31/01/08

Estado de Graça

Instalou-se o "estado de graça" no quiosque lá do sítio. Veio a primeira timidamente, logo a seguir a segunda e finalmente a actual. Toda a mulher sabe que que quando outra fica grávida é um corropio de "graças" que adquirem esse estatuto. A coisa pega-se! Para as estatísticas da natalidade damos-lhe os parabéns, tanto mais que o subsídio à maternidade voltou a aumentar, para as da produtividade estamos conversados.
Curiosamente os superiores do sexo masculino são mais benévolos. O que também é fácil de compreender, eles próprios andam de joelhos a pedir às respectivas caras metades que façam o mesmo. As mulheres como antecipam o que daí vem, são menos compreensivas. É que, não há pachorra para ouvir todas as ecografias, agora a 3 D, exames e análises que, regularmente, são hoje um "must".
Nos dias que correm uma mulher e um homem, o que ainda é pior, sabe tudo de cm, semanas, perimetros, possiveis anomalias, percentagens de probabilidades nunca vistas. Sabem, no entanto, muito pouco das coisas básicas desta história de tomar conta de outro ser humano.
Nesta saga de medos e de manias umas genuínas outras herdadas pela acessibilidade da informação, esquecem-se que no momento de regressar a casa não é o bébé "nenuco" que trazem.
Ele ou ela é uma jóia, mas de carne e osso e chora que se farta, dá trabalho como o diabo e as nossas costas ficam uma lástima. Nestas ocasiões tiro o chapéu aos homens, que tiveram o cuidado de comprar livros sobre a depressão pós-partum. É que lá em casa, vão todos precisar de muita leitura para voltar à normalidade.

30/01/08

O Metro e o Andante

O Metro e o Andante têm conceitos diferentes. No Metro o percurso é rápido. As pessoas entram e procuram não falar com ninguém. O espaço e o meio servem um fim: chegar rapidamente ao destino, sem dirigir palavra ao vizinho do lado. O Metro é um meio de transporte democrático, ele abraça todo o tipo de pessoas, com pressa e sem pressa todos querem chegar a um lugar de preferência alto.
O Andante é uma combinação de dois meios de transporte, normalmente implica que uma das fases já tenha sido feita noutro comboio, camioneta ou autocarro. As pessoas conversam, esboçam um sorriso, mostram que conhecem o outro, e é um excelente exemplo das nossas gentes, especialmente daquelas que não têm outra hipótese senão a de ir andando até chegar ao topo. Quem frequenta o Andante alimenta histórias a preço de almoços.
O Andante é também um reflexo da cidade que o acarinha: o Porto! A cidade gosta de se envolver no ritmo dos que chegam, é uma cidade que procura o visitante para lhe ensinar o caminho. O Porto de hoje, tem espaços que merecem ser visitados e procurados. O Porto só necessita de fazer uma coisinha para se tornar mais sexy: vestir menos roupa e mostrar mais o corpo.
O corpo da cidade deve ser mostrado e apesar de bem vestido, o Porto tem de aprender a vender as suas beldades. Só assim, conseguiremos colocar a cidade ao nível de outras cidades europeias e só assim, também conseguiremos que o visitante aprecie o andamento das ruas, das galerias, dos locais de moda. Talvez, até se consiga mover o Metro para o Porto e juntar o Andante a quem só tem Metro. É que todos ficaremos melhor se esta coisa dos sons e das palavras nos aproximar da terra e nos afastar do mar.

"Olhómetro"

Na época em que o olhar se cruzava com o observar, os entendidos apresentavam aos seus chefes, entendidas observações feitas a "olhómetro". Não admirava por isso, que os números fossem "à volta de " ou "cerca de" qualquer coisa. A avaliação dos relatórios, essa sim, era de zero a vinte.
No último "Prós e Contras" a observação cruzou-se com o ver: Carlos Carvalhas lembrou-se que é economista. E como a época já não é de "olhómetro" mas de "plano tecnológico", foi o único que calmamente apresentou números, estatísticas e fontes para sustentar os seus argumentos. Desta vez, Carvalhas tocou nos pontos que fazem desta "jóia à beira mar plantada", um terminal de embarque para outros paraísos.
É nestes momentos que vale a pena pensar no arranjo das palavras e no embelezamento dos dossiers.

27/01/08

Observatório

Os portugueses gostam de observar, devemos ter ficado com o hábito desde o tempo dos descobrimentos. Observar é um passatempo, é uma tarefa é mesmo uma função.
Num aeroporto observar as pessoas que passam é uma distracção com muita graça. Se for num aeroporto em Portugal, podemos distinguir as pessoas pelos códigos de compostura e de vestimenta. Aparecem as famílias todas vestidas de igual, trazem jeans, sapatos velas e camisolas azuis ou verdes. As famílias bem "comportadas" gostam de se fazer identificar por estes códigos. Tudo discreto para não dar nas vistas.
Observar como tarefa é uma arte, pois permite conhecer melhor o que supostamente faremos a seguir. O problema é que raramente fazemos. Estamos apenas a observar! Observamos o chefe que chega, o colega que remexe papéis, observamos no caminho e na chegada ao emprego. E divertimo-nos. Estamos sempre com o olho em alguém ou nalguma coisa. Observar é obra para nos ocupar o dia todo e em alguns casos uma vida. Eu observo para ver como é, não para fazer. Somos curiosos os portugueses.
Mas aquilo de eu mais gosto é da função de observador e do cargo de director do "Observatório". O Observatório é a jóia da observação. Tem valor, tem poder, podemos usar e ostentar. Em Portugal existem "Observatórios" para tudo e a equipa de trabalho é escolhida a dedo por aqueles que estiveram a observar na sua qualidade de tarefeiros do poder. Eu cá também tenho esta jóia, chama-se observatório do desemprego.

23/01/08

Miss Daisy

Miss Daisy tem carisma, é elegante e tem boa apresentação. Quem a conhece, antecipa o prazer de a sentir fria e congelada no início, para logo se transformar em calor húmido e derretido.
Miss Daisy é um prazer sentido, é doce quando a apreciam. Miss Daisy é discreta e raramente se auto elogia. Ela gosta de surpreender e antecipar o prazer de dar. Aqueles que a estimam e valorizam são gente simples, porque ela própria procura passar sem se deixar ver.
Miss Daisy tem admiradores que ela própria desconhece, não porque seja distraída, apenas porque não tem agenda organizada. Como muitos outras Daisies, esta é apenas uma sobremesa de supermercado com ambição gourmet. Daí que, sejam os Alcides deste mundo, os únicos que verdadeiramente as descobrem e sabem passar palavra. Ela é marca registada, seguramente bem representada, e distribuída. Ela passará num dia qualquer a ser a jóia da coroa de um país distraído.

20/01/08

A Jóia do Alcides

O Alcides é um homem simples. O Alcides gosta de mostrar que é conhecedor do seu negócio. O Alcides tem orgulho nos seus vinhos, no seu peixe, nos seus clientes. O Alcides tem orgulho na sua família do leste, e na sua família portuguesa, também tem orgulho nas suas origens angolanas. Mas aquilo de que o Alcides mais se orgulha é da sua ementa. Especialmente a sua ementa de sobremesas. O Alcides tem uma jóia que ele se apressa a recomendar a quem o visita: Miss Daisy!

19/01/08

As Jóias Cabras

Final de uma semana de trabalho e balanço geral. A jóia da minha colega foi uma cabra.
Conseguiu convencer o chefe que tinha razão. Os louros foram para ela. O que devemos fazer às cabras? Marrar, vingarmo-nos, fazer de conta, arranjar uma estratégia alternativa, ou atirarmo-nos ao chefe com as armas femininas? Boa questão para fim de semana.
Uma coisa me diz, a maior parte de nós chega a sábado com o sentimento de vingança. Mas isso faz rugas, torna-nos azedas, e lá fora está um dia com tanto sol! E no final de contas, a colega é um mal menor, o chefe tem acne e os ginásios estão cheios de gente gira.
Resolução do dia: ir ao ginásio, comer umas verduras para desintoxicar, espreguiçar o corpo e a mente, comer um doce para aliviar o azedume e respirar, respirar, respirar.
Amanhã, estarei como nova e na segunda vou uma jóia e logo se verá o efeito que dá.

15/01/08

Jóias: A que preço?

Antigamente os homens tinham jóias em casa e davam jóias fora de casa. Umas eram amadas por estar em casa, as outras eram desejadas por estar fora de casa.
As duas eram jóias e não existindo nome diferente, as jóias não se confundiam - eram jóias!
Aquele que é simpático é uma jóia de pessoa: "O Sr. Dr. que Deus tem era uma jóia de pessoa, não desfazendo", assim falavam as antigas criadas que entretanto tinham sido umas jóias para o dono da casa.
Eu cá não sei, mas tenho para mim que isto deve querer dizer que um homem, novo, menos novo, moderno ou antiquado só deve comprar jóias para poder ter sempre uma jóia de reserva. Mas ao preço a que estão as jóias, o melhor é começar a investir directamente no ouro: o investimento é mais seguro e sempre se podem levar ao mercado.

12/01/08

Porque Hoje é Sábado

Ao terminar uma semana de trabalho, podemos antecipar o descanso dos dois dias seguintes. Ler jornais, beber um café na esplanada, olhar o mar, e manter a cabeça limpa para absorver a evasão. Sábado é talvez o melhor dia da semana. É uma jóia, porque a guardamos, a admiramos e a sentimos. Gostamos dela , pronto! Então porque hoje é sábado, vamo-nos entregar sem pudor, vamos deixar os sentimentos fluirem, vamos esquecer os lamentos do país, dos dinheiros que não chegam, das vidas mal resolvidas, dos maridos aborrecidos, das mulheres que são odiosas, dos miúdos chatos e ranhosos, dos chefes e dos colegas, das situações que nos ameaçam e nos metem medo. Porque hoje é sábado, vamos apenas ser nós!