31/12/08

Enquanto não chega o reveillon


O tempo entre o Natal e o Ano Novo é cheio de experiências. Por um lado os desejos de "caber" no vestido da passagem do ano exigem esforço e preparação física adicional. Se há coisa que a doçaria e as iguarias portuguesas não fazem, é emagrecer! Por outro lado, a vontade de comer mais um pedacito do queijo ou fatia de bolo rei ou pior ainda, comer a fatia de bolo-rei barrada a queijo da serra, ou trincar um dos chocolates que insistem em espreitar-nos mesmo depois da caminhada à beira mar, é tarefa árdua. Nem o cheiro do mar ou o voo das gaivotas nos leva o desejo ou o pecado. Das duas uma, ou cedemos à tentação ou vestimos o vestido, mas entre os dois, o êxito do vestido ainda não é prioritário no dia 30.
A seguir ao vestido, temos de ir preparando o local que ou foi pensado com antecedência ou é a solução, não menos boa, da casa da praia em tempo de sossego. A casa da praia no Inverno tem o encanto de estar fria, não ter roupas adequadas ao evento e acima de tudo não ter vizinhos, leia-se vizinhas, nem conhecidos a olhar para os vestígios dos doces do Natal. Também tem a beleza do mar com as ondas fortes ou o vento que sopra até as orelhas nos caírem. Eu gosto das duas hipóteses. A primeira, porque vestimos o vestido e a segunda porque nos dá desculpa para uma compra nos saldos após o Natal: luvas, camisolão e gorro!
Voltando à ideia da festa de réveillon com vestido a propósito a cena seguinte é o cabeleireiro, e isto tem que se lhe diga pois, qualquer mulher sabe, que o cabelo só fica bem quando o levamos ao nosso fiel e habitual "afinador de cabelos". Noutro sítio ou país o penteado fica meramente lavado! As nossas mães, sempre nos recomendaram que a partir de certa idade o cabelo deve ser curtinho, mas nós gente insensata não as ouvimos. E também, já devíamos saber desde os 12 anos, que só a Françoise Hardy é que tem o cabelo liso, brilhante e com franja esticada 365 dias no ano.
E finalmente os sapatos. Estes têm de ser de salto bem alto e super cómodos para dançar noite fora, coisa que só acontece se o acompanhante adormecer ao lado das colunas de som e os outros estiverem todos ocupados.
É claro que daqui a pouco, umas não conseguirão vestir o vestido e resta a solução improvisada das calças pretas com túnica meio abotoada para disfarçar, ou o camisolão, as luvas e o gorro para as mais ajuizadas. Como eu não sou diferente, tenho a certeza que tudo vai estar nos trinques. Pelo sim, pelo não levo umas sandálias rasas, o cabelo encaracolado, um vestido "arejado" e o meu companheiro de sempre que meia hora depois das 12 badaladas está pronto para vir embora.

26/12/08

Eu nunca direi adeus


Festival RTP 1966 - Sérgio Borges - Eu Nunca Direi Adeus

Um ano a escrever "coisas"

Alguém me perguntou o que é que leva uma pessoa a ter um blogue. A resposta foi rápida: uma necessidade de mudança.
A Grandejóia tem 1 ano e durante este período andei a escrever coisas. Coisas, que foram tomando rumo e definição. O que escrevi nos primeiros momentos foram ao sabor do passado e de tudo o que me apetecia deixar. Não sabia bem o que daqui iria sair, estava a iniciar um projecto que não tinha sido pensado. Apenas sabia que tinha vontade de fazer outras coisas e precisava de parar o meu dia a dia, a minha rotina e acima de tudo alargar o olhar. Esse tempo, veio depois do Verão, altura em que entrei em sabático e encontrei espaço. Espaço para admirar e apreciar, para não sentir o sufoco anterior e poder adoptar outros mundos, outras paixões, outros encantos. Pelo caminho deitei fora desencantos e aprendi a conviver com os inevitáveis e encontrei tempo, e tenho descoberto o que me faltava e tinha esquecido. Tenho lido livros comprados e acumulados por falta de tempo e estou disponível para a vida, para os outros. E o sentimento de estarmos disponíveis é uma jóia muito querida. Sinto, no entanto, que ainda não é tempo de voltar. Dei o primeiro passo, mas não estou cansada de mim nem dos meus dias, não sinto ainda o produto acabado, não tenho ainda a exaltação que antecede o dia da apresentação. O tempo é ainda um espécimen que tem de ser olhado, contemplado, amado, cantado e esgotado. Só depois, poderei voltar ao terreno com o sentimento de antecipação. Para já, continuarei a escrever coisas conforme o dia e a hora e agradecer a todos os que me quiserem visitar. E para finalizar, proponho um brinde a acompanhar o encontro deste meu espaço e desta minha preciosa e privilegiada liberdade.

25/12/08

Palavras soltas

"O tempo e o espaço não são categorias do reino da Amizade" (no masculino)

Boas Festas, Cabo Verde !


Para a minha médica que faz hoje anos e está em Cabo Verde.
Muitos Parabéns e Feliz Natal.

24/12/08

Feliz Natal !


Vozes da Rádio - Boas Festas

23/12/08

O meu Natal

Já começaram a chegar. A primeira foi a que veio do frio, a londrina. Chegou linda e radiante, com saudades da família e dos amigos e a tagarelar sobre os novos colegas, sobre a Universidade e as diferenças culturais. A vizinhança já deu conta, pelo barulho e pela cantoria. A seguir a joaninha que voou de Madrid airosa e a palavrear castelhano, a contar histórias de colegas e chefias e a rir. As raparigas são sempre uma algazarra, roupa, pinturas, cabelos, discussões e gargalhadas animarão os próximos dias. Pelo caminho chegarão mais calmos os rapazes. O mais velho adoptou o estilo gravata ao lado, sério e compenetrado, sorriso nos lábios de quem espera a primeira filha, vaidoso com as suas princesas. Pelo caminho esquece-se e fica menino traquina a dizer disparates e a pedir gelado de chocolate. E o senhor que se segue com os seus caracóis que insistem em continuar rebeldes, aparece com o seu assobio característico herdado do avô. É uma forma de dizer, eu continuo aqui em casa. Mais tarde virá o resto da família e quando nos sentarmos à mesa será uma festa. Mas antes, teremos passado algumas horas de roda das rabanadas, do arroz doce e da aletria, dos sonhos, do bacalhau e do peru, enquanto o dono da casa pergunta se é preciso ajuda, sabendo que será apreciada a sua distância dos tachos. A ele está destinado o heróico prazer de ser mimado com a presença dos seus rebentos, da sua família, da árvore que construiu.
Em criança cabia-me fazer a árvore com o meu pai e com ele pôr a mesa nos dias de festa. Hoje, a tradição mantém-se sendo agora um dos meus filhos que me acompanha nessa segunda arte.
Meu pai dizia, "minha filha, a mesa é sagrada e devemos partilhar o que temos e aproveitar o momento com o nosso melhor requinte". E minha mãe, fazia com que tudo parecesse fácil e requintado.
E é isso, que eu continuo a fazer, meu pai, minha mãe, meu legado.

Dan

Nunca falei do Dan apesar de falar com ele diariamente. Nos últimos tempos as nossas conversas matinais têm rareado e temos saudades mútuas. O Dan é uma das pessoas que habitam o meu dia a dia normal, com uma enorme criatividade, com um sentido de humor fantástico e que compreende as minhas ideias e projectos sem ter de explicar muito. Nunca vi um trabalho dele de que não gostasse. O Dan que eu conheço desde o tempo em que era o irmão mais novo dos amigos do meu, tem sido um companheiro de trabalho fundamental nos últimos 12 anos. Existe uma comunhão de afinidades muito grande e uma amizade do tamanho e da dimensão dos seus olhos que tanto podem ser verdes, azuis ou both. Por alguma razão temos pudor em falar dos nossos amigos, mas hoje em época de final de ano e em que se avizinham as reuniões do próximo é altura de o fazer aqui. Feliz Natal buddy, e até Janeiro que vem!

Excelência institucional


Happy Christmas from AKQA


AKQA Promo

22/12/08

Lembranças Amigas


Audrey - Mecklenburg Music video
Um amigo que sabe da minha curiosidade musical, enviou-me esta prenda.
Obrigada pela lembrança, MO!

20/12/08

Singin' in the Rain


Gene Kelly (1952) no filme com o mesmo nome.
Música publicada em 1929 com letra de Arthur Freed e música de Nacio Herb Brown.

19/12/08

Gershwin


Gershwin - Rhapsody in Blue pt.1/2
Leonard Bernstein as pianist

Glenn Miller

Anos 20

Movie poster for The Jazz Age (1929) with the slogan 'A Scathing Indictment of the Bewildered Children of Pleasure....Riding the Gilded Juggernaut of Jazz & Gin'

Design e ilustração

Primeira Edição, 1925
Editora: Harper and Brothers
Idioma: Inglês
Colecção: Romances Universais
Encadernação: Brochado (Capa Mole)
Editora: Portugália
, Idioma: português

Encadernação: Capa Dura
Editora:
Círculo dos Leitores , Idioma: português

Não sei o que o autor teria preferido. Quem sabe se todas ou nenhuma. Eu prefiro a versão da Portugália.

Os Amigos


"Os amigos são as jóias da coroa da tribo, cada vez desconfio mais das "garantias" do sangue." (Júlio Machado Vaz)

18/12/08

Para quem gosta de neve

Waiting for the bus
Going home
Today is another day!

Doutor Jivago

A edição comemorativa do cinquentenário da obra-prima de Boris Pasternak e da atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao seu autor, está nas bancas. Pela primeira vez traduzido directamente do russo, por António Pescada, esta é mais uma prenda de Natal a não esquecer.

17/12/08

Vozes ao longe


JOHN LENNON / MOTHER

Ordem natural


Development of Fetus

16/12/08

Evolução Humana

Image:Tansy Spinks/Millennium, in New Scientist
A propósito da evolução humana João Miranda no Portugal Contemporâneo.

15/12/08

Prendas de Natal

Falta Brilho em Lisboa

Entretanto em Lisboa as iluminações deste ano podem comparar-se à crise. Elas estão pobresinhas, pirosas e tenho a impressão que foram compradas na loja do chinês. Enquanto noutras cidades do mundo a iluminação se faz por dentro e reflecte-se para fora, nós reflectimos para fora o que nos vai nos bolsos. E assim, mesmo que tivéssemos alguma pontinha de vontade de utilizar os trocos do bolso ficamos sem grande impulso para montras que apenas dizem "promoções" e "vende-se" ou "aluga-se espaço" e ainda "liquidação total para obras".
A Av. da Liberdade gostaria de ter neve fictícia mas a iluminação é curta , as lojas têm vitrinas sem jeito e na baixa apenas a sede de um banco tem fachada a condizer com o edifício. Não sei se tem dinheiro lá dentro mas pelo menos tem arranjo exterior. No Chiado o lixo à porta das lojas não convida a compras. Por outro lado nem mesmo a campanha da TMN melhorou a iluminação e acabou por fazer das principais praças da cidade um autêntico disparate.

13/12/08

Window detail

Selfridges

Laura Ashley

Debenhams, Oxford Street

12/12/08

All we are saying...


Happy Xmas (War Is Over) - John Lennon


Give Peace A Chance - John Lennon

London Christmas Lights

Oxford Street

Earlham Street, Covent Garden

Carnaby Street

Trafalgar Square

Imagens :© Laura Porter (2006), licensed to About.com, Inc

Jóias Harry Winston

As jóias roubadas valem 85 milhões de euros e têm recompensa da Lloyds a quem dê pistas

Só para saber

Estive a ouvir um grupo de senhores incluindo o subdirector do Público, a opinar sobre as faltas dos deputados. Parece que continuam a não assinar todos, estão ausentes mas também parece que têm desculpas adequadas, uns porque estiveram num jantar no Porto que durou até tarde e teriam de fazer directas para estar presentes no dia seguinte em Lisboa, outros porque tinham uma reunião já agendada, outros porque estariam no gabinete a estudar dossiers e leis importantes para a Nação, outros porque era dia de férias da empregada e não tinham quem ficasse com os filhos, outros porque tinham ido ao médico pedir a baixa, perdão parece que não é aqui o lugar para estes casos, outros já não me lembro.
Que se debata o tema ainda vá que não vá, que se peçam justificações também, agora que quem analisa tente desculpar os faltosos com os argumentos dos catraios é que não. Então que culpa é que eu tenho que o senhor X se tivesse deitado tarde e estivesse com sono? Por acaso numa empresa o colaborador utiliza esse argumento para faltar aos seus compromissos sem qualquer penalização? E que história é essa de colocar os deputados que nem miúdo de escola a dizer patranhas para justificar as faltas e levar o pai ou a mãe a assinar o impresso? E ainda, que macacada é essa de querer alterar o dia da votação para não deslocar à sexta feira gente adulta ao Parlamento?
E já agora, só para saber, isto é o País que queremos ou estamos todos doidos? Olhem, bem faz Santana Lopes que sorriu e nem deu ouvidos à jornalista que lhe perguntou porque tinha estado ausente. Assim como assim, nem interessa saber do Santana, nem do Rangel, nem de qualquer outro porque a justificação vai ser dor de cabeça ou má disposição ao primeiro tempo. Enquanto não houver nem rei nem roque, que é como quem diz autoridade e liderança o caminho está livre para todo o tipo de aldrabices e quem se amola é a malta que cá anda a dar o litro.

Homens incómodos ou coisas que nos incomodam?

Já que falamos de homens incómodos o que dizer da entrevista do General Pires Veloso? O General sempre foi um homem incómodo, independentemente de concordarmos ou não o que é certo é que entendeu por bem vir contar coisas do passado. E surge assim, o seu livro de memórias "Vice-Rei do Norte". Aquele que foi o Comandante da Região Militar do Norte, conta a sua versão do 25 de Novembro de 1975, contribuindo para o desfecho do PREC.
Também não deve ser por acaso que se levanta novamente a questão de Camarate e do acidente de Francisco Sá-Carneiro. Mais uma história sem fim para um começo de novelo, homens incómodos ou coisas que nos incomodam?

11/12/08

Portugal na era de Keynes

Medina Carreira em entrevista à SIC Notícias falou sem papas na língua como é seu hábito. Não sei se era pior a destreza das suas acusações, constatações e afirmações se a mímica de José Gomes Ferreira que já não sabia se havia de rir ou de chorar mas que, apesar de tudo, conseguiu manter a compostura e conduzir a entrevista à altura do entrevistado. Quem entrevista Medina Carreira tem de estar preparado para o que der e vier. Assinalo algumas "tiradas" e o link para uma entrevista que vale a pena ver.

"... Quando a crise passar lá fora passa cá dentro. Mas nós ficamos pobrezinhos na mesma e com os nossos problemas internos ..."
"... Agora descobriram o Keynes! Só que falar de Keynesianismo aqui ou no Alentejo é a mesma coisa... Se o Keynes viesse cá não concordava com nada disto. Agora põe-se a assinatura do Keynes em tudo o que é tontice..."
"...em Portugal não se vive da realidade mas de anúncios...um sujeito diz uma coisa aqui, outra ali e ninguém sabe nada..."
"...andam para aí uns papagaios a falar sobre política internacional..." e"...o Estado não pode ser um carrasco fiscal e depois um caloteiro..."
(Medina Carreira, em entrevista ao "Negócios da Semana", SIC Notícias)

Falando sobre Oliveira


Câmara Clara - João Lopes e João Mário Grilo

Manoel Oliveira 100 Anos

Ilustração de João Carlos Santos
Manoel Oliveira festeja centenário

10/12/08

É fazer as contas...agora?

Parece que nem os Partidos nem o Parlamento sabem ao certo quem faltou na sexta feira passada. A lista dos presentes não coincide com a contagem feita pela mesa da Assembleia da República no início das votações desse dia, nem com o resultado da votação dos deputados pelo braço no ar. Está instalada a confusão dos números em Portugal, se é que alguém ainda duvidava!

08/12/08

António Alçada Baptista

Como homem foi um senhor, como escritor um artista, como pessoa um humanista. António Alçada Baptista gostava tanto das mulheres que fez de nós a sua musa e de gostar tanto de contar histórias fez de nós suas ouvintes. Deixa-nos uma obra para reler e palavras para relembrar. A sua escrita era de afectos porque ele era um homem dos afectos. "Os Nós e os Laços" são um dos seus mais recordados romances. "Catarina ou o sabor da maçã" , "Tia Suzana, Meu amor", o "Riso de Deus" ou "A Côr dos dias" outras obras que nos deixou. A sua participação na vida deixa-nos a vontade de o termos conhecido para além dos livros.

05/12/08

Solidariedade

Adelaide Ferreira, Ana Moura, Dulce Pontes, Claud, Jacinta, Joana Pessoa, Katia Guerreiro, Lúcia Moniz, Susana Félix, Manuela Azevedo, Nancy Vieira, Rita Guerra, Teresa Salgueiro e Xana são as vozes que deram vida ao projecto do CD"Mulher passa a Palavra".
As receitas do CD revertem a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro. O objectivo é chamar a atenção das mulheres portuguesas para o problema do tumor do colo do útero
.


(Woman - John Lennon)
(Publicado pela Ana V. na Porta do Vento)

Fechei a porta à desgraça


Beth Carvalho - Fechei a Porta

Ventania, sem rei nem roque

Por um lado a ideia das portas abertas é boa, poder entrar e sair sempre que nos apetece dá-nos a ideia de liberdade. Por outro lado, sempre que alguém pretende escancarar a porta as dores nas costas aparecem e, ai! que está muito frio e as correntes de ar são perigosas. Nos últimos tempos temos tido muitos ventos. São os ventos da crise financeira, são os ventos dos professores, são os ventos dos militares, são os ventos dos reformados, são os ventos dos médicos, são os ventos dos partidos, são os ventos da memória, são os ventos!
Neste último ano, ninguém esperava que tantos agasalhos fossem necessários para tapar buracos de diversas naturezas. E isso é que é perigoso, porque estamos a chegar ao Natal e a nossa boa vontade está muito gelada. Nesta altura do ano, necessitávamos de ter um pouco de conforto para iniciar um ano que se avizinha muito difícil e em que precisamos de acreditar que as vozes que até aqui se têm levantado o fazem com a determinação esperada, embora cada vez me pareça mais difícil sobreviver num país que não tem nem rei nem roque.

04/12/08

Abriram-se as portas

Plano de salvação

Nos últimos dias temos assistido a diversas entrevistas e debates televisivos sobre o suposto "plano de salvamento" do BPP. O que assalta à mente é a coincidência da frase e das palavras. Para mim, isto parece mais um plano de salvação para a banca se não mesmo para o país. Acontece que a frase só me recorda tempos que só eram divertidos porque eu era uma jovem a "armar aos cágados". Infelizmente, nem o período é menos grave nem os cágados são outros, ainda que, tenham cores mais esbatidas. Estes planos, só podem ser mesmo planos de salvação nacional, especialmente, quando se discute a autoridade das palavras do Governador do Banco de Portugal face às apresentadas pelo Ministro das Finanças, ou se o discurso que devemos antecipar por parte do Primeiro Ministro deverá ser mais popular e o do Ministro das Finanças mais rigoroso.
Isto quer dizer o quê? Que estamos num país em que cada um vai dizendo o que quer, o que pode ou aquilo que é verdade? Neste momento do salve-se quem puder, o melhor é revermos o poder que entregámos a quem nos representa enquanto há tempo.

Money, where are you?


Pink Floyd - Money

03/12/08

Por las calles de Madrid


É sempre um prazer andar em Madrid. A cidade impõe-se a quem passa sem se intrometer com quem vai. A vida faz-se de forma agitada e o brilho desta altura do ano adorna a cidade. As compras já foram, porque também em Madrid se nota a queda do poder de compra. Em Madrid, podemos fazer o que nos dá outro fôlego para regressar, seja ao passear a pé pelas largas avenidas ou pelas pequenas calles cheias de história, de música, de sabor e cor. Em Madrid, não tropeçamos nos buracos dos passeios e podemos andar com carrinhos de bebé como diz a Rititi. E ficamos bem com a movida madrileña que nos puxa até altas horas com una copa de vino e unas tapas, seguida de uma ida ao teatro ou a outro lugar de moda. Madrid por supuesto, para a Ana, sem esquecer as livrarias que eternamente nos sugam para si mesmas, levando-nos ao prazer da alma e à paixão de jóias inesperadas.

02/12/08

Tombe la neige



Adamo , Tombe la neige

27/11/08

'La calle de La Luna'

Bizet e Sarasate - Carmen

Que viva Madrid

Flamengo

Las Niñas de Goya

Madrid de compras

26/11/08

La risa de Quique

25/11/08

No dia 25 nov 1975 aconteceu...

desfecho
militares

25 nov 1975

"Em Portugal estava em curso uma luta acérrima pelo poder..." (P2 Público 25/11/08)

Meteorologia financeira


Está muito vento!
Será que o clima piora nos próximos dias?

A coisa saiu para o torto

Se há pessoas que se preparam para "o cargo" uma vida toda, Teixeira dos Santos é um deles. Foi caminhando, deu passos com determinação e chegou ao lugar e função desejada. Ei-lo, Ministro das Finanças logo depois de ter passado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
E como é que a coisa lhe sai? Pelo vistos muito mal indeed!
Ele há coisas... Como se costuma dizer é preciso estar no lugar certo, no dia certo e à hora certa. Neste caso, a hora do ministro não é das melhores. Só me resta o consolo de o ver calado, porque se há coisa insuportável é mesmo os ministros e altos representantes da Nação andarem a dar explicações e a comentar o que deles dizem "antes de tempo" ou o tempo todo. É caso, para uma pessoa, pensar o que será que ainda está para vir ao de cima ou do que é que têm medo?
(Fotografia de Pedro Cunha (arquivo), Jornal Público)

24/11/08

Contas de um rosário

Claro, que assinar "as contas" não é o mesmo que pagar as contas ou assinar cheques que pagam contas e compromissos. Claro, que assinar cheques implica movimentar dinheiros e claro que assinar contas também implica responsabilidades de gestão. É claro também, que passar a administrador não executivo dá jeito neste rosário de muitas contas mas não retira responsabilidades a quem o lê, porque o não executivo também assina "as contas" do mesmo rosário e se tem dúvidas deve questionar antes de iniciar a reza.
É igualmente claro, que quando se assinam "as contas", elas já foram auditadas por diferentes organismos a começar pelos revisores e auditores, que já as assinaram mesmo que tenham deixado aquela frase temível "com reservas".
Quem anda pelas empresas e por conselhos de administração sabe que na maioria das vezes os administradores não executivos são meros nomes necessários para compor e fazer bonito nos registos das empresas a troco de remunerações mais ou menos graúdas conforme a igreja e a diocese a que pertence o rosário. Se o rosário é cantado, aí o peso da remuneração aumenta porque tem mais visibilidade e chega até a ser internacional, com direito a orquestra bem conduzida para a ocasião.
Apesar de tudo isto, e mesmo que Dias Loureiro estivesse cheio de boa vontade em transmitir o rosário, que segundo a sua mãe ele aprendeu no seminário, ninguém acredita naquela versão apresentada a Judite de Sousa e a todos os que o ouviram na televisão. Dias Loureiro, um influente político, ex governante com capacidades para ser convidado por ilustres empresários, com dotes de negociação estratégica internacional, que se senta à mesa de Reis e Presidentes não se lembra!
De repente perde a luz e fica às escuras no que respeita à área mais difícil do rosário e não percebe, não é da sua área, da sua responsabilidade, não era da sua competência a área financeira e ele só assinava "as contas".
Eu, que também assino "contas e cheques" sei que não é na Assembleia para aprovação de "contas" referentes ao exercício do ano anterior que se fazem perguntas, mas sim antes. E também sei, que é ao longo do ano que se pedem contas a quem de direito e se analisam "as contas" pedindo esclarecimentos caso haja dúvidas, porque no dia da assembleia apenas se assinam e qualquer explicação pode servir para despachar o assunto e passar ao seguinte, especialmente, quando se têm de assinar muitas "contas", como acontece numa holding. E já agora, também sei que é nesse momento que os accionistas dão o seu voto de confiança e até de louvor à Administração que é composta por Presidente, Administradores Executivos e não Executivos, ficando registado em acta.
Portanto, Dias Loureiro está metido numa grande procissão que pelo que parece ainda vai no adro. Bem pode encomendar missas e rosários bem rezados, mas dá-me ideia que lhe vai faltar água benta e salvação redentora, a menos que nos consiga explicar quais as contas que faltavam ao seu rosário.

21/11/08

Filmes



19/11/08

The Phantom of the Opera


Busilis II

"Para conhecer os Portugueses é preciso compreender os Nirvana, Fernando Pessoa e a Igreja Católica"(Monteiro Enes)

Monteiro Enes era uma pessoa estranha, de tal forma estranha que a primeira vez que o vi imaginei que tivesse mais para o lado da loucura de lá do que da loucura de cá. Falava sempre por analogias e sofismas. Era um engenheiro brilhante daqueles que se licenciou com média de 19, com sete filhos fruto de dois casamentos e uma mente de filosofo. Conheci-o numa fase já avançada da vida e assim à vista ninguém dava nada por ele. Já não tinha idade para se preocupar com a roupagem ou as delicadezas de fanfarra. Chegava a ser mesmo diabólica aquela forma de trazer uma "bola de queijo limiano" para a mesa e esperar que os convivas a cortassem à dentada... Não lhe interessavam os aspectos mais rebuscados da boa linhagem nortenha. Comia sempre no mesmo restaurante perto da escritório, vivia numa casa forrada de livros que precisava de obras há anos e tinha uma família igual a ele. Do segundo casamento saíram três filhos que ele educava de forma tradicional e o mais desarrumada possível. A mulher tinha as características que se esperariam para uma pessoa fora do comum, ela também era diferente.
Quando Monteiro Enes conversava era bom que estivéssemos atentos, caso contrário perdíamos o fio à meada. No meio das suas conversas elaboradas, lentas, pausadas e articuladas com a cinza do cigarro que lhe caia nas camisolas coçadas ou casacos com lustro, este homem mantinha o interlocutor embasbacado durante horas. E depois tinha uma característica que só encontramos nos portugueses. É que ele não deixava de bater à porta sempre que passava por casa de um amigo e não era preciso cerimónias para receber quem não precisava de finuras mas apenas de alguém que ouvisse e apreciasse as suas palavras tolas à primeira vista mas com muita sabedoria quando analisadas com rigor.
Quando este amigo morreu, a discussão não ficou vazia porque ainda hoje nos serve de tema e de reflexão. Imagino que outros como eu se lembrarão dele. Pelo menos quero acreditar que sim.

18/11/08

Busilis I

Ricardo Arroja no PC
"O problema é que nós portugueses, quando nos mudamos para o estrangeiro, somos logo atacados pelo "saudosismo lusitano". Não falha! E é com esse dilema que alguns portugueses, em Portugal ou no estrangeiro, têm de viver."

Made in Portugal

Nós portugueses somos bons em muita coisa. O problema é mesmo estarmos sempre a dizer o contrário. Mas também quando descobrimos uma coisa não basta que se diga cá dentro é preciso gritar por esse mundo fora que somos bons. O LZR Racer foi considerado entre as 50 maiores invenções de 2008 pela revista Times. O famoso fato de banho fabricado pela Petratex em Paços de Ferreira e usado por Phelps nos Jogos Olimpicos está em 26º lugar. Há que fazer apelo ao "made in Portugal", mesmo que os louros tenham de ser repartidos. É assim que ganhamos essa auto estima que navega em águas turvas há tempo demais.

Ler o jornal

Lembram-se quando a tarefa de ler o jornal era um acto de informação? Ora aí está mais uma coisa que desapareceu do nosso dia a dia. Já tivemos o tempo da desinformação, mas isso era no tempo do PREC. Agora estamos no tempo da falta de tudo. É a crise total!
Se até há bem pouco tempo não passava nada neste meu país, de repente foi assim um ar que lhe deu, uma lufada de vento, eu sei lá, terá sido a crise? Não tarda que estejamos todos cheios da crise e ninguém olhe à crise. Não tarda que a crise esteja uma crise e lá vamos nós ter de encontrar novos encontros imediatos do terceiro grau para descobrir à laia de Orson Welles novas fitas.
Segunda feira, recém saídos do fim de semana e depois de toda a leitura dos jornais semanais, apenas ficou um tema ou um cronista: Vasco Pulido Valente e a crónica sobre os professores. Eu sei que o tema é importante, mas será que VPV é o único com fala neste país? Um pouco de humor faz falta para animar a malta, não acham?
Terça feira a leitura do Jornal Público tem assim num repente títulos e títulos de desanimo. "Rendimento nacional: riqueza que fica em Portugal em queda há nove meses": imagino que só agora tivemos acesso a estatísticas!
"Renault de Cacia e Autoeuropa param produção": um tema mais do previsto e já aqui falado!
"Idosos após os 50, restam entre 9 e 24 anos de vida saudável": porreiro pá!, dado que já passei os ditos, espero que no meu caso sejam os 24 anos que me tocam!
"Fraudes fiscais correspondem a mais de um terço do total da criminalidade económica": pelo menos levou o governo a inverter o regime de liquidação...
"Crise leva famílias a retirarem idosos dos lares": assunto chato e incómodo este!
"Produtora acusa Paulo Branco de roubar ideia do festival de cinema no Estoril": nem o cinema escapa!
"Notários acreditam que Simplex põe em causa segurança jurídica!: passamos ao complex!
"Siza Vieira recebe prémio nacional de arquitectura pela Biblioteca de Viana": dado o estado da crise já não se é bom ou mau!
E finalmente, no caderno P2 ontem e na última página hoje, uma nota de bons ares não do jornal mas dos cronistas Desidério Murcho e Miguel Gaspar.
O primeiro, com o cerne da questão educativa universitária: a solidez da formação cientifica do professor na qualidade e ensino; a relação do professor com a comunidade escolar, o reconhecimento das carências culturais e educativas do estudante; os exames nacionais rigorosos como forma de avaliar escolas, professores e alunos, e finalmente a exigência de "...professores e responsáveis educativos um domínio cientifico sólido das matérias e uma forte sensibilidade social e didáctica".
O segundo, sobre o papel dos grandes e dos pequenos avaliadores e avaliados. E mais uma vez um ponto fundamental no debate educativo:os pais e os alunos. E só quem não passa há muito tempo pelas escolas é que se esquece deste grande pormenor. É que está tudo invertido no que respeita a ditar regras e quem decide dentro das escolas não é o maior mas sim o menor. Aqui e à laia do cronista é o pequeno (alunos e pais) que dá pontapés no grande (professores).
Miguel Gaspar diz que "o Ministério da Educação tem muito a aprender com o Leixões" e eu, que não percebo nada de futebol, dá-me ideia que ele tem razão e olhem: Acho bem!