Andamos sempre com pressa. Estacionamos e damos uma moeda ao rapaz que nos ajuda a encontrar um lugar para estacionar, mesmo que o parquímetro esteja ali ao lado. Faz parte dum serviço que ele presta e que nós acabámos por aceitar. No Porto, os arrumadores desapareceram por uns tempos, mas uns tantos ficaram residentes, por isso não estranhamos vê-los. Ficamos até às aranhas quando não os temos por perto, porque eles facilitam a vida. Ontem fui ao sítio do costume, o rapaz apressou-se a limpar os jornais do chão e a fazer conversa enquanto esperava pela moeda que já sabia que eu lhe daria. Estava a comer dizia, ele. Tinha ido buscar umas coisitas ao Pingo Doce com o dinheiro que lhe dávamos.
Carro arrumado, virou-se para mim e perguntou: É servida?
Eu afastei-me com um sorriso nos lábios e pensei como a vida nos dá hipóteses diferentes e que apesar da pobreza ainda há quem pense que deve partilhar com quem lhe dá. A
Porta do Vento tem hoje um tema idêntico que merece ir lá espreitar.
7 comentários:
É assim a modos como "as lições vêm de onde menos se espera"?
É mesmo,Mike:-)
Generozidade não tem classe social. Lindo post!
Por vezes surpreendemo-nos, mas na generalidade devo confessar que os "moedinhas" me incomodam um bocado. Aqui em Lisboa, há muitos mal educados e qu até ameaçam riscar o carro se não lhe derme nada. Paga-se parquímetro e moedinhas? Não é possível!
Em certas zonas eles continuam por lá, mesmo com parquímetros. E até fazem mais pedem o talão caso o tempo ainda não tenha terminado. De seguida dão o talão a outro e o outro entrega-lhes a moeda que ia colocar na máquina...
Eu não faço isto , mas há quem utilize esta economia paralela.
Os arrumadores estão mais ou disciplinados, o problema são os que pedem à porta dos restaurantes e dos supermercados. Aí sim, podem ser agressivos.
Mas o nosso coração acaba por ceder aos bem educados...:-)
Pois não, Luz, e aí no Brasil vocês têm problemas bem complicados também.
A propósito de arrumadores educados, tenho uma história engraçada: estava a chegar, já um bocadinho atrasada, para um espectáculo no CCB (não me lembro de qual), e o arrumador a quem dei uma moeda a correr olhou para mim com um ar simpático e disse, do alto do seu metro e oitenta: "Vai gostar. Vi em Paris, há anos, e gostei imenso". O mais curioso é que tive a íntima certeza de que ele estava a falar verdade...
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