31/03/11

Vou ali e já venho

Victoria Station, London
Como  não há paciência para ouvir, vou ali e já venho. Com a  prosa do Passos Coelho posso bem e vou ali e já venho. Com os juros da divida externa não posso mas vou ali e já venho. Com os dados oficiais rectificados do desemprego vou ali e já venho. Com as medidas de salvação nacional dos partidos da oposição vou ali e já venho. Ainda assim, logo à noite, vou ouvir a Judite entrevistar alguém que já não sei quem é e amanhã, agora sim e de verdade vou ali e já venho.

28/03/11

Good Madness à segunda-feira!


Jazz Funk - Jeff Lorber Fusion - Rain Dance

24/03/11

Nós e o necessário tempo


É sempre assim. No momento em que uma pessoa  farta - de dizer, batalhar, argumentar, soletrar, pedir, equacionar, repensar, refazer, gritar, sorrir, chorar - bate a porta, não falta quem, a curto prazo, a elogie e enumere o mal que daí virá. Em Portugal, a emotividade leva-nos sempre a escolher o mal necessário no pior momento possível. Raros são os casos em que o mal se evita por análise racional dos objectivos a atingir. Com Sócrates foi igual. Não tarda que se verifique que afinal a crise política só serve os mesmos e que não é substituindo o Primeiro-Ministro ou um partido por outro que o país se endireita perante Bruxelas e perante os portugueses. Que ninguém fique convencido que o próximo governo será diferente nas medidas, porque tal como disse hoje Angela Merkel , a ela só lhe interessa o futuro do  Euro. Quanto ao resto e no actual contexto da UE, podem vir outros governos e outros partidos, que é igual ao litro. E esta, é a realidade que os portugueses deveriam ter percebido há muito tempo, a bem dizer, desde que aderimos ao Euro. Como diz o outro, é só uma questão de tempo para Sócrates regressar e voltar a ser aclamado.

Elizabeth

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Elizabeth Taylor (1932-2011)

21/03/11

Good-madness à segunda-feira!


Grupo Tutti - Primavera (Piazolla) - Instrumental SESC Brasil

19/03/11

Tapar buracos

Dos visitantes que chegaram  ao Aeroporto Sá Carneiro no último trimestre de 2010, 1,4% destinava-se à prática do golfe. Não sei quantos chegaram aos outros aeroportos com desejos idênticos, mas o que me parece é que são poucos quando olhamos para o empenho que se tem posto nos campos de golfe em todo o país. Por isso, é bom que os campos e a actividade se tornem competitivos, caso contrário, os turistas tradicionais irão cada vez mais para o país vizinho, para Marrocos, para outros destinos onde o valor do dinheiro seja melhor empregue. O azar do governo foi anunciar as medidas da redução do IVA numa época em que ninguém quer saber de golfe no relvado e onde todos nós queremos é tapar os buracos que por aí andam sem mais furos nos nossos bolsos.

18/03/11

Deixa pra lá

Mesmo que o dia esteja para ir até à praia, que te apeteça vestir uma roupa mais arejada e desejes flauzinar por aí, mas que logo hoje, ainda não consigas enfiar-te naquelas calças fantásticas ou naquela blusinha catita, deixa pra lá. Afinal de contas a primavera ainda nem chegou e já querias que fosse verão. Deixa pra lá!

15/03/11

AYM slideshow

Não há milagres de borla


Movements.org

13/03/11

Tudo bem

Estava enganada e o que me parecia uns tantos no início da tarde deu origem a 280 mil ao final do dia. O silêncio deu origem a algumas músicas e a alegria manifestada, os mastros mostraram as bandeiras e os cartazes, em todo o país a manifestação foi ordeira. Aos jovens juntaram-se outros segmentos descontentes e com o elemento comum de estarem à rasca. A ideologia continuou a não existir e o grito ou palavra de ordem foi a precariedade. Do emprego, dos benefícios sociais, das reformas. O manifesto descontentamento pelo actual governo foi visível e a demissão de Sócrates esteve nos manifestos. Alguns acreditam, muito ingenuamente, que a queda do governo trará o oposto às palavras dos cartazes, abundância, empregos estáveis, garantia de subsídios e outros complementos sociais para a vida. Houvesse conhecimento político e saberiam que assim não é. Pela positiva ficou a capacidade dos cidadãos, que outrora estariam em casa, terem vindo para a rua manifestar o seu direito à rebelião, mas isso não impede que esta manifestação tivesse sido ditada pela experiência de não querer ficar atrás de outros jovens que, através do facebook, convocaram concentrações pela democracia. Em Portugal, a democracia está em perigo, os movimentos que a pretendem abalar andam por aí à espreita de uma oportunidade. Para a proteger devemos saber esolher quem nos governa. Foi isso que o povo fez nas eleições anteriores. Um povo que vota num Presidente que quer governar e num governo que não zela pelos seus interesses é um povo precário e à rasca que necessita urgentemente de se reavaliar.

12/03/11

É este o povo, pá!

O efeito multiplicador é assim, não sabemos o que leva um, dois, centenas, milhares de pessoas a aderirem a uma causa. No passado era a ideologia, hoje sabemos que a experiência faz parte do processo e faltando a ideologia fica o humor, a raiva, o ódio ou o amor do povo. O que começou por ser um protesto da juventude passou a causa nacional com direito a manifestação e debate, dentro de dias será a representação de um país num festival, depois logo se verá o que vai ser. Esta cena, que até podia ser um movimento de luta, vai continuar e apenas os que não têm que fazer continuarão a passear o seu tempo pelas experiências, porque quem tem de garantir o que se põe em cima da mesa, vai lutar pelo retorno da ideologia da riqueza e pela experiência que a fartura traz ao povo. Para já, e por aquilo que já deu para ver, serão apenas uns tantos a andar silenciosos com cartazes na mão. Logo à noite a festa continua nos bares e locais nocturnos do costume com mais alguma algazarra. No início da semana outra experiência ditará a concentração a organizar nas redes sociais. Pelo caminho, alguns poderão acreditar que a luta se está a fazer, para a maioria tudo ficará igual.  É este o povo, pá!

10/03/11

O sobressalto


O discurso trouxe o sobressalto da falta de timing,  porque o verdadeiro teria sido no mandato anterior, sempre que o governo tivesse tomado medidas que o Presidente ponderando a sua função de "responsável" por todos os portugueses o tivesse admitido, chamado à atenção e usado os seus poderes ora de Chefe de Estado, ora de conhecimentos de economista e professor. Afinal, a única coisa que os portugueses gostariam de ter visto, era o desempenho de todas as funções do Prof. Cavaco Silva, do Presidente Cavaco Silva e do cidadão Cavaco Silva.
Fazer, agora na tomade de posse, um discurso supostamente revolucionário apelando ao poder da sociedade civil, que ao  ser analisado pelas diferentes forças e cores políticas, tanto no seu palavreado, como nas suas entrelinhas, passando pelo almoço com  jovens nas vésperas de manifestação, deixa no ar a possibilidade de dissolução da AR e  a capacidade virtual da  juventude com nome no mundo real,  só cria sobressalto de mau gosto e não de empatia, que dadas as directrizes que nos governam é apenas o sobressalto que não leva a nenhum salto concreto.

07/03/11

Os verdadeiros... sans blague :)


iConcerts - Amadou & Mariam - Beaux dimanches (live)

06/03/11

Dimanche à Bamako


Amadou et Myriam

04/03/11

Bolo de lama do Mississippi para a Carlinda

Para 6 a 8 pessoas:

112 g de manteiga derretida
180 g de açúcar
30 g de cacau 100%
2 ovos, levemente batidos
½ colher de chá de extracto de baunilha
Uma pitada de sal
90 g de farinha de trigo
½ colher de chá de fermento químico
75 g de nozes tostadas e grosseiramente picadas
150 g de marshmallows pequenos ou dos grandes cortados em 4 partes.
50 g de chocolate de leite
25 ml de natas
Pré - aquecer o forno a 180º C.
Untar com manteiga e polvilhar com cacau uma forma de 23 x 12 cms.
Misturar a manteiga com o açúcar, o cacau, os ovos e a baunilha e bater cerca de 2 minutos.
Noutra taça misturar a farinha, o sal e o fermento.
Adicionar à primeira mistura batendo apenas até que a massa fique homogénea.
Juntar as nozes e misturar bem.
Verter a massa na forma.
Levar ao forno por 25 minutos.
Retirar do forno e espalhar os marshmallows por toda a superfície do bolo.
Levar novamente ao forno durante cerca de 5 minutos ou até que os marsmallows estejam ligeiramente dourados.
Retirar o bolo do forno e deixar arrefecer sobre uma grade de pastelaria.
Desenformar sobre um tabuleiro forrado com película aderente e inverter para o prato de servir.
Picar o chocolate de leite e misturar com a nata.
Aquecer no microondas com uma potência média e com pequenos intervalos de calor e mexer até homogeneizar.
Verter a cobertura sobre o bolo e terminar com mais algumas nozes.

A seguir come-se na presença de amigos e familiares acompanhado de uma taça de espumante e da canção. Parabéns, amiga!

Tirado daqui.
Adaptado de Southern Living

A madrinha


Depois da visita à madrinha, Sócrates volta com a fantasia dos 4,6% do défice. No podium do BCE a subida das taxas de juro é eminente. O Carnaval começa hoje mas termina na próxima terça-feira. Quarta é dia de cinzas e  inicio da quaresma, só que eu não acredito que a Páscoa seja acompanhada de novas tréguas orçamentais. Antes disso, o governo vai lembrar-se que o domingo de ramos é por excelência o dia das madrinhas.

02/03/11

Viajantes

(Imagem Graça Morais)

Parecem viajantes, deslocam-se com malas de médio porte em passo lento pelas calçadas. Assim de repente, ficamos com a ideia que pelas cidades passeiam ora jovens de outras nacionalidades com mochilas e rolamentos, ora gente de meia-idade à procura de alojamento. Em Londres, por exemplo, é normal a correria entre metro, combóio e autocarro, casa ou emprego com as malas pelo caminho. Logo pela manhã, o passo apressado que se verifica nos passeios da cidade, é acompanhado por pessoas que saem com destino marcado, seja uma estação de combóio, um aeroporto ou apenas mais um dia de trabalho. Por isso, quem habituado a uma vida de correria entre pontos de encontro observa cidades, não lhe parece estranho ver gente arrastando malas rua acima rua abaixo. Quando o olhar se cruza com quem se desloca ou nos deparamos com quem a dada esquina ou montra de loja conversa com outro viajante, verificamos que afinal a mala é a casa e o viajante vive acompanhado pelos seus pertences, almoça ou janta no albergue mais próximo, veste roupa lavada e usa as facilidades sanitárias dos banhos públicos ou casas de apoio e de solidariedade ao dispor. São reflexos dos tempos, escolhas de outros, dizem alguns, são os viajantes sem tempo, eternos andantes de um lado para o outro, com medo de morrer num lugar onde nem os cães os encontrariam. São os desconsiderados pela família, pelos vizinhos, pelos conhecidos, são os corpos castigados pelo sistema que, hipocritamente, por eles vai zelar e que no final lhes penhora a mala ou a vida. São pessoas que têm cara lavada e roupa a condizer e que no Portugal, supostamente ainda solidário, nos parecem apenas viajantes.
A morte da idosa abandonada há nove anos num apartamento perto de Sintra, vem de forma abrupta por em causa a ética social em que vivemos e para quem a palavra dos vizinhos não bastou e a falta de respeito da família levou à execução fiscal. Tivesse a pobre senhora feito parte dos viajantes com mala a reboque e, muito provavelmente sem querer tal sorte, ainda contemplaria a vida pela janela duma ilusão mais consoladora.
Escolher é um direito, optar por uma escolha nem sempre é igual a estar melhor, mas é seguramente um dever de todo o cidadão e um direito duma sociedade democrática. Pensemos, então, no que podemos fazer para evitar casos semelhantes e olhemos menos criticamente para esses viajantes que, não tendo casa, vivem de forma errática pelas cidades.

(publicado igualmente no Delito de Opinião)

01/03/11

Hoje

o Delito de Opinião estende-me a passadeira vermelha. Um especial abraço à Ana Vidal e ao Pedro Correia.