Se uma coisa é preservar a língua portuguesa e o Acordo Ortográfico, outra é fecharmos os ouvidos aos sons e aos ritmos de outras culturas. Recordo a admiração com que somos recebidos sempre que viajamos e nos apresentamos a falar o idioma local. E a pergunta sacramental "onde é que aprendeu a falar assim?" Recordo também que nos países mais desenvolvidos qualquer homem de talho fala inglês, excepto em Espanha.
Seguindo a lenda "que de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos" espero que esta seja apenas uma moda para lançar novelas portuguesas. Se alguma coisa diferencia as gerações mais novas em relação à minha, é precisamente a capacidade de comunicação global, transversal e universal que o inglês, por exemplo, proporciona. Não é só a matemática que ajuda a compreender os negócios é também o inglês que evita que aviões caiam por falta de entendimento entre a torre de controlo e o cockpit, são as negociações internacionais, são o podermos ser portugueses dum Portugal moderno. Não quer isto dizer que não se fale bem o nosso idioma, mas essa parte faz-se mais através da leitura e menos através das novelas televisivas.
8 comentários:
Mmm... Não estou completamente de acordo com isto.
Não vejo mal na dobragem dos filmes infantis, antes pelo contrário. De outra forma, como poderão perceber o filme as crianças que não conseguem ler legendas?
Ainda no outro dia comprei dois DVDs para crianças muito giros (os dois primeiros "Home Alone") dobrados em francês para o Migas (6 anos). Se fossem apenas em inglês, ele não perceberia quase nada da história.
Aliás, hoje em dia, qualquer filme dobrado pode, em DVD, por exemplo, ser visionado na língua original com legendas na própria ou na nossa língua.
Por isso, nada tenho contra a dobragem dos filmes infantis e, até, de algumas séries juvenis. Até porque tenho a certeza de que podem contribuir para o alargamento do vocabulário dos nossos 'piquenos' (o Migas até já sabe o que quer dizer 'chumbar' o ano! :)). Já quanto à dobragem de filmes para adultos, acho um disparate. Pelas razões que apontas.
Acabei de regressar de uma consulta. Na sala de espera estava um pequenito a ver os desenhos animados dobrados em português. Estive a ver também, pareceu-me que o comentário do MEC continuava a ter razão no que diz respeito à falta de vivacidade do diálogo. As vozes eram muito artificiais. Pensei se seriam diferentes noutro idioma.
A criança saiu e entrou uma avó que de imediato me perguntou se eu estava a ver ou podia mudar de canal. "Já me chega do bonecos lá em casa. Os japoneses, então, são um disparate, as vozes são agressivas e isso torna as crianças iguais."
Concluí o seguinte:
Ao ver desenhos animados de vários países, as crianças têm noção da diversidade de culturas.
O idioma original não seria compreendido, daí o português e este é também o teu ponto, Carlota.
Os DVD têm a possibilidade que apontas por isso podem ser legendados e apresentados na língua original. Temos a hiato dos que ainda não sabem ler, o MEC recorda os filmes brasileiros para as crianças portuguesas.
Não temos soluções perfeitas. Gostei do teu comentário e a opinião de quem tem a experiência em casa.
Sobre a dobragem dos filmes infantis, GJ, e a posição da Carlota, não tenho uma opinião muito definida. Embora ache que as crianças têm uma capacidade de entendimento do que se passa nesses filmes verdadeiramente admirável, mesmo não percebendo uma palavra. Sempre ouvi dizer que, depois dos alemães e dos russos, os portugueses eram os europeus com mais jeito para línguas. E, de facto, nada era dobrado, até recentemente… Espero que não vão agora perder o jeito.
É importante perceber o que os outros dizem, e por isso é uma vantagem conhecer mais línguas que o seu próprio idioma. No meu país (Bélgica) e falo da parte de Flandres, a escolas de noite conhecem um grande êxito por causa a vontade de muitos flamengos falar uma língua estrangeira. Por isso, não é estranho que na flandres alguém fala três ou quatro línguas, todavia gostamos de receber o respeito necessário para nossa língua o neerlandês, daqueles que se estabilizam na flandres.
Alfacinha, é a única forma de manter uma língua. Ensinar na escola e falar em casa, por exemplo. No Luxemburgo é igual, as crianças aprendem francês, alemão, luxemburguês e ainda idioma do país de origem, neste caso o português.
deixo só umas linhas : o que se diz sobretudo do Durão Barroso no estrangeiro é que fala tão bem o inglés e o francés ! fala mesmo bem outras línguas! Há bem pouco mais a dizer dele, mas talvez seja isso o que se pretende ...
a língua deve ser um meio e não um objectivo
e nos filmes para crianças é isso o que se pretende ou não ?
Certo, Vera. Um meio e não um objectivo. O meio é o veículo que estimula o interesse, para o objectivo ser atingido mais tarde na aprendizagem formal.
Voltei só para dizer que a qualidade de algumas dobragens é muito boa. Falo, sobretudo, das dobragens nas produções Disney, Pixar e afins. Filmes como Os Incríveis, Cars, O Gangue dos Tubarões (Shark Tale), que são os que me ocorrem agora, estão dobrados com excelente qualidade.
Até mesmo as dobragens de séries no Disneychannel são bem feitas (falo de alto, que passo horas a ouvi-las).
Mas a verdade é que os miúdos, até uma certa idade, papam tudo. O meu até chegou a ver com desmesurado interesse desenhos animados falados em turco, insistindo em aumentar o volume cada vez que havia mais ruído à sua volta, porque não estava a ouvir bem (sic)...
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