30/04/09

Parabéns à Porta do Vento

Parabéns à Porta do Vento que faz hoje dois anos. Como a Ana diz é um Clube de Amigos que se juntam todos os dias para beber um chocolate quente, ler um livro, ouvir umas sinceridades, dizer alguns disparates numa mistura de palavras e de concertos.

29/04/09

"Night train to Lisbon"

Leio na contracapa do livro: "Raimund Gregorius ensina e vive uma vida rotineira na Suiça. Um dia encontra uma mulher portuguesa que o leva a reflectir sobre a vida e lhe dá a conhecer Amadeu do Prado, um médico dotado de magnetismo e inteligência rara e um anti-Salazarista. Raimund decide viajar para Lisboa." (tradução minha)
Foi na Borders em Boston que este livro de Pascal Mercier, professor de filosofia, nascido em 1944 em Berna e a viver presentemente em Berlim, me chamou a atenção. Não conheço o autor e a edição de 2008 é uma tradução da que foi publicada em alemão em 2004.
Ainda vou no início, e começa assim "Cada um de nós é vários, é muitos, é uma prolixidade de si mesmos. Por isso aquele que despreza o ambiente não é o mesmo que dele se alegra ou padece. Na vasta colónia do nosso ser há gente de muitas espécies, pensando e sentindo diferentemente." (Fernando Pessoa, Livro Do Desassossego)
Já me está a parecer bem, mesmo que no final chegue à conclusão que é apenas mais um romance xarope. Ver autores de outros países a escrever sobre nós é um excelente começo e descobri-lo numa livraria de Boston também.

28/04/09

A terceira



Qualquer mãe de rapazes imagina a sua princesinha com fartos cabelos enfeitados com ganchos e fitinhas, bandeletes e acessórios diversos. Mas não foi o caso, porque a princesinha apresentou-se bald, careca, sem cabelo! E assim ficou até completar um ano de idade. A primeira rapariga que nasce numa família onde já existem rapazes é por um lado mais competitiva e por outro mais coquette e protegida. É uma perfeita combinação do anjo e do diabo em forma de serpente. Ela transforma-se em sereia e encanta quem a ouve e tem garras de gato grande quando se aproxima a oportunidade. Ela é forte como o touro, ataca como o escorpião e persistente como a formiga. A minha terceira já tem cabelos lindos, olhos de avelã e um quarto de século feito mulher. Imagino que ela prefere Sex and the City, mas para mim ela continua a ser my Little Mermaid. Parabéns, filhota!

Quem é que pediu uma Grande Jóia?


Ellen Barkin

27/04/09

Good Madness à segunda feira!


Cesaria Evora - Angola

Cesaria Evora - Mar de Canal

25/04/09

Onde é que eu estava no 25 de Abril

in República, n. 15446 / 2ª série, p. 5
O ritual repetia-se todas as noites. Esperava que todos estivessem a dormir e ficava a ler e a ouvir música. Tinha um pequeno transístor que me acompanhava para todo o lado. Naquela noite havia matéria para estudar e no rádio tocava mais uma vez a música que nos últimos tempos se fazia ouvir com alguma insistência. Lembro-me de ter pensado que era tarde para continuar a ouvir música. "Grândola Vila Morena" ficaria para a história e seria ouvida como hino daí em diante.
Quando o dia amanheceu ninguém sabia se o que estava a acontecer era a favor ou contra o Governo. Na Assembleia Nacional já havia vozes de discórdia, Miller Guerra era o meu preferido. O livro de Spínola "Portugal e o Futuro" tinha sido publicado e circulava uma versão em francês do "Portugal Amordaçado" de Mário Soares. Há muito que os estudantes liam "O Jornal do Fundão", o "República", viam "O Couraçado Potemkin" e encomendavam a um distribuidor diligente uma edição francesa do "Capital" de Karl Marx.
Mário Murteira e Pereira de Moura eram meus professores. Ninguém tinha, no entanto, noção do que se estava a passar mas lembro-me que as pessoas estavam silenciosas à espera dos jornais e também contentes sem saber porquê. A euforia deu-se mais pela tarde quando se percebeu que o regime tinha caído. Os dias a seguir foram de balbúrdia, confusão, trapalhadas, caça aos pides, cenas completamente disparatadas em que bastava um "agarra que é pide" para a população despir a pessoa em plena rua. Estas e outras cenas que os jovens como eu achavam completamente divertidas viviam-se várias vezes ao dia.
A chegada de Mário Soares e de Álvaro Cunhal ao Aeroporto da Portela ficaram no nosso subconsciente e a participação no 1º de Maio uma manifestação que nunca mais poderemos esquecer. A excitação que se vivia faz parte do nosso subconsciente colectivo e, é por isso que este ano a urgência de mudança é ainda maior.
Onde é que eu estava no 25 de Abril? Em Lisboa!

Um outro cantar


25 de Abril a Cantar - Sara Tavares

24/04/09

Espírito de aventura no Tricky Traveller

The Tricky Traveller
Sharing the spirit of adventure


Destaque muito especial para o blogue de um conhecedor de lugares e pessoas fascinantes.
As fotografias são lindas e as crónicas apelativas.

23/04/09

Técnicas de experimentação curricular

Quando eu era pequenina... a escola era até à 4ª classe. Nessa altura tínhamos comboios com carruagens de 1ª, 2ª e 3ª. A diferença estava no preço em primeiro lugar, e na classe social em segundo. Raras eram as pessoas que podiam viajar em 1ª. A segunda estava reservada à grande maioria, tinha os bancos mais escuros e menos confortáveis, mas uma pessoa decente podia viajar confortavelmente. A 3ª classe era um cheiro a suor e lágrimas de trabalho, má higiene financeira e cultural. Em todas se podia fumar e as janelas permaneciam abertas ou fechadas consoante a carruagem. Isto era nas cidades porque no campo não havia estes transportes, a escola era esquecida e bastava aprender a ler e a fazer contas. Como esta parte se aprendia até à segunda classe muitas pessoas abandonavam a escola na terceira e começavam a trabalhar no campo ajudando os pais e contribuindo para o bolo familiar.
Quando eu fui crescendo, as criadas vinham da aldeia e viviam connosco como parte da família só regressando à terra anos depois para uma visita, e nunca querendo voltar à parvalheira sem um pé de meia para mostrar. Pelo caminho pediam a alguém, normalmente a uma de nós, para lhes escrever aquelas cartas que invariavelmente começavam assim, " Minha querida e saudosa mãe, espero que ao receberes desta se encontrem todos de boa e perfeita saúde que eu por cá tudo bem" e que terminavam também desta forma. "Desta tua querida e saudosa filha...Armandina". Esta era uma época em que nas aldeias havia agricultura que alimentava as gentes da cidade e pobreza de subsistência para os que ficavam.
Quando os meus filhos nasceram, a escola ia até ao ciclo, mais tarde sexto ano e passou a obrigatória até ao nono ano num instante. Se antigamente a escola era para aprender, com os anos passou a ser mais para passar o tempo. Os comboios têm agora 1ª e 2ª classe não se pode fumar, as janelas estão fechadas. O que diferencia a 1ª classe é o prazer do ar condicionado e outros pequenos confortos que podem ou não justificar a diferença de preço.
Ontem, o Primeiro Ministro anunciou que a escolaridade obrigatória vai passar para 12 anos e que o Governo quer estudantes na escola até aos 18 anos. Ser estudante passa agora a ser para os meus netos uma profissão, porque antevejo que a licenciatura passe a obrigatória num ápice. No fim de contas mais três anos de um curso para a profissão estudante estará perfeito e devidamente testado para criar novos profissionais. Calculo que os comboios sejam todos TGV e que as aldeias não sejam necessárias porque a Agricultura Vertical já estará em Portugal.
É claro para mim, que ninguém vai ter emprego porque os estudantes vão continuar a ter de se reciclar para as necessidades empresariais. Vamos nesse momento passar a ter motoristas de táxi com formação em engenharia mecânica e estão agora criadas condições para escrever cartas com erros sem qualquer importância mas com a importância do diploma na mão.
A minha pergunta que deve ser muito tonta é ? Se eu já vi este filme há 30 anos nos países que adoptaram estes sistemas e que já estão a corrigir o que viram ser errado, porque estamos nós agora a fazer o que outros deixaram?
Os nossos comboios continuam a andar atrasados 25 anos e ainda querem que os jovens tenham "uma filosofia, um ideal e um objectivo". O que eles vão querer é emprego e não têm quem esteja disposto a investir em recursos humanos que de nada servem. A resposta à minha pergunta é simples. Quanto mais tempo na escola a ver passar os comboios, mais tempo em casa dos pais, mais tempo de subsídios para as famílias e mais tempo para tapar o sol com a peneira. E no entretanto maiores possibilidades para a migração não da aldeia para a cidade mas dos outros países para o nosso. Ainda há quem duvide que somos europeus?

O primeiro

O primeiro é o que tem a mãe mais inexperiente, a mais ingénua e a que está mais próxima da idade do filho. O primeiro é aquele em quem se depositam as maiores responsabilidades e é também aquele a quem menos desculpamos quando cresce. É aquele que representa a nossa incerteza e pouca maturidade, é também aquele de quem mais esperamos. O primeiro é o nosso primeiro brinquedo de mães. O primeiro é a nossa referência futura e a nossa marca. É do primeiro que saem os primeiros estudos para os que se seguem. O meu primeiro faz hoje 31 anos e eu tenho um imenso orgulho no homem que na madrugada deste dia nasceu menino. Parabéns, meu filho!

22/04/09

Pelos céus do Universo

A melhor forma de perder o medo de andar de avião é andar de avião! É fácil e com um toque de teclas está comprado o bilhete, o hotel marcado e temos o carro para viajar. Comecemos então pelo princípio. O primeiro passo está relacionado com a companhia de avião. Podemos utilizar vários critérios de escolha ou de preferência. Olhar para filmes ou estatísticas e ver as que têm mais acidentes, as que aterram em locais que não devem, as que servem vinho à borla, as que nos querem exigir o pote na mão (adoro esta forma nortenha de dizer penico) e conhecidas por low cost e ainda as que são do nosso país e os aviões têm nomes divertidos . Um dos meus filhos adora viajar no "Cuco" que pertencia à Portugália, já eu tenho uma preferência pelo Albatroz, porque me faz lembrar Cascais.
Uma vez comprado o bilhete, confirmado se está tudo "direitinho", se o hotel para a primeira noite, não confundir com o hotel da primeira noite, está marcado num lugar decente, se o voucher para levantar o carro está legível e de preferência em inglês, caso contrário temos a senhora no local de destino a dizer "I ain't see nothing with this name on", podemos passar à fase seguinte que é a preparação da mala. Digo preparação porque é uma actividade de grande concentração. Esta é a fase mais divertida, porque separamos montes de vestidos, calças, bermudas, túnicas, tops, camisolas, sapatos, botas e sapatilhas e outras tantas coisas para no final deste exercício voltarmos a tirar da mala ou porque não cabem, ou porque decidimos, muito sensatamente, que no destino há tudo o que cá há e logo veremos se for necessário. O que é muito inteligente porque nos vai faltar sempre qualquer coisa, até aquela bolsinha que nos dava tanto jeito para colocar qualquer coisa.
Finalmente chega a hora de partir para o aeroporto. Se estivermos calmas só vemos duas ou três vezes o que já tínhamos visto no dia anterior, agora se estivermos ansiosas quase que perdemos o avião. Aliás, há um momento em que pensamos se não é melhor mudar de ideias. "Olha ficamos e pronto!" Birra de criança passada, adulta de pé e cabeça erguida aí vamos nós rumo ao aparelho. O lugar não é mau, o vizinho do lado parece simpático, o pessoal de bordo mantém aquele sorriso fulminante e estamos sentadas, as revistas à nossa frente, olhamos para trás, para o lado, discretamente para as saídas de emergência e sorrimos.
De repente, "atenção portas em arco"; "pessoal de cabine: preparar para take-off".
E levantamos, os motores a todo o gás e, alto parece que vão parar, o que é este barulho? olha-se pela janela, continuamos no ar? será que estamos a perder altitude?
Não Luísa, eles estão apenas a abrandar, atingiram a velocidade desejada para voltar a acelerar até atingir a velocidade de cruzeiro. E voilá, passadas umas horas voltamos a sentir o avião a descer e estamos quase que preparadas e aliviadas por colocar os pés no chão. Ah, mas ainda falta um bocado e ouvimos o trem de aterragem a sair e pás, estamos no chão. É pá! paras ou quê? Bolas... parou e curvou e estamos no terminal. Finalmente!
JKF International Airport - Welcome to NY City - Cellulars on are not allowed in this area.
Ainda não podemos telefonar para casa e temos de passar estes american officers e ainda temos as malas que esperemos tenham vindo!

"Qualquer coisa de asseado"

21/04/09

Nós europeus!

Havia dúvida? É muito interessante que se tenha de chamar a atenção para o facto de sermos europeus. E aqui está novo busílis. Se já tínhamos dificuldade em nos assumirmos como portugueses maior ainda como europeus, mas apenas no que toca a eleições e votações porque o resto é um dado identificado ou alguém duvida que uma criança, pelo menos quando inicia a escolaridade sabe se é portuguesa e que Portugal fica na Europa? O nosso problema, e ele há tantos, não é de identidade mas de enquadramento comunitário e aí a maior parte da população não tem qualquer tipo de cultura europeia. Portanto, votar nas eleições europeias tem muito que se lhe diga, e se alguém ambiciona a corrida às urnas é melhor que a focalização do discurso se faça naquilo que se pretende comunicar.

20/04/09

Good madness à segunda feira!


Buena Vista Social Club - Cuba

El Comandante e Obama

As árvores morrem de pé e Fidel ao abrir as portas a Obama também!
Acabar com o embargo a Cuba, permitir que americanos viagem livremente àquele país e que os emigrantes cubanos possam enviar sem restrições verbas para os seus familiares significa eliminar barreiras e libertar Cuba. Afinal o último passo à actual situação estava destinado não a Fidel mas à administração americana, como sempre soubemos. Após os passos dados internamente em Cuba, só podia vir do exterior e do país que sempre esteve na origem do problema e a Obama coube apenas fazer o que os cubanos que nele votaram esperavam, incluindo os dirigentes de Cuba.
Assim Fidel Castro morre de pé, mantendo o seu orgulho até ao fim. Apesar da ideologia ultrapassada e duvidosa, Fidel não sai derrotado aos olhos do seu povo e ainda poderá ouvir os seus compatriotas dizer "Nosotros, los cubanos, lo debemos todo al Comandante!"

18/04/09

A força de uma filosofia

Que peso e medida para atingir o objectivo do sonho?
Nelly Furtado - Força

Quanto tempo dura o sonho?
Manuel Freire - Pedra Filosofal

17/04/09

Charlie Chaplin

A 16 de Abril de 1889 em Londres
(1889 - 1977)

Eu já não tenho cabeça!

O Sr. Francisco era o funcionário mais novo, tinha a nossa idade, era magro, simpático e pertencia àquela comunidade. Dava-se com todos, parecia um de nós, só que passava o tempo à entrada da porta de vidro, enquanto nós passavamos o tempo em pé ou de um lado para o outro e de vez em quanto íamos às aulas. Várias pessoas tentavam envolvê-lo noutras lutas e actividades. A sua fraqueza, dizia ele, era a matemática e apesar dos esforços ninguém conseguia convencê-lo a fazer outra coisa para além do que já fazia, ou seja, ver quem passava e dar uma palavra a todos. Um dia, um dos professores chamou-o e perguntou-lhe se ele não gostaria de continuar a estudar. A Universidade ajudava e quem sabe ele um dia ali estaria como aluno. O primeiro passo foi arranjar uma secretária e a respectiva cadeira para ele se sentar e estar mais confortável. Continuava no seu lugar e podia até começar a ler algum material que o professor arranjaria e todos nós lhe ensinaríamos. Em 1975 tudo nos parecia possível e nós eramos as forças dialogantes capazes de mudar tudo e todos. Porém, há pessoas e coisas que não nasceram para a mudança e o Sr. Francisco era uma delas. Que não, respondeu ele ao professor em causa, o problema dele era na verdade a matemática, mas acima de tudo havia outra questão pior, é que "Ó xenhôr dótôr, eu já não tenho cabêcha!"
O ponto é que os dois continuam no mesmo sítio. O que já não tinha cabeça continua sentado à secretária a ver quem passa, mais gordo e menos dialogante. E o professor também, se bem que em espaços diferentes. E matemática passou a ser 2+2=5 , igual à lógica da batata e a maioria de nós "já não tem cabeça"!

15/04/09

Dar e receber

Imagem retirada da Internet

The Salvation Army , USA - Donation

14/04/09

Sem decote!

Um emigrante de segunda geração


Não sei se estamos a evoluir na divulgação dos nossos produtos se estamos a ficar com mais um emigrante português ou um americano de descendência portuguesa. Antigamente quando chegávamos aos Estados Unidos tínhamos de fazer grande esforço para perceberem que Portugal era um país e não fazia parte de Espanha. E também tínhamos de dizer muito explicadinho onde ficava Portugal e em que Continente.
Mais tarde identificado o país havia sempre uma boa alma que muito contente nos dizia que o jardineiro, a cozinheira, o motorista ou o canalizador eram portugueses.
Neste momento estamos todos felizes porque as notícias falam de Portugal ou pelo menos do novo residente português na Casa Branca. E desta vez não é o jardineiro nem a cozinheira, mas o "Bo" que vai brincar com as meninas Obama. Para já o residente salta e brinca e tem a vantagem de ser um animal que gosta de crianças, é limpo, o pêlo é suficientemente baixo para não causar alergias e gosta de mar. Tem a aprovação da família Kennedy o que é importante, e pode ser que nos traga alguns turistas, quanto mais não seja para ver o tal país que fica do outro lado do Atlântico que não é Espanha mas é Europa e tem cães cujos padrões condizem com os critérios americanos.

13/04/09

Correlação laranja

Eu já estava desconfiada que isto tinha de estar correlacionado. Se as laranjas estão em baixo como é que o preço das laranjas podia estar em alta? A questão claro que é económica. Se o cliente não procura a laranja o preço baixa e de tal forma que o produtor de laranjas começa agora a olhar para o seu vizinho que produz papoilas ou rosas ou martelos e pensa que aí é que está o negócio. Começa por elaborar uma sondagem, fala da crise da laranja diz que tem tangerina, mas o cliente não quer ou a muito custo lá vai levando porque a tangerina tem a pele mais lisa e as laranjas que existem não têm boa cara.
Que fazer, então? Deve o produtor escoar a produção baixando o preço e esperar que o cliente volte a querer a laranja ou deve reciclar o seu negócio? A análise desta questão deve começar pelo principio. É que o cliente só deixou de procurar as laranjas porque elas não tinham boa qualidade e porque o produtor ao querer "gananciosamente" o melhor dos dois mundos - lucro e falácia- deixou de tratar dos terrenos, de os podar, de os fertilizar, passando a utilizar os produtos de qualidade duvidosa para enganar quem menos percebia de fruta e apenas bebia o sumo engarrafado.
Só que, como todos sabemos, a crise quando se instala traz bicho e foi o que aconteceu. De repente os laranjais do país ficaram pela hora da morte e as flores desataram a crescer, mesmo que selvagens e sem orientação no início. Agora as flores, as ceifeiras e as rosas começam a brilhar e as laranjas têm de esperar melhores dias.
Segundo notícia do Público, o valor da laranja do Algarve cai para preços de há 30 anos. Um saco de cinco quilos chega a dois euros ao consumidor final, enquanto um quilo de laranjas, já calibradas e lavadas, sai do armazém a 22 cêntimos.

Good Madness à segunda feira!


"Mambo Inn" with The George Gee Big Band

12/04/09

A escolha orgânica e justa

Passado o Domingo de Páscoa e por sugestão de gente conhecedora não há razão para deixar o chocolate de lado. Apenas temos de conhecer e saber escolher.
Se for Organic and Fairtrade melhor, porque estamos a contribuir para o comércio justo em que o produtor recebe uma percentagem do que estamos a comprar. A economia agradece e os produtores de cacau também.
Por outro lado a nossa consciência colectiva cresce e estende-se até aos países produtores e a favor de quem estamos a beneficiar. As empresas que produzem e os consumidores que preferem estão a proporcionar aos fazendeiros do sul um prémio suplementar para as suas colheitas, permitindo um crescimento sustentável do negócio, investimento em equipamento e melhores colheitas.

10/04/09

Tempo de Quaresma

Tive, como a maioria dos portugueses, uma educação religiosa com todos os actos litúrgicos que o dever ou a fé assim o exigiam. Comecei pela Catequese, seguida da Primeira Comunhão, da Profissão de Fé, do Crisma e de vários retiros que basicamente serviam para encontros entre jovens da mesma idade supervisionados por um padre de preferência moderno e uns tantos leigos que serviam de ajudantes. Naquele tempo ir à Missa era um assunto sério para os mais velhos, pais e avós, e um divertimento para os mais novos. Não me parece que alguém pequeno fosse à Missa por fé mas apenas pelas cores, pelo cheiros, pela música e pelos rituais revestidos de misticismo.
Assim, desafinei no coro da Igreja, tive namorados, fiz escapadelas ao Cinema Império e amizades que ainda hoje mantenho. Conheci gente que passava por casa dos meus pais como Bruto da Costa ou Vassalo e Silva e aprendi que era importante olhar para as pessoas, aprender a gostar delas e dedicar-lhes algum tempo. Visitei hospitais e fiz companhia a gente idosa, participei em Vendas de Natal e ainda hoje tenho histórias para contar. Depois, havia outras coisas igualmente interessantes. Os sacerdotes que enchiam as Missas estão hoje quase todos casados, o que deverá querer dizer alguma coisa. Os grupos de intervenção e acção social considerados pouco recomendados para filhas de família, como a JOC (Juventude Operária Católica) estão dispersos o que também deve querer dizer bastante. O cerimonial religioso associado à Quaresma não atrai muita gente e a Missa de Domingo de Páscoa muito menos. Apesar de também eu ter deixado de aparecer, continuo a recordar com gosto as Igrejas vestidas a rigor, a Procissão do Senhor dos Passos e as varandas que se enchiam de colchas e ornamentos, significando respeito e recolhimento, paixão e redenção. Se era pela fé, pela tradição ou por obrigação não sei, mas tenho pena que não se continue a fazer esta paragem, tal como tenho pena que este tempo se tenha tornado, a exemplo de outros, apenas de guloseimas e sol e muito pouco de reflexão e compaixão.

07/04/09

Chocolatomania or looking for trouble?

Bonita iniciativa que a Livraria Barata organizou e que teve muitos chocolate lovers presentes e ocupados a decorar e a embrulhar pequenos ovos e amêndoas para oferecer nesta Páscoa, enquanto iam comendo uns bombons. Este ano o nosso querido coelhinho, essa invenção dos países saxónicos e ao qual o nosso país aderiu nos últimos anos, estará vestido de "Kit- Kat". Eu sou a favor da chocolatomania em pequenas doses, embora me tenha chegado aos ouvidos que é um excelente complemento a uma dieta abdominal.
Recentemente, assisti a uma entrega de prémios ao anúncio do "Kit-Kat Senses". O anúncio ao som do Bounce with me e com a interpretação daquela rapariga yummy, vem mesmo a calhar antes ou depois do cursinho.

06/04/09

Good Madness à segunda feira!


Australia,1989


Bee Gees - I Started a Joke

03/04/09

Uma jóia adequada

Um amigo quis oferecer-me uma gema, logo depois um brilhante e escolheu uma pérola que lhe estava acessível.
Para retribuir à altura, parti em viagem e encontrei o que me pareceu uma jóia adequada. Playing for change around the world!


Playing For Change: Song Around the World "Stand By Me"

Um mimo do Rochedo

Encontrando-me em viagem, recebi este mimo do Carlos que só hoje estou a retribuir. É uma jóia que vou estimar e deixar brilhar.

02/04/09

Maurice Jarre (1924-2009)

Nem de propósito! Morreu o compositor Maurice Jarre que para além de um compositor galardoado pela Academia de Cinema com atribuição de Óscares era nem mais nem menos que pai de Jean - Michel, minha última "Good Madness à segunda feira!".
Um compositor que começou por querer ser engenheiro mas que verificou que a sua madness era outra. Foi com ele que filmes como "Doutor Jivago", "A Filha de Ryan", "Passagem para a Índia", "Jesus de Nazaré", "Grande Prémio", "Clube dos Poetas Mortos" ou "Atracção Fatal" entre muitos outros ficaram com a sua música na história do cinema e não têm época. Um pai assim só poderia influenciar os seus filhos, Jean-Michel na música e Kevin na escrita. Pessoas assim ou não nascem todos os dias, ou não têm as mesmas oportunidades ou não têm a mesma determinação. E eu, que acabei de chegar da América do Norte onde tudo parece possível now, ou estou influenciada por bons ares ou a precisar de um "Bons Ares" do Douro para deixar fugir a "influenza" que me pode aquecer demasiado as ideias e tornar a minha vida em Portugal perigosa!