05/01/09

Haiti (I)

As fotografias podem ou não fazer justiça a quem lá fica, mas a lente do fotógrafo tem sempre um objectivo. Neste caso, a fotografia de Alice Smeets teve o Prémio Unicef, atribuído à melhor Fotografia Internacional do Ano de 2008.
"People live unprotected in stinking and burning waste, without work, without reliable sources of energy, without drinkable water, without clean air to breath, without money for their next meal. In the hovels the poorest of the poor resort to eating dirt simply to fill their stomachs. In a setting like this, a little girl in a white dress seems to be a frightened angel that finds itself in the underworld and nevertheless determined to fight for a little bit of beauty."
Photo: Alice Smeets, Belgium, Out of Focus

Esta não foi a prémio, é apenas uma fotografia tirada do quotidiano de um mesmo país, de uma mesma sobrevivência, de mais um dia de trabalho e de negócio!

Foto: Subúrbios de Port-au-Prince

E agora, quem limpa a lágrima duma cara bonita e de olhar intenso e que protegida pela face semi-oculta da mãe, irá seguir o caminho de tantas outras a menos que a linha da vida lhe tenha designado outra sorte?

Foto: Chorando em Port-au-Prince, Haiti

Em Julho de 1984, cheguei a Port-au-Prince, com uma das minhas filhas, que na altura tinha três meses. Contrariando amigos e conhecidos, poderíamos ter uma espécie de semi-férias ao abrigo de um Protocolo entre uma Universidade do Canadá e a Universidade de Port-au-Prince, no Haiti. Seria possível acumular aulas, praia e recompensa financeira durante um periodo de dois meses. Quem parte para um país, numa época em que o vírus da Sida se manifesta em toda a sua pujança e em que o mal da doença é atribuído aos emigrantes haitianos residentes na América do Norte, não esquece a experiência, o povo e o país, a fotografia e a realidade das imagens.

"This glimpse of how hell could look, overwhelmed the young Belgian photographer, Alice Smeets, on her first trip to Haiti. The more time she spent in the country, however, the more this feeling eased, to be replaced by compassion and a strong desire to use her photography to raise awareness for the oppressed and humiliated. " (Unicef, Photo of the Year International Award, 2008)

(continua)

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