30/06/09

Dez anos de valores em Portugal

O Público divulga hoje uma análise comparativa sobre os valores pessoais e sociais dos portugueses face a dados de 1999. Portanto, dez anos depois e partindo do princípio que o método de amostragem com grau de confiança de 95% e desvio-padrão de 2,75 é fiável, foi colocada a seguinte questão:
"O que é mais importante para a maioria das pessoas que conhece?"
Das 937 pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 65 anos que responderam ao inquérito resultaram os seguintes dados:
Do total de inquiridos 39,1% considera que "ser rico" é a coisa mais importante, 31,3% "ter boa posição social", 30,6% "ser honrado", 27,5% "ter influência/ poder", 26,9% "amar e ser amado", 24,1% "ser famoso/ter prestígio", 22,5% "ser profissional competente", 22,3% "ajudar os outros" e 13,2% "ter fé".
Assim a olhómetro o que me saltou à vista, foi que ser rico, ter boa posição social e ter influência/poder não ter nada a ver com querer ser um profissional competente. Mas, ser honrado parece que ainda é coisa com valor. Perder tempo e feitio com a fé só 13,2% e ajudar os outros....já tivemos melhores dias.
Estamos mais individualistas e também mais tolerantes e temos menos preconceitos. Mas o que gostamos mesmo é de paz (66,6%), liberdade (58%) e justiça (45,8%). Harmonia social? Uns 11,8% e já vamos com sorte.
Tudo valores que a sociedade portuguesa, pelos vistos preza e que os políticos pouco têm privilegiado. Talvez não fosse pior olhar para alguns inquéritos antes de saírem as primeiras sondagens de intenção de voto para as legislativas. Pode ser impressão minha, mas a Justiça anda mal, a Liberdade depende do conceito e não percebo como pode haver tanto empenho na Paz e tão pouco na Harmonia Social, para já não falar nos ideais que, enfim, já eram! Pela família, 87,4% está disposto a morrer, pela pátria? 28,2%. Por causa política 3,2% e curiosamente 12,8% diz que morria pela sua religião e que representa basicamente os mesmos que consideraram que a fé valia 13,2%.
Este último dado ou não faz sentido ou é preocupante. Por outro lado, significa que os inquéritos e os métodos de amostragem estatística valem o que valem.
O que nos interessa é a qualidade do povo. Um povo que não sabe não pode responder direito, o seu voto não deveria ter o mesmo valor e é por isso que muitos se abstêm de votar, porque não sabem em quem. Como felizmente vivemos em democracia, haverá formas de ensinar quem vota a saber escolher com conhecimento e convicção e com poder e razão. E a quem se entrega esta função de ensinar? Aos políticos sem qualquer dúvida, através do exemplo e da seriedade, à sociedade civil através de intervenção cívica, social ou religiosa. Não quero concluir que temos o país que merecemos, mas quando aceitamos sem um piscar de olhos barbaridades, aldrabices, desonestidades, vigarices e outras situações que nos deveriam incomodar, a única palavra que me vem à mente é cidadania falhada e não derrota da democracia como muitos querem fazer crer.
Nesse sentido, o inquérito "Dez anos de valores em Portugal" que é hoje apresentado no seminário "A urgência de educar para os valores" deve merecer atenção e leitura sem preconceitos, mesmo se a principal questão de fundo tenha por base valores morais e/ou religiosos.

Pântanos, óasis e consensos

Identificada a ineficácia da teoria da arrogância, passamos agora à teoria dos consensos. Como já experimentamos as duas, a novidade só está num novo líder. Os lideres dos consensos não chegaram muito longe, houve até casos em que só atingiram o pântano. Os consensos trazem o desgaste da conversa, reuniões até altas horas, dossiers para discutir, observatórios e relatórios. Pode ser giro, porque as tangas também costumam abundar nessas reuniões de trabalho. A trabalheira para encontrar o "Dr. Rumo" vai continuar a sentir-se, e já começo a ter saudades do oásis perfilhado por Braga de Macedo, hoje, esquecido sem dó ou piedade. Apesar do nosso Ministro Teixeira dos Santos dizer que com a chegada do Verão a crise vai abrandar e o índice de confiança está a dar os primeiros passos positivos, tenho esperança que haja música para acompanhar este fado fininho. O vento que sopra lá do resto da Europa e produz efeitos tranquilizantes para quem acredita nos poderes mágicos da mão invisível, pode promover viagens a países distantes. Só gostava era de saber onde está e a quem pertence essa dita mão gigante, não vá o cidadão enganar-se e bater na porta errada. Haja esperança e trabalho, que para o resto já cá temos quem nos trate da saúde e o tempo é curto.

29/06/09

Lemniscata

O RAA, distinguiu a "Grande Jóia e o olhar sagaz da Angelina Jolie" com o Prémio Lemniscata. Marquei mesa e tomo café no Abencerragem, desde o dia que Carlos Malheiro Dias enviou um seu emissário com o bilhete de entrada. Os escritores criam elos e amizades entre os seus leitores e, neste caso, é um orgulho ter amigos assim. Muito obrigada pela distinção.

Transcrevo o texto que define o teor do prémio:
“O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores.
"Sobre o significado de LEMNISCATA:LEMNISCATA: “curva geométrica com a forma semelhante à de um 8; lugar geométrico dos pontos tais que o produto das distâncias a dois pontos fixos é constante.”
Lemniscato: ornado de fitas Do grego Lemniskos, do latim, Lemniscu: fita que pendia das coroas de louro destinadas aos vencedores (In Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora)
Acrescento que o símbolo do infinito é um 8 deitado, em tudo semelhante a esta fita, que não tem interior nem exterior, tal como no anel de Möbius, que se percorre infinitamente. (Texto da editora de “Pérola da cultura)”.

Tenho perante mim a dificíl tarefa de indicar 7 blogues. Sem ordem de preferência, escolho:


Agradeço ainda a todos os amigos que por qui passam, porque são eles, que dão vida a este espaço.

Good Madness à segunda - feira!


Blue Bossa -Dexter Gordon

27/06/09

Um doce da Júlia

Um doce da Júlia é como sempre um privilégio para a GJ.
Será necessário cumprir 3 regras.
1 - citar cinco pessoas muito importantes para mim: os meus inseparáveis Pedro, Ricardo, Bruno, Sofia e Mariana.
2 - formular um desejo: que ninguém venha ao mundo sem ser desejado.
3 - passar o selo para outros dez blogues: deixo a todos os que se encontram ali ao lado nas jóias de família.
E um muito obrigada pela lembrança que já vai um pouco atrasada.

Racismo


Chico Buarque

Discriminação

A maior parte de nós não sabe o que é discriminação e os que sabem gostam de esquecer as crianças filhas de pai incógnito e discriminadas à nascença porque a Igreja Católica não permitia divórcios, ou do tempo dos emigrantes de segunda e terceira, ou dos portugueses de classes diferentes porque nascidos nos outrora paraísos além-mar.
A discriminação faz- se das formas mais simples, mesmo que racionalmente e economicamente justificável. Casos simples do quotidiano que permitem atribuir salários diferentes para trabalho e qualificação igual feita por mulheres que não nasceram homens. Meninos abençoados que vestem marcas sem dificuldade, e outros que compram menino a menino contrafacção feita por outros meninos. Esquecemo-nos dos meninos que gostariam de estudar mas os recursos não estão à disposição. Da discriminação da própria família quando algum dos filhos é diferente, seja por orientação sexual ou por outra qualquer estranheza de atributos desajustados e impróprios pelo desconhecimento. A discriminação do passado ainda nos atormenta com palavras ditas atrás da porta e escondidas debaixo do tapete.
A discriminação não é só uma questão de cor, é uma questão de educação de mentalidades. Mas a cor da pele não é igual, os olhos ou cabelo também não, os gostos e os costumes são diferentes, e é natural que haja quem queira aprender e faça perguntas. Por isso, é bom não esquecer que nem todos assim pensam e que se não pudermos falar livremente sobre o tema, então sim, é que tudo fica igual. Há tempos uma jornalista brasileira com blogue no Expresso, dizia que nunca tinha visto um povo com tanta dificuldade em discutir o racismo como os portugueses. Eu compreendo-a, porque cada vez que tento abordar o tema muitos me atribuem intenções de preconceito. O preconceito é na minha opinião, pensar que não devemos discutir ou falar sobre todos os assuntos. Ou pior ainda, entendermos que só nós é que temos a verdade.
Assim sendo, eu concluo que ou me expresso mal, ou coloco a questão a pessoas erradas ou ainda tenho de aprender a contextualizar. Haverá assim tantos brancos no mundo? E o ponto não será ser preto, branco, amarelo ou vermelho com mentalidade cinzenta? Nesse caso, porque não querem alguns admitir que não são brancos e temos todos de fazer de conta que não existem mulatos e essa é uma questão preconceituosa ?

26/06/09

Uma luta inglória

É nestas alturas e em dias fatídicos que nos lembramos que está na hora de fazermos os tais exames de prevenção e despite do cancro. Farrah Fawcett uma mulher que não teve vida fácil e que nem nos últimos momentos conseguiu ter o filho por perto.

Desisto!

O sonho dum mundo melhor


Michael Jackson: We Are The World USA Africa

23/06/09

Na minha ausência

(Banco de imagens, ionline)
Luís Paixão Martins em entrevista ao ionline, diz que nas próximas eleições o marketing pouco vai valer.
"ionline:O "novo" José Sócrates, mais humilde, dialogante e humano, inclusive a reconhecer erros da sua governação, já teve o dedo da LPM?
LPM: Ainda não fomos chamados a integrar a equipa de campanha. Eu, pessoalmente, como disse, estive fora do País e só regressei na passada quarta-feira.

ionline: Mas concorda com esta nova postura?
LPM:Não acompanhei. Tive uma série de compromissos fora de Portugal."

Considero Luís Paixão Martins uma referência na área da comunicação e do marketing.
A idade ensina a ser sábio, e a demarcação ajuda a prolongar o carisma do comunicador. Por outro lado, também ajuda a afastar os curiosos que gostam de dar dicas sobre posicionamento de imagem, visão e liderança estratégica. Uma das regras de gestão de marketing é nunca subestimar a concorrência. Outra é enaltecer o produto de forma subtil, sempre que analisamos o concorrente directo. O marketing político representa, hoje, um boa fatia na captação de públicos e segmentos de mercado. E isto, tanto vale para tangíveis como para intangíveis, porque no fim de contas tudo é negócio e há que pensar com antecedência.

Acho V

Acho que nas entrevistas, se deve deixar falar o convidado. Neste caso o escritor Tiago Rebelo em entrevista a João Paulo Sacadura no programa " Livraria Ideal" da TVI24

Oferta da Lady-Bird

O prémio que a Lady-Bird me ofereceu tem um questionário grande... para responder e cinco amigas a quem devo passar.

Mania: Arrumação
Pecado Capital: Crítica jocosa
Melhor cheiro do mundo: O da minha casa depois duma viagem longa
Se dinheiro não fosse problema eu faria: Uma fundação
Casos de infância: nunca ter tido uma trotinette
Habilidade como dona de casa: Organização, planeamento e competência
O que não gosta de fazer em casa: O que posso fazer na rua
Frase: Dá-me uma raiva!
Passeio para o corpo: Talassoterapia
Passeio para a alma: Rir
O que me irrita: Pessoas idiotas
Frase ou palavra que fala muito: Estou cansada de repetir
Palavrão mais usado: Não digo...
Desce do salto e sobe o morro quando: Vejo injustiça e presunção
Perfume que usa no momento: Bronzeador Ambre Solaire
Elogio favorito: A dona deste blogue é uma fofa
Talento oculto: Fazer das tripas coração
Não importa que seja moda, não usaria nem no meu enterro: Verniz azul
Queria ter nascido sabendo: Ler todos os livros no idioma original

As cinco amigas são: a Luz, a Júlia, a Luísa, a Rita V. e ao lado feminino do Mike :)

22/06/09

Good Madness à segunda - feira!


Senor Blues - Silver Horace (1959)

21/06/09

Os 28/30 no conselho dos competentes


Augusto Mateus, em entrevista

Gostei, e julgo que é assim, de ver o manifesto apresentado por três dezenas de personalidades dos quais 28 economistas. Apesar das notícias e dos actos nos parecerem sempre requentadas e sobras do dia anterior, congratulo os que disseram alguma coisa por escrito. Subscrever documentos e moções não é para todos. O acto isolado não surte efeito e um número razoável de nomes com peso poderá iniciar mais uma reflexão. Terem encontrado uma mulher economista digna de pertencer ao grupo é notável, especialmente para quem pensa que a questão das quotas é irrelevante. Também é importante para mostrar que as mulheres ou se expõem mais ou estão tramadas e ninguém as leva a sério. Os acepipes servem-se frios, eu sei, mas as opções também levam o seu tempo até se demonstrarem viáveis.
O grupo dos 28 veio agora dizer por escrito, e eu insisto no escrito, o que já todos sabíamos. O "já todos" são os economistas que por aí andam. Uns a fazer de conta, outros a virar o bico ao prego antes que seja tarde, outros honestamente à procura de inserção no mercado de trabalho, outros a procurar o tal encaixe e oportunidade mesmo a jeito. Mas atenção, esta que nos parece uma atitude certeira poderá ser uma rasteira política neste oportuno momento. Como diz António Barreto, "a ideia do governo dos competentes é velha e é sempre uma ideia antidemocrática. Pressupõe que a democracia interessada nos votos e especializada em demagogia, não é capaz de chamar a si as competências técnicas ... e as responsabilidades pelas decisões pertencem aos políticos que devem prestar contas à população".
Vamos, neste caso, esperar pelo desenrolar deste conselho de competências que agora se propõe dizer em grupo o que alguns andam a dizer e a tentar informar isoladamente há anos.

O delírio faz destas coisas

Os jantares em "tête-à-tête" provocam delírios.


Los Marcellos Ferial - Quando calienta el sol

19/06/09

Ficar bem na fotografia

Muito se tem escrito sobre os resultados eleitorais. Independentemente do acto de se ter votado ou não e em quem, o ponto sobre o qual tenho reflectido é se votamos em políticas ou em pessoas, se as duas são o mesmo, se podemos dissociar uma da outra, se os representantes são mais importantes que as políticas em que acreditamos ou vice-versa. Independentemente dos votos estratégicos, dos votos de abstenção dos descontentes sem alternativa, dos votos de punição, dos votos de adoração, dos votos de antecipação, pergunto se alguma vez deixaremos de ter sociedades democráticas, se a democracia pode passar a ditadura de grupos.
Todo o dia de ontem andei a remoer sobre um artigo de Alexandra Lucas Coelho (ALC), aparentemente sem grande relevância para este tema, mas que ao referir a necessidade de conhecer a realidade e a ficção mesmo num outro contexto me deixou a pensar.
A jornalista no seu artigo "Não ficção" publicado nas suas crónicas "Viagens com bolso" menciona três pontos importantes. O primeiro que "a repetição das imagens tira-lhes realidade"; o segundo que "o problema com a ficção é que a realidade existe"; o terceiro "num território esgotado por ficções há um único desenlace real: ir e ver". ALC está descrever o muro, Cisjordânia e Gaza e a forma de vida de milhões de pessoas reais que só quem não viu as ficciona. E é aqui que toda minha análise volta ao início. Será que as políticas e as pessoas se podem separar? E os erros cometidos são remediáveis com outros representantes? E neste caso as campanhas de imagem ao se repetirem tiram-lhes realidade?
Uns dias antes das eleições passadas, um amigo que ainda não tinha visto os outdoors da campanha, exclamou entusiasmado: "Gosto imenso das fotografias com a candidata do Porto. Estão fantásticas!" E eu fiquei a pensar, que na realidade ainda não tinha visto as fotografias, mas apenas a candidata, os lenços e as demais análises ao outdoor estavam filtradas pelo meu enviesamento em relação à pessoa. O meu olho clínico não estava isento e para mim tanto me fazia que fossem bonitas ou feias que não me levariam a votar em quem eu não acredito, porque olhando melhor, o meu amigo tem toda a razão, as fotografias estão fantásticas!

Aldeias para que vos quero

O Mike tem andado cheio de trabalho e por isso não desconversa mas vem dar uma achega de bom vizinho. Assim, na última vez que visitou a Luísa disse que nunca tinha sentido necessidade de ter uma aldeia. Confesso que me deixou intrigada. Por outro lado, eu descobri que para além duma aldeia também tenho uma terra. E se pensar bem ainda encontro outros lugarejos a que poderei chamar zonas de boa convivência e também lugares onde me sinto em casa. Quando o Mike se interroga se somos mais felizes ou talvez não, voltou a intrigar-me. A resposta foi dada pelo próprio que já voltou a desconversar. A aldeia dá-lhe tédio, é passado, é saudosismo e o Mike não gosta de fado. Como homem e bom rapaz o meu amigo não tem tempo a perder com o que já foi. É o presente e o futuro, diz ele! Mas eu não acredito, que um homem não necessite do seu passado. O passado é referência e a aldeia até pode estar dentro do álbum de fotografias e não suscitar recordações, mas tem o significado de ter um dia existido. Pelo sim pelo não eu vou escolher uma aldeia para o Mike. Ela fica em parte incerta, pode ser visitada de carro, comboio, barco ou avião e dá pelo nome de Mar.

O dia seguinte

Não sei se é mais difícil o dia da morte se o funeral do dia seguinte, se os outros que se seguem com tudo o que há para tratar, se ainda o primeiro Natal depois daquele dia, se o nosso primeiro aniversário sem mimos, se as vezes em que pegamos no telefone para partilhar risos, confidências, histórias e anedotas da vida com dias menos bons. Não sei se é mais difícil ter de esvaziar guarda-fatos e roupeiros, se o cheiro das flores que não nos sai da cabeça durante meses ou anos, se as coisas que não tivemos tempo de dizer e que gostaríamos, se as coisas que dissemos e não as pensámos, se o rosto de alegria patética de quem já não sabe o que está a fazer, se o desatino de ter de dar a notícia, se a raiva que não passa, se as lágrimas que naquelas horas não correm, se o estado de adormecimento que é lançado em grito quando estamos sozinhas. Não sei se a força é pior ou menor quando repetimos a dose, não sei se um dia recuperamos do choque, não sei quantos anos são necessários, não sei se temos de chegar ao nosso dia para que outros sintam a dor que carregamos. Não sei quantos são precisos, mas sei que 15 anos não é o suficiente para esquecer o dia em que te vi partir e em que tu, meu Pai querido me abandonaste.

18/06/09

Coisas boas com chapéus

Os chapéus andam muito mal vistos e há coisas muito boas com chapéus. Uma delas é o Museu da Chapelaria em S. João da Madeira.

Vira o disco e toca o mesmo!

Se há coisa que eu detesto é o discurso do coitadinho e do aleijadinho. E se o discurso vem dos que têm poder e neste caso do actual primeiro ministro, aspirante a vencedor nas próximas eleições, ainda mais. Já há dias me perguntava o que podia fazer um homem derrotado pelas eleições a não ser trabalhar melhor e continuar. Os pedidos para que Sócrates se amargurasse perante as câmaras pedindo desculpa, deixando a arrogância e fazendo-se de humilde têm-me dado que pensar. Porque razão haveria um pessoa que é arrogante passar a humilde duma hora para a outra e nós acreditarmos que tínhamos, agora, à nossa frente um novo homem? O homem novo ? Será que os portugueses querem o mesmo mascarado de outro? É isso que ganha eleições e governa um país? Foi isso que os portugueses manifestaram nas eleições recentes? Não me parece!
Claro que se o tempo de campanha fosse de um ano talvez o homem tivesse tempo de mudar e de nos convencer, mas isto aqui não é a América em que os candidatos pedem desculpa, procuram ajuda na psicanálise ou na igreja ou no pastor e todos ficam contentes que fizeram o melhor e encontraram o seu líder renascido e purificado.
Nós aqui é mais moscas e chapéus. E essas desaparecem nestes meses de Verão para voltar no Outono e os chapéus surgem agora com o calor e ele há muitos e de todas as cores.
Ou nós gostamos de novelas ou temos andado a confundir os actores com o realizador ou já estamos de tal modo habituados ao vira o disco e toca o mesmo que nem damos pela diferença!

15/06/09

Acho IV

Seth Godin

Acho que o Seth "made my day" e que bom seria ter comigo este sentimento todos os dias.

You matter!
"When you love the work you do and the people you do it with, you matter.
When you are so gracious and generous and aware that you think of other people before yourself, you matter.
When you leave the world a better place than you found it, you matter.
When you continue to raise the bar on what you do and how you do it, you matter.
When you teach and forgive and teach more before you rush to judge and demean, you matter.
When you touch the people in your life through your actions (and your words), you matter. When kids grow up wanting to be you, you matter.
When you see the world as it is, but insist on making it more like it could be, you matter.
When you inspire a Nobel prize winner or a slum dweller, you matter.
When the room brightens when you walk in, you matter.
And when the legacy you leave behind lasts for hours, days or a lifetime, you matter."

Good Madness à segunda - feira!


Aretha Franklin Sammy Davis Jr. 1968 Respect Think

13/06/09

Museu do Caramulo

Alcachofras e dias Santos

Houve uma época em que os dias santos e os feriados me divertiam. Hoje sinto que são uma perda de tempo. É porventura uma patetice, mas o ritmo dos dias passa de tal forma a correr que a ideia dos feriados não ajuda a recuperar o que deixamos para ontem. E é pena porque me parece que antigamente o meu olhar tinha mais carinho ou se calhar era apenas menos crítico. Não sei se os santos eram mais santos e o António de Alfama, da Costa do Castelo, da Mouraria ou da Madragoa era mais simples e prazenteiro, comia sardinhas e dançava nas vielas, fazia altares e pedia tostões ou seria eu que tinha mais jeito e destreza para saltar a fogueira, escolher o manjerico com a melhor quadra popular, queimar as alcachofras e colocar à janela para ao amanhecer me revelar o amor jurado na noite anterior?
Uma coisa eu sei, as marchas passaram a desfile de passerelle e as sardinhas já não se comem em cima do pão. As noivas de Sto António entram pela primeira vez na Igreja e os vestidos são patrocinados por estilistas e as viagens por agências que vendem sonhos. A tradição deixou de ser o que era, eu fiquei resingona e o que me vale é a alcachofra!

12/06/09

O detalhe da vírgula

Voltamos à questão da vírgula. Perante os produtos de retorno absoluto do BPP a questão vai centrar-se como sempre no pequeno problema, no detalhe. Nós somos bons em pequenos detalhes. No detalhe é que está o ganho! Se o legislador considerar que os produtos do BPP são ou eram tóxicos e que o banco tinha um risco sistémico, os clientes ainda vão ter possibilidade de recorrer aos tribunais e tentar ver algum do seu. Se por outro lado, os produtos tiverem classificação distinta, o problema não é de ninguém, quando muito dos pacóvios que escolherem o banco errado. A classificação é determinante tal como a vírgula o era e foi há uns anos atrás num diploma ou lei Constitucional. É tudo uma questão de vírgulas e zeros à esquerda. O BPP tem uma carteira que ronda os 2800 clientes, destes 2200 são de contas de retorno absoluto. Azar, dos que acham que são ou eram depósitos a prazo.
Já agora, uma pergunta lateral. Será que o livrinho do banqueiro continua a vender?

11/06/09

O discurso

O 10 de Junho, dia de Camões, dia das Comunidades, dia de Portugal e António Barreto no discurso.

08/06/09

Good Madness à segunda - feira!


Isaac Hayes Live at Montreux

07/06/09

Only time will tell


PSD vence as eleições europeias

"O que é que acha que faz um eurodeputado?", pergunta o jornalista da TVI
Responde a eleitora, portuguesa. "Não fazem nada!"
Paulo Rangel tem dito o contrário, oxalá para todos nós.

Cenas Parlamentares

Para ajudar a passar o tempo umas "Cenas Parlamentares" com "Humor, agitação e ataques na Constituinte" contado por Victor Silva Lopes em 1976 numa edição da Editus.
Capa de Acácio Santos e colaboração fotográfica dos jornalistas Armando rebelo, João Ribeiro, Rui Ôchoa.

06/06/09

Obama pelos caminhos da Europa

Como o legislador não deve querer que meditemos sobre Kant, como diz VPV na sua crónica, então falemos sobre Obama e a sua visita pela Europa. O que ganha e o que perde, o que os europeus ganham e perdem, que europeus, quais europeus, nós europeus. Parece que Obama tem andado pelo mundo escolhido a dedo desde que tomou posse. Aliás ele já tinha andado em tempo de eleição e estas têm sido apenas as segundas visitas, o retorno, o regresso, o cumprimento de uma promessa e a meta traçada desde a campanha dum vencedor. Não parece haver dúvida que ele é americano e ficará na história do mundo. Nós europeus dá ideia que vamos perdendo a história de ficarmos com o melhor pedaço do bolo. Entre a frieza dos alemães, o desespero dos franceses, o esquecimento dos ingleses e o fraco empenhamento da velho continente, será o novo continente que parece ter atingido maturidade a sair vencedor. E o melhor papel vai caber a Obama, sendo a sua melhor contribuição a luta pela paz no mundo. As conversações entre a Palestina e Israel, a sua ligação entre o mundo árabe e o mundo ocidental, mais do que pelo esforço de recuperação económica. Se as coisas lhe correrem bem um dia ele fará parte da lista de nomeações ao Prémio Nobel da Paz. E será na Europa que receberá o prémio. Nessa altura todos o aplaudirão independentemente daquilo que na Europa a começar pela Alemanha e pela França, se tenha dito ou feito no passado. E aí, todos irão relembrar o velho Continente Europeu a ser ajudado mais uma vez pelo novo Continente Americano.

Agendas

Todos nós temos uma agenda. O valor do recheio depende da pessoa e dos seus conhecimentos. Uma boa agenda pode valer ouro, conforme o sector de negócio. Se for uma agenda de gente banal ela tem apenas valor estimativo pelo cheiro da tinta e do papel, mas mesmo assim pode ter um valor estratégico se nos indicar um bom restaurante, um bom fornecedor de bolos, um facilitador de azares domésticos em dias feriados. Diz-se que Vale e Azevedo tem uma onde constam mais de 3000 nomes que o desenrascaram ao longo da vida. E a menos que uma pessoa esteja envolvida num caso sob investigação, haverá algum interesse em dizer que o Senhor Fulano que ocupa ou ocupou um cargo tal foi apresentado pelo Senhor Sicrano ou que a mulher do primeiro tem uma empresa de camisas e uma loja de crepes? É por estas e por outras que somos um país de figuras e as reportagens que vamos lendo nos jornais em vez de informar são um grupo de figurantes a fazer figuraça!

04/06/09

A vida pode ser bela

Reinventar caminhos

Inovar não é para todos e em Portugal é apenas exercício de alguns. Não se coloca sequer a questão de sabermos se somos bons no que fazemos, porque quem é sabe-o. De nada serve, porém, se o seu trabalho não é reconhecido ou se cada um não tem capacidade para procurar outros arejos que o avaliem de forma a que a pessoa se sinta preenchida. Em inglês a palavra é muito mais gratificante porque o accomplishment traduz esforço, objectivo, compensação e reconhecimento. Em Portugal significa esforço, tapar buracos e sair cansado. Muito cansado! O ciclo recomeça se os compromissos pessoais o ditarem, o esforço esmorece se a idade tiver passado o meio século. Seja o que for que façamos o importante não é o que fazemos mas porque o fazemos. Se a partir de determinada momento já não interessa então não há nem ventos nem moinhos, nem marés que nos façam continuar. O melhor mesmo, é não chegar a este ponto de paragem porque a saída é mesmo muito difícil. E é aqui que me interrogo porque ficam uns em estado de letargia, outros se suicidam e outros conseguem reinventar caminhos.

01/06/09

Um mundo de crianças

A esperança do menino pobre feito príncipe
(Madonna adopta criança)
Um pequeno feliz e com acesso a um mundo de oportunidades
(Barack Obama)
Crianças resignadas à espera de uma colher de sopa
(Mundo Haiti)

Good Madness à segunda - feira!