08/05/09

Com propósito e a despropósito

As parcerias começaram no dia em que perante a contingência de fecharmos a porta, pensámos em abrir espaço para outros mercados. Assim começou a época da internacionalização primeiro e da globalização a seguir. Na internacionalização as variáveis eram vocacionadas para o espaço mais próximo e a análise fazia-se em termos dos mercados que conhecíamos, nas capacidades de colocação, nas análise de forças e fraquezas, custos e oportunidades. As empresas de maior porte iniciaram a luta das barreiras à entrada de novos mercados e contrataram especialistas que lhes definissem mercados alvo interessantes. As viagens de empresários começaram a fazer-se, a formação profissional arrancou, os empresários aperceberam-se que tinham de ir vender as rolhas a outros países. E começamos a exportar rolhas. As rolhas não cabiam nas garrafas, diziam, e nós iamos enviando equipas que chegavam e verificavam que as rolhas não eram nossas ou que não tinhamos visto as garrafas que as iam receber. E não tendo eu nada a ver com rolhas, este exemplo apenas demonstra que afinal ainda não tínhamos internacionalizado, porque não tínhamos interiorizado que não bastava fazer rolhas era preciso ter pessoal qualificado que conhecesse os mercados externos e que tinhamos também de vender a imagem de Portugal.
A seguir veio o conceito de globalização e as PME continuaram a internacionalizar porque não tinham capacidade para globalizar. Os mercados eram desconhecidos, os custos de oportunidade muito elevados e as empresas sem músculo financeiro para investir em marketing. Investir em marketing tem sido considerado até há bem pouco tempo um custo para as empresas. É que as empresas que apenas adjudicam 4 ou 5% do seu orçamento para o marketing não podem fazer muitas omeletes em terras distantes. Entramos então no período estandardização e tudo parecia mais fácil, só que agora estávamos com mais do mesmo sem diferenciação. E repensando o assunto ficamos a fazer localmente o que queríamos globalizar. Passamos a "glocalizar" e neste momento estamos a "parcealizar" que é uma palavra inventada para o conceito de fazer igual com o parceiro do lado, com a tecnologia global e tentando focalizar no meio da diversificação. Por outras palavras, deitar fora o que não dá lucro, fazer brainstorming com parceiros think tank todos iguais em barcos iguais e apenas a querer ser suficientemente grandes para poder globalizar internamente o conceito de posicionamento de mercado a custo zero já que a crise internacional, só veio complicar a nossa já complicada tarefa.

8 comentários:

Mike disse...

E agora digo o quê? Não digo nada e pronto... para a GJ não perder o fôlego. (risos)

fugidia disse...

Damm!
GJ, não sou da área... ou melhor, sou de todas as áreas, que todas me vêm parar às mãos para resolver sem eu nada saber delas. Quando precisar de um perito, já sei a quem vou bater à porta!
:-)))

Lina Arroja (GJ) disse...

Mike, não acredito que apesar da minha falta de fôlego lhe tenha tirado o pio. (risos)

Fugidia, sempre que necessitar disponha. ;)

ana v. disse...

Gostei de rever a matéria, GJ. E tão bem explicada que me senti outra vez na pele de aluna, com uma excelente professora! Obrigada.

Lina Arroja (GJ) disse...

Com estes mimos ainda me me convencem que este era o meu destino.:))

Mike disse...

piu piu... (ainda cá está GJ... gargalhada)

Luísa A. disse...

GJ, gostei muito de recordar, no seu rigor terminológico, as premissas do que é o nó górdio do empresariado português. A solução, quer-me parecer, será deixar que alguém – espanhóis, angolanos – entre a gerir por nós ou, em alternativa, investir nos sectores promissores da nossa economia, como é, no entender do nosso Ministro da Agricultura, o sector de produção do diospiro. ;-D

Lina Arroja (GJ) disse...

Ou fazer de Lisboa uma região agrícola e vinhateira, como li no Expresso?