O tempo entre o Natal e o Ano Novo é cheio de experiências. Por um lado os desejos de "caber" no vestido da passagem do ano exigem esforço e preparação física adicional. Se há coisa que a doçaria e as iguarias portuguesas não fazem, é emagrecer! Por outro lado, a vontade de comer mais um pedacito do queijo ou fatia de bolo rei ou pior ainda, comer a fatia de bolo-rei barrada a queijo da serra, ou trincar um dos chocolates que insistem em espreitar-nos mesmo depois da caminhada à beira mar, é tarefa árdua. Nem o cheiro do mar ou o voo das gaivotas nos leva o desejo ou o pecado. Das duas uma, ou cedemos à tentação ou vestimos o vestido, mas entre os dois, o êxito do vestido ainda não é prioritário no dia 30.
A seguir ao vestido, temos de ir preparando o local que ou foi pensado com antecedência ou é a solução, não menos boa, da casa da praia em tempo de sossego. A casa da praia no Inverno tem o encanto de estar fria, não ter roupas adequadas ao evento e acima de tudo não ter vizinhos, leia-se vizinhas, nem conhecidos a olhar para os vestígios dos doces do Natal. Também tem a beleza do mar com as ondas fortes ou o vento que sopra até as orelhas nos caírem. Eu gosto das duas hipóteses. A primeira, porque vestimos o vestido e a segunda porque nos dá desculpa para uma compra nos saldos após o Natal: luvas, camisolão e gorro!
Voltando à ideia da festa de réveillon com vestido a propósito a cena seguinte é o cabeleireiro, e isto tem que se lhe diga pois, qualquer mulher sabe, que o cabelo só fica bem quando o levamos ao nosso fiel e habitual "afinador de cabelos". Noutro sítio ou país o penteado fica meramente lavado! As nossas mães, sempre nos recomendaram que a partir de certa idade o cabelo deve ser curtinho, mas nós gente insensata não as ouvimos. E também, já devíamos saber desde os 12 anos, que só a Françoise Hardy é que tem o cabelo liso, brilhante e com franja esticada 365 dias no ano.
E finalmente os sapatos. Estes têm de ser de salto bem alto e super cómodos para dançar noite fora, coisa que só acontece se o acompanhante adormecer ao lado das colunas de som e os outros estiverem todos ocupados.
É claro que daqui a pouco, umas não conseguirão vestir o vestido e resta a solução improvisada das calças pretas com túnica meio abotoada para disfarçar, ou o camisolão, as luvas e o gorro para as mais ajuizadas. Como eu não sou diferente, tenho a certeza que tudo vai estar nos trinques. Pelo sim, pelo não levo umas sandálias rasas, o cabelo encaracolado, um vestido "arejado" e o meu companheiro de sempre que meia hora depois das 12 badaladas está pronto para vir embora.