07/10/08

As mil e uma noites em versão camarária

Ainda a propósito das notícias sobre as Mil e uma Noites em casa emprestada pela CML, importa reler Eduardo Pitta em AS CASAS DA CML, 7 [E AS OUTRAS] .
Também no DN, Fernanda Câncio trazia uma crónica interessante sobre a sua interpretação do tema. Dizia a jornalista, e bem, em relação a B.B. (Baptista - Bastos), que este apenas se limitou a ver um direito de cidadão cumprido, num momento em que se encontrava desempregado, com filhos para sustentar e a residir numa casa degradada em Alfama. A casa em que Baptista - Bastos residia tinha fissuras, estava sem condições de habitabilidade e B.B. apenas se limitou a reclamar obras de benfeitoria. A Câmara entregou-lhe nova casa que ele sempre pagou e não recusou as correspondentes actualizações das rendas. Estou de acordo, que B.B. não deve ser penitenciado por ter reclamado e aceite. Mas eu também penso, que apesar de B.B. ser um cidadão residente em Lisboa e com direitos iguais a todos os outros que aí vivem, ele não tem sido ao longo da sua vida um cidadão qualquer. Ele é jornalista, ele tem o hábito de comentar e apresentar casos criticáveis, a ele se deve a célebre frase "onde é que tu estavas no 25 de Abril" significando que ao contrário de muitos ele estava em plena luta democrática, ele é escritor, ele é um intelectual e comentador televisivo, entre outras actividades ligadas à cidadania. Assim B.B. por muita razão que possa ter, e por muita consideração que se possa ter pela situação eventualmente precária que detinha nessa época, dá vontade de perguntar agora "Olha lá, a casa em que tu estavas antes e depois de Abril era do tamanho de que político?"

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