nas alas da bela Capela sussurram bem alinhados os devotos familiares. Ouvem-se cântigos modernos cantados por artistas a convite. Mais atrás, entre ateus e transeuntes estão os assistentes.
A missa vai avançando, os fiéis vão tateando e recuando nas respostas, porque já estão meias esquecidas, porque têm pouca convicção. De vez em quando, uma criança chora, os assistentes olham para o ar admirando os "frescos" que ainda, lá continuam, os vitrais também. "olha só, já viste que bonito?" pergunta a avó ao neto, "canta filho, que as músicas são tão lindas!". Mas o neto não as reconhece. Ainda se fossem cantadas pela Shakira.
O ritual continua, os homens olham para o relógio, senta, levanta "é agora?" pergunta um. Schh... diz outro. A celebração termina tímida e frouxa para os assistentes. Grandiosa e triunfante para o Dono da Casa e seus novos convidados de luxo.
Os Bobos lá vão embora, divertidos, cumprimentando e fantasiando pelo que se segue: o jantar requintado ou o almocinho para uns, sexo e fanfarra mais tarde para outros. As jóias, essas são de todos: uns ambicionam o lugar do noivo e outros acreditam no papel da noiva.
A imprensa do dia seguinte, diz que nunca houve tantas pessoas a assistirem à missa nas Igrejas portuguesas. Pena é que estejam um bocado enferrujadas!

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