Os portugueses deram o seu veredicto e disseram, que apesar de apoiarem o PS, não tinham a certeza que governos maioritários fossem a solução para governar com rigor e sem prepotência. O espectro da arrogância desapareceu e deu lugar a outros ouvidos. É uma boa solução, especialmente quando se esperava pouca convicção na orientação do voto.
Para o PSD é uma machadada bem acertada para quem não quis ajuda em campanha e acabou por ter de camuflar a verdade. Exige-se que a segunda maior força política se renove, que passe a viver com ideologia, que abandone as políticas de maldicência, típicas da calúnia e boatos de corredor. O PSD de Sá-Carneiro fundado pela ala liberal do tempo de Marcelo Caetano, preocupava-se em passar e viver com esses fundamentos. Hoje, foi consideravelmente penalizado a favor do CDS e nem o recém-chegado Paulo Rangel fez a diferença que Manuela Ferreira Leite antecipou com as eleições europeias. Espera-se, a bem da democracia, que limpe e areje as bases, as cúpulas e angarie novos militantes ou simpatizantes convictos.
O CDS deve o resultado a Paulo Portas e a Nuno Melo, o seu melhor deputado. Considero que é um dos vencedores da noite, veremos se não se considerará mais papista que Sócrates quando chegar o momento de analisar as propostas apresentadas na AR. Concluo com os cinco pontos que considero relevantes:
PS ganhou com maioria relativa ; CDS ultrapassou a barreira dos dígitos; PSD foi consideravelmente penalizado; Bloco de Esquerda não teve a percentagem aguardada; CDU manteve o seu lugar político.
Neste momento, penso que as forças políticas se encontram equilibradas como não se via há alguns anos. O espírito da revolução voltou e eu considero que é uma vantagem para Portugal, porque passamos de amorfos a gente que pensa e bem ou mal actua em conformidade. Muitos portugueses terão votado sem convicção e muitos em sentido contrário do que tinham feito em Junho. Se o fizeram, algo está mal, muitas coisas até, e essa foi a forma de o expressarem com confiança no futuro.
17 anos
Há 5 meses
8 comentários:
Custou-me votar com o único intuito de ajudar a tirar a maioria absoluta ao ps (porque não acho que em quem votei tenha merecido o meu voto; aliás, foi com tristeza que constatei que não houve um único programa, partido ou candidato que o merecesse).
Mas olhando para a Alemanha e para outros países, aguardo pacientemente que a nossa democracia continue a amadurecer e que os políticos aprendam com os exemplos dos outros a negociar/trabalhar para o bem comum.
Querida GJ, concordo, na generalidade (com pequenas discordâncias de especialidade), com a sua análise. Apenas, se me permite, guardo alguma reserva quanto à expressão final de «confiança no futuro» – no futuro colectivo, entenda-se, porquanto no meu futuro pessoal tenho confiança plena. ;-D
Concordo consigo, GJ.
A lição mais relevante que retiro destas eleições é que os portugueses parecem começara ficar cansados do Centrão e apostam em alternativas. Talvez seja cedo para embandeirar em arco mas, como bem diz no seu post, respira-se outro ar com a perda da maioria absolta do PS
Fugidia, compreendo o que diz. O voto útil pode ser um voto estratégico e em plena consciência. A democracia tem altos e baixos, só não a podemos deixar fugir.
Luísa, apesar dos tempos dificeis, eu continuo a acreditar no futuro colectivo. Não será fácil, mas temos de ter esperança e trabalhar para isso.Como me dizia um jovem americano, a propósito do 11 de setembro, foi um alerta para o consciente colectivo americano, o terem-se dado conta que havia pessoas que não gostavam da América. Esse consciente colectivo contribuiu para a vitória de Obama.
Calculo que sim, RAA.
Carlos, esse é um dos pontos que me parece muito importante. O ar que respira é outro e não o podemos deixar fugir. Nenhum partido pode deixar o trabalho iniciado democraticamente.
Enviar um comentário