"O que é mais importante para a maioria das pessoas que conhece?"
Das 937 pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 65 anos que responderam ao inquérito resultaram os seguintes dados:
Do total de inquiridos 39,1% considera que "ser rico" é a coisa mais importante, 31,3% "ter boa posição social", 30,6% "ser honrado", 27,5% "ter influência/ poder", 26,9% "amar e ser amado", 24,1% "ser famoso/ter prestígio", 22,5% "ser profissional competente", 22,3% "ajudar os outros" e 13,2% "ter fé".
Assim a olhómetro o que me saltou à vista, foi que ser rico, ter boa posição social e ter influência/poder não ter nada a ver com querer ser um profissional competente. Mas, ser honrado parece que ainda é coisa com valor. Perder tempo e feitio com a fé só 13,2% e ajudar os outros....já tivemos melhores dias.
Estamos mais individualistas e também mais tolerantes e temos menos preconceitos. Mas o que gostamos mesmo é de paz (66,6%), liberdade (58%) e justiça (45,8%). Harmonia social? Uns 11,8% e já vamos com sorte.
Tudo valores que a sociedade portuguesa, pelos vistos preza e que os políticos pouco têm privilegiado. Talvez não fosse pior olhar para alguns inquéritos antes de saírem as primeiras sondagens de intenção de voto para as legislativas. Pode ser impressão minha, mas a Justiça anda mal, a Liberdade depende do conceito e não percebo como pode haver tanto empenho na Paz e tão pouco na Harmonia Social, para já não falar nos ideais que, enfim, já eram! Pela família, 87,4% está disposto a morrer, pela pátria? 28,2%. Por causa política 3,2% e curiosamente 12,8% diz que morria pela sua religião e que representa basicamente os mesmos que consideraram que a fé valia 13,2%.
Este último dado ou não faz sentido ou é preocupante. Por outro lado, significa que os inquéritos e os métodos de amostragem estatística valem o que valem.
O que nos interessa é a qualidade do povo. Um povo que não sabe não pode responder direito, o seu voto não deveria ter o mesmo valor e é por isso que muitos se abstêm de votar, porque não sabem em quem. Como felizmente vivemos em democracia, haverá formas de ensinar quem vota a saber escolher com conhecimento e convicção e com poder e razão. E a quem se entrega esta função de ensinar? Aos políticos sem qualquer dúvida, através do exemplo e da seriedade, à sociedade civil através de intervenção cívica, social ou religiosa. Não quero concluir que temos o país que merecemos, mas quando aceitamos sem um piscar de olhos barbaridades, aldrabices, desonestidades, vigarices e outras situações que nos deveriam incomodar, a única palavra que me vem à mente é cidadania falhada e não derrota da democracia como muitos querem fazer crer.
Nesse sentido, o inquérito "Dez anos de valores em Portugal" que é hoje apresentado no seminário "A urgência de educar para os valores" deve merecer atenção e leitura sem preconceitos, mesmo se a principal questão de fundo tenha por base valores morais e/ou religiosos.