30/05/09

Quem nasce quer voar

Dar e receber leva o seu tempo. Ter a capacidade de dar é uma das melhores qualidades que uma mulher pode ter, enquanto mãe. Ter a honestidade de transmitir aos seus filhos essa capacidade é uma vantagem acrescida. Ter a bondade de os deixar partir representa um ponto da maturidade adulta. Ter o discernimento de os ver partir com os meios que lhes demos é a maior prova de amor. Os filhos partem e voltam, chegam e repartem. O processo não termina com a cor dos nossos cabelos ou com o cansaço das pernas e as rugas do olhar, ele apenas se reinicia diariamente. As mães que tiverem a arte de ensinar as suas filhas para que elas um dia sintam que são capazes de o fazer, cumpriram um dever. Ser mãe é uma missão para a vida, ser filha é a passagem de valores e testemunhos, ser filho é continuação e tradição. Quando uma mãe sente que os seus filhos têm asas recebe um presente que simboliza a recompensa de um dia lhes ter dado o mundo para voar.

11 comentários:

Mike disse...

Ao ler este belíssimo texto senti-me mãe, GJ. (risos)

Si disse...

Neste pequeno texto está resumida a grandeza de ser mãe.
Tal e qual. Nem mais.
Beijinhos

Rita Roquette de Vasconcellos disse...

GJ ... que belo texto
bj
Rita V.

Luísa A. disse...

É engraçado, GJ, que, quando fui mãe, o meu sentimento foi o de ser parte de algo que estava a perpetuar, de ser mais uma raiz numa árvore que não parava de crescer (um sentimento estranhamente feminista, «amazónico», matriarcal, que excluía completamente o papel «acessório» do pai). A transmissão de conhecimentos e valores pareceu-me logo uma tarefa mais partilhada. Mas sem dúvida que a maternidade e a paternidade são relações de amor não egoísta e implicam essa capacidade de aceitar que há um mundo imenso para além delas. :-)

ana v. disse...

É isso mesmo, Grande Jóia. E muito bem dito.
Tal como a Luísa - e talvez por pertencer a uma família em que há mais mulheres do que homens, por isso um tanto matriarcal - também senti essa responsabilidade solitária, quando fui mãe. Claro que depois ela é partilhada, mas o primeiro impacto é só nosso e é muito forte. É a natureza, suponho, liberta das grilhetas da civilização que nos impusemos.

Ricardo António Alves disse...

É verdade, GJ, um óptimo texto.

Ana Paula Sena disse...

Um texto belíssimo sobre um tema que me toca particularmente. Sou mãe e sinto tudo o que foi assinalado. Vivo com uma das minhas filhas um pouco já desse "bater asas e voar...".

É uma lição e tanto.

Adorei! Um beijinho :)

Lina Arroja (GJ) disse...

Obrigada, a todos os que me escreveram belas palavras.
Ser mãe tem muitos momentos e este texto de auto convencimento foi escrito com emoção mas também com muita certeza e serenidade.
A Luísa tocou num ponto muito interessante, o da solidão na tarefa, porque é isso mesmo. Somos nós e eles em primeiro lugar, depois são eles e nós e finalmente nós e eles outra vez. Pelo caminho ficam todos os que nos acompanharam na tarefa, a começar pelo pai dos rebentos, mas há passagens que têm de ser feitas por nós e connosco em recolhimento solitário.

Lina Arroja (GJ) disse...

Para os dois homens Mike e RAA, a sensibilidade que os acompanha atraem este grupo de "ladies" à vossa volta.

Obrigada, RAA:)

Mike, as suas reflexões nesta matéria ... são femininas (risos)

Ricardo António Alves disse...

Sinto-me honrado pela atracção, GJ :|

Mike disse...

Faço minhas as palavras do RAA, GJ. :|