Ele era amado por todos lá no bairro. Rapaz trabalhador muito cedo começou a visitar os prédios das senhoras e das meninas para entregar o "trabalho". O "trabalho" é aquilo que uma costureira faz. Vestidos, blusas, saias e casacos. As senhoras davam-lhe gorjetas e mandavam cumprimentos para a mãe. Às vezes também enviavam o envelope com o dinheiro, mas a maioria das vezes, "depois passavam lá por casa".
O filho da costureira era o Tó, também havia o rapaz que fazia as entregas da mercearia - o Zé Manel e o rapaz que no Natal trazia os perus para vender e no Verão os morangos de Sintra. Mas este era só o rapaz dos perus e dos morangos. Ás vezes o Tó via a rapariga que morava na cave. No dia em que percebeu que era a filha da porteira apresentou-se. O Tó pediu à mãe para fazer um vestido à sua amiga da cave do prédio das entregas.
A filha da porteira passou a ter vestidos cobiçados pelas meninas do andar de cima. O Tó e o Zé Manel são hoje engenheiros. Do rapaz dos perus ninguém sabe, talvez venda lápis e borracha às netas da porteira.
17 anos
Há 5 meses
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