
31/03/08
Alzira

Já agora...

Ver para Crer

Foi preciso ver o caso do telemóvel para crer que estamos a precisar de reinventar a escola e de reinventar novos pais. Não sei se existe o Observatório da Reinvenção, mas que ele vai aparecer, vai!
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Daniel Sampaio,
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28/03/08
O Filho da Costureira

O filho da costureira era o Tó, também havia o rapaz que fazia as entregas da mercearia - o Zé Manel e o rapaz que no Natal trazia os perus para vender e no Verão os morangos de Sintra. Mas este era só o rapaz dos perus e dos morangos. Ás vezes o Tó via a rapariga que morava na cave. No dia em que percebeu que era a filha da porteira apresentou-se. O Tó pediu à mãe para fazer um vestido à sua amiga da cave do prédio das entregas.
A filha da porteira passou a ter vestidos cobiçados pelas meninas do andar de cima. O Tó e o Zé Manel são hoje engenheiros. Do rapaz dos perus ninguém sabe, talvez venda lápis e borracha às netas da porteira.
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coisas e loisas
27/03/08
Formação Intrablogue

Este mundo homem- mulher do qual as "gato sapato" não se libertam tem tudo a ver com as inteligentes, artistas de polichinelo com aspirações a estrelas de cinema. Como aspirantes, estas mulheres encarnam personagens que são o gosto do seu dia a dia. Personagens vitimas de extremos bipolares, elas roubam o intelecto de passagem e levam de passagem o animal escondido nas malhas da vestimenta - são as mulheres intrablogue. Elas saem e entram de blogue em blogue, fazem graça aqui, piada acolá, sempre iludidas pela sua sábia superioridade. Neste intrablogue elas são toureadas e terminam como as chocas a sair lentamente, pacificamente atrás do touro do momento.
E se o touro morre cansado da faena, as chocas continuam à espera do próximo touro, do vedetismo final e da obrigação de saírem à praça e serem as jóias da tourada seguinte. Sem elas, os touros não poderiam mostrar a sua superioridade e sem eles também elas, não podiam imaginar-se superiores às sua colegas de turma.
A filha da porteira

A filha da porteira tinha um pátio para brincar, todas as noites subia as escadas de serviço do prédio e ajudava a recolher o lixo dos meninos e das meninas dos andares de cima. A filha da porteira não tinha nome era, no entanto, aos olhos dos outros a mais feliz.
Para além do pátio, ela vestia roupas ousadas, para além da recolha do lixo ela podia sair à noite e ela tinha namorados.
Um dia ela deixou o pátio, a recolha do lixo e passou a ter um nome. Foi no dia em que se sentou na Faculdade ao lado dos meninos João e António e das meninas Maria Luísa e Maria Inês. A filha da porteira deixou de ter graça e de ser cobiçada naquele preciso momento! Agora a filha da porteira comenta os escritos dos meninos do andar de cima, e como eles não sabem quem ela é, apreciam o seu estilo e pela primeira vez elogiam o seu carácter, a sua tenacidade, a sua destreza intelectual. A filha da porteira continua, sem eles saberem, a ser a mais cobiçada.
A filha da porteira que toda a vida ouviu as histórias contadas pelas criadas dos meninos e das meninas dos andares de cima, apenas utiliza o que sempre soube, mas sob a capa de figura de estilo, porque de outra forma faria figura de porteira. E isso, a filha da porteira nunca vai permitir que eles saibam. A filha da porteira, apesar de elogiada por todos, apenas é identificada pelo filho da costureira.
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25/03/08
Marketing das Ideias no Público

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Ainda o mesmo tema

Por outro lado, não fico surpreendida com aqueles que comentando esta história têm apresentado diferentes exemplos pessoais. Não admira que aqueles que dizem ter aprendido na escola da rua, lutando em bandos de garotos outrora inofensivos, tenham sido os que mais tarde na faculdade lutaram com polícias e bombeiros na brincadeira do agarra -foge. São igualmente estes, hoje professores de muitas escolas e universidades, intelectuais assumidos, que utilizam verborreia de homem da estiva ou camionista de pesados para debater ideias com as quais discordam. São também estes que servem de exemplo a outros adultos, igualmente a necessitar de melhor exemplos.
Num país assim, em que o exemplo do palavrão serve de desculpa para discordar de ideias e de graçola para quem os lê, não admira que estejam escolas, organismos e instituições num autêntico estado de sítio. Talvez, não fosse pior que o exemplo começasse exactamente aqui na blogosfera, sitio privilegiado para o marketing das ideias.
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22/03/08
A praga da violência

A sociedade portuguesa está a atravessar um dos processos negativos da globalização. Os jovens portugueses tornam-se iguais aos jovens britânicos ou americanos. Os pais portugueses regem-se por princípios igualmente idênticos e por modelos de educação baseados em excessos não de liberdade, mas de tolerância. Os pais têm medo dos filhos e os filhos não têm medo de quem deviam ter. Temos de aceitar que medo e respeito sempre andaram lado a lado e o importante é termos a capacidade para atribuir o devido peso a cada uma dessas variáveis.
Hoje é uma aluna que confronta uma professora fazendo-se passar por interprete do poder perante os colegas. Colegas que assistem, aplaudem e ficam à espera do final do espectáculo. A seguir é a mãe da aluna que tenta agredir os elementos do conselho directivo da escola a quem confiou a educação da filha. Mais adiante são rivais que invadem escolas alheias para reivindicarem poder. Logo à noite são outros que lutam nas esquinas das ruas e se batem à porta das discotecas e bares das cidades, com álcool e inconsciência pelo caminho.
A solução não é proibir os telemóveis aos alunos nas escolas. Qualquer dia estaremos a proibir os computadores, os televisores, os MP3, e sei lá que mais. Quando uma doença se instala num subgrupo, a solução não é matar essa população mas sim, fazer o diagnóstico e medicar controlando uns, curando e tratando outros. Este caso não é diferente de outros, apenas nos choca mais por termos medo de nos revermos ou de reconhecermos comportamentos de filhos que poderiam ser os nossos.
19/03/08
Recordando um pai num guião de entrevista

1972, em Lisboa , um "part-time" na área de Importação e Exportação de uma empresa industrial.
No que consistiu?
Foram os primeiros passos no mundo do trabalho, podendo dar resposta a uma área em desenvolvimento numa empresa multinacional em Portugal. Tive a oportunidade de pôr em prática os conhecimentos aprendidos no curso Comercial e no Instituto Comercial de Lisboa.
Como é que o primeiro emprego influenciou a sua vida?
Deu possibilidade de poupar para férias e viagens e aprender a reconhecer o valor do dinheiro.
O primeiro emprego foi importante na sua evolução profissional? Como e porquê?
Pela inserção e aprendizagem do mundo dos negócios, na flexibilidade de funções e no rigor de uma empresa multinacional acabada de instalar em Portugal. Permitiu aprender a lidar com Comissões Reguladoras de Importação e Exportação, contactos com Alfandegários e Alfândegas, contactos com a banca e documentos burocráticos necessários. Possibilitou por em prática idiomas como o inglês e o francês.Todos os documentos tinham de ser enviados e dactilografados sem erros, em triplicado. Permitiu sujar as mãos com a tinta do papel químico, permitiu não ter peneiras em utilizar as camionetas de distribuição da empresa para entregar documentos até às 17 horas, sob pena de a mercadoria não ser despachada ou desalfandegada no dia seguinte. O primeiro emprego permitiu aprender a trabalhar em grupo, aprender a tirar fotocópias, atender telefones e fazer um café. Permitiu ultrapassar o impacto de ter de conviver com colegas operários, engenheiros, empresários e outros aspirantes a doutores. Permitiu fazer de mim uma profissional que não esquece a oportunidade de ter pertencido a uma empresa chefiada por um homem a quem os colaboradores chamavam JT, bem à americana. Este homem dava pelo nome de João e era meu pai.
Como economista e empresária, quer sugerir dez conselhos aos jovens principiantes no mercado de trabalho?
Entrar todos os dias como se fosse o primeiro.
Ouvir os conselhos e sugestões das chefias.
Estar atento aos colegas e superiores, avaliando as forças e fraquezas da envolvente.
Identificar os lideres dentro da organização.
Avaliar as forças e fraquezas do desempenho pessoal.
Aprender a sugerir projectos e áreas de interesse.
Apresentar soluções e desenvolver trabalho individual.
Desenvolver capacidades de integração em projectos novos.
Disponibilidade e envolvimento no trabalho de equipa.
Identificar e segmentar o posicionamento individual de progressão na carreira.
Fonte: Jornal de Empresa
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Um pai e uma filha
Coisas "muito chatas"...

Uma tia minha costumava dizer em momentos mais difíceis ou quando a conversa entrava por caminhos duvidosos " Eu depois conto-lhe". Morreu e pelo número de vezes que utilizou a expressão, deve ter deixado o equivalente a uma enciclopédia para contar pelo menos aos sobrinhos.
Vem isto, a propósito de também Daniel Bessa andar há anos para contar a educação no meu país. Através da sua habitual coluna no Expresso fiquei a saber que apesar de "não ter ido à manifestação e de ter 47 anos de actividade de ensino, e de achar que o sistema português necessita de uma ordem nova" vem perguntar o que devemos dizer aos alunos.
Essa é boa! Então, não devia ser exactamente ele que foi dirigente de associações, empresas e universidades, a dar a sua opinião sobre o ensino? Será que, precisamente ele, ainda não teve tempo em quase 50 anos de formar, não opinião mas avaliação para os professores? Ou será, porque o assunto é justamente o resultado de uma nova ordem da qual também ele fez parte?
Se eu fosse a minha tia era agora o momento de dizer: "Eu depois conto-lhe...".
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17/03/08
Portugal à beira de um ataque de nervos

Como já por aqui disse há umas semanas, este é o ponto principal. Antes dos professores, os pais necessitam de ser avaliados. Também, José Madureira Pinto, mencionava há dias num jornal diário, que era necessário analisar a envolvente sociológica, com realidades muito distintas do passado. Crianças que chegam à escola, sabe-se lá como. Crianças e jovens cujos pais não têm capacidade para acompanhar o desenvolvimento escolar dos filhos, por falta de tempo, por falta de conhecimentos, por falta de condições socioeconomicas. Pais, que muitas vezes são eles próprios crianças. Pais desagregados, famílias separadas, jovens com realidades conhecidas dos professores, mas que tem feito jeito fazermos um olhar míope.
Este não é um assunto de professores e avaliações, este é um assunto de um país à beira de um ataque de nervos. No meio de tanta confusão ou olhamos para o essencial ou estamos perdidos. Só espero que em prole do bem comum não venha por aí outro "Observatório" da educação.
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11/03/08
Observatórios em grande forma

Ontem, dia 10 de Março ao ler as notícias diárias no mesmo jornal, tomei conhecimento, agora já em tamanho maior porque o tema exige, da seguinte notícia::"Governo cria Observatório para a Emigração em Abril". Fiquei a saber que a partir de Abril e em parceria com o Instituo de Ciências Sociais vamos observar "a realidade da emigração portuguesa". Fiquei também a saber, que o Observatório vai "obter informação sobre a quantificação dos portugueses em cada país, mas também as motivações que os levaram um dia a sair ou a forma como se encontram ligados a Portugal".
Estou mais descansada, agora é que finalmente vamos saber por que é que os portugueses emigram. Curiosa, vou seguir atentamente os resultados dos dois grupos observadores. Ah, não percebi quanto tempo vão ter os Observatórios para observar, mas se for como a minha jóia anterior do desemprego, vamos ter muito tempo. Vai ser uma observação e pêras!
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Jóias à portuguesa
Menopausa à Portuguesa

Esta nostalgia da comparação não traz nada de bom. O antes do 25 de Abril representou para quem o viveu momentos importantes de crescimento, de conhecimento e acima de tudo de intervenção. Para os muito jovens que estavam cheios de energia, folêgo no peito e cabeça fervilhando ideias, foram tempos de aprendizagem. No entanto, quem viveu os anos 70 não deixava de ser ingénuo e muitas vezes míope.
Por muito que nos choque, não são os jovens de hoje que precisam de abrir os olhos, mas sim os de 50 anos. É que estes, continuam míopes, pacóvios e alcoviteiros como antigamente. Resta, portanto, a classe intelectual que antes, durante e depois de 74 já eram "os esclarecidos". A triste conclusão é que apenas os menopausicos e os andropausicos falam uns com os outros, em debates e programas de "esclarecidos para esclarecidos", brincando à cabra cega num fazer de conta que estamos todos a reflectir sobre o futuro do país a bem dos mais novos. Só que esta paisagem precisa de muita compensação hormonal para fazer efeito e dar resultado.
10/03/08
Jóias de Verónica Leonor para ver e usar
Em exposição na Cooperativa Árvore no Porto
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Jóias em exposição
08/03/08
O Dia das Mulheres

No entanto, elas continuam a ter aquele estatuto que os homens grandiosamente apelidam de Mulher, Mãe e Amante. Oficialmente a Mulher é elogiada por todos e por nenhuns, raramente pelo marido. A Mãe é enaltecida pelas suas capacidades de abnegação, dedicação e sacrifício, pela dádiva, pontualmente, pelos filhos. A Amante é apreciada mas escondida.
Conforme a ocasião os homens tinham as filhas verdadeiras, as mulheres - filhas, as filhas mulheres e as filhas dos outros. Hoje, os homens têm mulheres. Também, todos os homens eram de alguém, hoje as mulheres chamam-lhe "um figo". Eles são de todas e a mulher moderna não tem "o seu homem".
Para uma mulher ter o seu homem pertence ao passado, excepção feita à mulher do outro. Entre "o moço e o "homem" e a "mulher, menina e moça" muita água passou. A correr e a saltar as mulheres que eu conheço estão no tempo do meu país. Elas são independentes, elas são fortes, elas lutam por aquilo a que têm direito. E eu gosto delas assim. Parabéns, portanto, a todas as mulheres.
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04/03/08
Debatendo o debate

O debate da educação, da autoridade dos professores, das escolas e das universidades tem vindo a ser mais do que gritado, mas na verdade ninguém se entende. Se a escola fácil não prepara para a vida difícil como diz João Lobo Antunes, se não há receitas porque cada um vive as experiências de forma diferente como na doença, então também não será com a aventura da educação como diz António Câmara e com a aposta em formar exploradores nas universidades, que se deixam de formar empregados nas escolas portuguesas.
Pais e filhos na aventura da educação seria um dos temas mais apropriados para começar o debate. É que na verdade, a questão está nos valores passados de geração em geração, e nesse campo as jóias têm sido pequenas e o pechisbeque tem emergido às bateladas. Debater princípios e valores com quem não tem sido capaz de educar em casa, não é fácil mas é aí que se devem colocar as primeiras experiências. Experimentar antes de saber pode não ser uma boa ideia, mas ninguém consegue saber sem fazer. Agora, o que me parece é que temos passado o tempo a fazer de conta que sabemos, para acabarmos com frases filosofadas do "só sei que nada sei".
O que eu sei, é que não podemos gastar o nosso tempo, que é pouco, na tentativa de formar uma classe social culta e experiente que dê origem a processos de cidadania para a mesma pequena franja que sempre foi culta e experiente. O que eu sei, é que avaliar professores sem avaliar pais, dirigentes, políticos, empresas públicas e privadas, instituições em geral que formam uns, dão emprego a outros e constituem a sociedade, não nos deve levar a bom porto. Deve levar sim, ao que temos vindo a conhecer nos últimos anos, e essa realidade não é beleza nenhuma nem jóia de que me orgulhe particularmente.
Comunicadores da comunicação

Partindo do principio que a amostra se aceita com grau de confiança elevado e pequeno desvio-padrão, o sabichão transforma- se em sábio, o investigador num qualquer agente, o "lente" no "caixa de óculos", o verdadeiro no falso, o pobre de espírito no idiota e temos o verdadeiro comunicador da comunicação.
Resumindo, eu não percebi nada e você também não. Fica um conselho: para a próxima tenha juízo, desligue o televisor e vá dar "uma ganda bolta", que é como quem diz, vá à sua vidinha.
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03/03/08
...joaninha voa, voa...

E joaninha voou! Joaninha voou para onde estava o mundo. Joaninha foi à procura da movida madrilena e no meio da multidão, ela irá encontrar o seu mundo. Outrora patinho feio, hoje cisne branco como o cristal, corpo franzino e olhos brilhantes de excitação, joaninha voa pelas ruas da cidade. Com a mente sem névoas ela voa para o seu primeiro emprego, para a sua segunda casa. Tal como das outras vezes, o ninho ficou mais leve porque joaninha voou.
Pelas ruas de Madrid, ela voa sentindo a liberdade no rosto, olhando as montras com belos vestidos, sapatos e jóias que um dia serão dela, comprados por ela, com o dinheiro ganho por ela. Joaninha mulher, vivendo os primeiros minutos de liberdade e os últimos de menina. Daqui a umas horas será o primeiro dia, o lugar está lá à sua espera, dela apenas alguns saberão coisas miúdas, sem consequência.
Logo à noite quando joaninha regressar a casa, os pés doridos e o pescoço cansado, cairá na cama com o peito cheio de felicidade e a satisfação de que amanhã novo dia virá. Entre o cair na cama e o adormecer joaninha vai lembrar-se de levar uns sapatos com salto mais baixo, uma camisola menos decotada e as unhas impecavelmente pintadas de cor de carmim. E com os olhos semi cerrados joaninha ouve a voz do seu papá lá longe em Lisboa, e adormece com um sorriso nos lábios.
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