Cuba pertence ao imaginário daqueles que viveram músicas e sons bem regados a sonhos de praias, sol e muitas cabanas enamoradas. Os primeiros a visitarem o país logo após o 25 de Abril de 74 em Portugal, traziam slides maravilhosos do famoso sistema de saúde pública, do sistema de ensino, da igualdade de classes, da luta pela liberdade e as fantásticas histórias de como um médico tinha tudo o que necessitava para ser feliz, os restaurantes forneciam iguarias nunca vistas - o famoso pão preto, hoje chamado, simplesmente de centeio.
Estes pioneiros de visitas a Cuba iam em viagens organizadas pela Associação Portugal-Cuba a baixos preços para agradar a todos os muitos militantes, que de repente apareceram no nosso país sem que alguém alguma vez os tivesse visto. Cuba era o modelo do comunismo, Fidel o ídolo sem crítica e Che o valentão da odisseia.
Anos mais tarde, perante a inevitável necessidade económica e a relativa abertura ao exterior levou muitos de nós a visitar o país. Como os anos nos tinham dado algum discernimento político, até viemos razoavelmente impressionados, afinal o país não estava assim tão mal. Engano! O que afinal vimos, foi aquilo que Fidel mais uma vez nos quis mostrar: as praias, os hotéis, os supermercados recheados de alimentos, mesmo que de uma só marca, as músicas e os cantores. Pelo meio, ficaram os cubanos que não podem sair livremente do seu país, os médicos que são motoristas de táxi, as professoras que fazem tranças na praia. Os motoristas têm uma formação formidável, não deve haver outro país com profissionais à altura, as cabeleireiras idem e os turistas ficam bem informados.
Com esta vontade de copiar exemplos já feitos, oxalá o meu país não venha a ter portugueses motoristas de táxi, professores e outros licenciados à medida dos profissionais cubanos. E acima de tudo, que nunca existam turistas que visitem o meu Portugal, com bilhete barato organizado por associações de países desejosas de mostrar bons exemplos.
17 anos
Há 4 meses