A violência não se instalou no Porto, Lisboa ou em qualquer outra cidade de Portugal. A violência está instalada em todo o mundo. Um país pequeno relativiza os seus problemas até ao momento em que se dá conta que os fenómenos sociais também existem no seu interior. Se até aqui éramos capazes de segmentar agressores e tipos de violência, cada vez é mais complexo distinguirmos os agressores dos agredidos.
A sociedade portuguesa está a atravessar um dos processos negativos da globalização. Os jovens portugueses tornam-se iguais aos jovens britânicos ou americanos. Os pais portugueses regem-se por princípios igualmente idênticos e por modelos de educação baseados em excessos não de liberdade, mas de tolerância. Os pais têm medo dos filhos e os filhos não têm medo de quem deviam ter. Temos de aceitar que medo e respeito sempre andaram lado a lado e o importante é termos a capacidade para atribuir o devido peso a cada uma dessas variáveis.
Hoje é uma aluna que confronta uma professora fazendo-se passar por interprete do poder perante os colegas. Colegas que assistem, aplaudem e ficam à espera do final do espectáculo. A seguir é a mãe da aluna que tenta agredir os elementos do conselho directivo da escola a quem confiou a educação da filha. Mais adiante são rivais que invadem escolas alheias para reivindicarem poder. Logo à noite são outros que lutam nas esquinas das ruas e se batem à porta das discotecas e bares das cidades, com álcool e inconsciência pelo caminho.
A solução não é proibir os telemóveis aos alunos nas escolas. Qualquer dia estaremos a proibir os computadores, os televisores, os MP3, e sei lá que mais. Quando uma doença se instala num subgrupo, a solução não é matar essa população mas sim, fazer o diagnóstico e medicar controlando uns, curando e tratando outros. Este caso não é diferente de outros, apenas nos choca mais por termos medo de nos revermos ou de reconhecermos comportamentos de filhos que poderiam ser os nossos.
17 anos
Há 4 meses
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