Estaremos assim tão distantes da
geração 700, e seremos tão diferentes dos gregos como alguns querem acreditar? Não me parece. Sofremos dos mesmos males, temos jovens com excesso de cursos e empregos a menos, temos jovens a viver em casa dos pais até idades tardias e a custos não recompensados, temos trabalhadores que se debatem com reformas que provavelmente nunca receberão, temos salários para recém-licenciados que se encontram a valores idênticos e temos uma geração que não acredita que é capaz de viver sem o estado providência. A geração 700, assim designada pelo valor do salário do recém-licenciado tem muitas vezes vários graus académicos, mas não tem perspectivas de empreendedorismo. Tem medo de lutar em ambiente desconhecido e no entanto, é detentora de cursos e diplomas que supostamente lhe ensinaram a criar o seu próprio emprego, é sabedora de métodos de gestão que deveriam incentivar e motivar quem procura emprego. Em Portugal tal como na Grécia os jovens querem emprego, mas ninguém lhes ensinou que era necessário querer entrar no mercado de trabalho. Para quem esteve habituado a viver em casa dos pais até tarde, a ter tudo aquilo que queria e a estudar não o que devia mas o que lhe parecia ser a moda, não tem grande capacidade para fazer face às dificuldades. Os jovens não estão habituados a fazer sacrifícios e os pais também não os deixam fazer. Vivemos hoje "ensandwichados" entre a geração que tudo pensou para os que haveriam de vir e aquela que não faz a mínima ideia de como aqui chegou. E a conclusão é que esta é uma cultura instalada seja aqui, ou na Grécia, ou em Espanha ou em Itália ou, eu diria, em todos os pontos da Europa remediada.