28/07/09

Os intangíveis são domínio ou poder?

Já não sei se os intangíveis existem ou se fazem parte da nossa realidade fantasiada. No início tentámos objectivos que se diziam inatingíveis. Depois, passamos a falar de variáveis endógenas e exógenas, a montante e a jusante, de gestão e de marketing, de técnicas de comunicação de tangíveis da produção comparadas com os intangíveis da comunicação. Da emoção, da capacidade de indução e de captação, da arte de atrair, afastar e acrescentar valor. De vender, não um produto, mas uma marca com atributos intrínsecos, de medir e valorar o conjunto das variáveis que a produziu com aquele que a inventou e que a colocou no mercado. Mercado inventado por todos porque a mão invisível, afinal, parece que não existe. E eis que estamos outra vez a pressupor que afinal o homem não tinha necessidades e que tudo foi inventado por quem tinha de vender expectativas de crescimento e de globalização.
E criamos um novo mundo de desconfiança em relação ao que aprendemos, às coisas em que acreditávamos, aos métodos sugeridos, às variáveis relevantes para passarmos a andar meios perdidos, à procura dum novo paradigma que nos dê essa visão ou essa capacidade de recomeçar a criar ilusões que já não são nem tangíveis nem intangíveis, que são apenas necessidade de criar valor, repor o sentimento de mercado e criar energia e magia. Uma energia que se mantém apesar de tudo à flor da pele e que continua a mover-se diariamente, racionalmente ou nem por isso. E o que é afinal o valor? E onde vamos buscar novas artes e onde pára a nossa imaginação e recomeça o sonho do homem seguinte? Certamente que não está no nosso espaço, ou nos continentes mais ricos, mas são os mesmos continentes que terão de continuar a tarefa dos anseios dos continentes que ainda não são economias fortes e poderosas. E a pergunta é aquela e a do costume. Deve ou não o homem mais poderoso dominar o que ainda não atingiu essa capacidade? Deve o homem tornar-se poderoso ao partilhar a sua sabedoria com o outro criando valor ou criando riqueza?

15 comentários:

Mike disse...

Perguntas difíceis as suas, no final de um post muito bom, GJ. Pois não sei o que lhe diga. Mas arrisco responder-lhe que sim, que deve, à última pergunta.
Excelente post! :)

p.s. - isto dava pano para mangas, mas como o vestido não as tem, fico-me por aqui, pode ser? ;D

Lina Arroja (GJ) disse...

Excelente? Nadinha a acrescentar?
Merece a música do Nelson Ned e vestido sem mangas.:D

Si disse...

Embora não consiga responder às perguntas que deixa no ar, porque, sem dúvida, elas exigem uma reflexão profunda, tenho que deixar dois comentários: um, relativo ao tema e à estrutura este post, que está retoricamente muito bem elaborado.
O outro, prende-se com uma reclamação: Então não deixa que os seus comentadores a sigam pelo Google Reader??? :(

Mike disse...

Ó Si, a GJ acusa-me de ter ido ao Google no passatempo do Rochedo e eu nem sei o que é o Google Reader. Isso, reclame, reclame... (risos)

Lina Arroja (GJ) disse...

A Presidenta manda a oficial de 1ª obedece:)))
Penso que já está perfeito o reader. Ando há que tempos a tentar que saiam da "correlação laranja" mas o problema técnico tem sido maior que a encomenda. Só espero que não tenha permitido que sigam demasiadas coisas.Ainda perco a minha identidade:))

Si disse...

Ó Sr. Mike, faça o favor de não fazer de conta que está inocente, sim?? E não tente baralhar os Googles com os Googles Readers, que até parece mal!!
Olhe que enquanto a PresidentA está fora tenho a responsabilidade de 'bigbrothear' este bairro, por isso estou atenta, muuuuuito atenta e foi apanhado com a boca na botija nos passatempos do Rochedo, ai foi, foi....!!

GJ - Exactamente, o raio da correlação laranja já está assim um bocado para o esverdeada.... :):):)

Mike disse...

Pronto! A presidenta está fora e a Si resolve exercer o poder com excesso de zelo. (risos)
E de uma forma discriminatória, a tomar o partido das meninas. (mais risos)

Si disse...

Mas o Sr. Mike não sabe a minha categoria?? Tsk, tsk, tsk....
Pois fique sabendo que a minha função no Blogobairro, para além de substituir a PresidentA na sua ausência, é a de Directora Geral dos Impostos e Cobranças Coercivas do BB. Eu bem me parecia que ainda não se tinha apercebido que sou eu que exerço fiscalização e aplico as Coimas.... Ora pergunte lá ao seu amigo do Rochedo se ele até não teve já que enfrentar um julgamento à revelia por acumulação de penas!!
Quem puser o pé em ramo verde e atentar contra os bons costumes, enfrenta a minha cólera!!!
Eu ando por aí, Mike, eu ando por aí.......!!

Mônica disse...

Se texto é muito custoso. Está parecendo faculdade de filosofia.Acho que por não estar lendo textos pedagogicos fiquei meia burrinha.
mas vou voltar
Sou amiga de Lisa.
com carinho Monica

Luísa A. disse...

GJ, a questão está tão bem colocada, que a resposta é difícil porque pouco pode acrescentar. Pela minha parte, tentaria sumarizar o que diz, opinando que os mais poderosos devem partilhar valores e «trocar» riquezas com os menos poderosos, para que todos ganhem; não inventar valores, ilusões, necessidades para «sacar» riquezas – ou, noutras palavras, «vender gato por lebre» - para que o ganho seja só ou predominantemente de um lado. Infelizmente, parece-me que é ainda nesta fase que estamos.

Mike disse...

Si... brrrr... que medo!!! (sorriso amedrontado)

Anónimo disse...

Seria impossível reeponder aqui às questões que coloca. Daria uma excelente tertúlia e, provavelmente, quem nela participasse não chegaria a acordo sobre questões aparentemente tão simples, cpomo esse conceito de valor. Que valor? O real, o acrescido, ou o social? Bem, é melhor ficar por aqui...
O seu post é pertinente e está muito bem estruturado mas, repito, as respostas nunca serão consensuais.

ana v. disse...

Desconversando, GJ (o Mike não vai gostar que o imite, mas paciência): os intangíveis não são domínio nem poder. São... o prazer. E não há poder ou domínio que lhes cheguem aos calcanhares. :-)

Mike disse...

Mas olha que o poder é afrodisíaco... desconversando, já que falas em prazer... (risada)

Ana Paula Sena disse...

Um excelente texto! Muito bem escrito e fortíssimo na sua problematização!

Eu gostei muito de ler :)